Comer bem na escola: horta ajuda a estimular alimentação mais saudável para crianças
“Quando a criança tem esse manejo da horta desde o plantio, o acompanhamento do crescimento e depois leva ao prato, a gente ressignifica o alimento e ganha do ultraprocessado.” A frase é do nutricionista Adolfo Mendonça, coordenador do Centro de Recuperação e Educação Nutricional (CREN) de São Paulo.
O espaço realiza o tratamento de crianças com desvios nutricionais, como baixa estatura, baixo peso e excesso de peso. A iniciativa da horta pedagógica do CREN é foco de um dos vídeos da campanha Comer Bem na Escola, que está no ar em todo o País com o intuito de destacar a importância do ambiente escolar como espaço para a formação de hábitos alimentares adequados e saudáveis.
Segundo Mendonça, a horta pedagógica é uma ferramenta não apenas para educação alimentar e nutricional, mas também de educação ambiental, e serve ainda para o abastecimento da alimentação escolar e da Feira da Gratidão, em que parte da produção é destinada à comunidade. O CREN conta com unidades na Vila Mariana e na Vila Jacuí, na capital paulista.
A campanha Comer Bem na Escola é promovida pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) em parceria com o Instituto Desiderata, a FIAN Brasil e a ACT Promoção da Saúde.
As peças e os vídeos abordam a importância do ambiente escolar como espaço para a formação de hábitos alimentares adequados e saudáveis, além de alertar para os danos à saúde causados pelo consumo de produtos alimentícios ultraprocessados por crianças e adolescentes, incluindo doenças crônicas não transmissíveis, como o colesterol alto, a pressão alta e o diabetes.
Além disso, a campanha pretende conscientizar a população sobre projetos de lei em tramitação para regular o comércio e a distribuição de produtos alimentícios em unidades de educação básica das redes pública e privada, e ainda incentivar o debate sobre as políticas públicas para a alimentação saudável no ambiente escolar.
Na última edição da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), realizada com quase 160 mil estudantes brasileiros de escolas públicas e privadas, 97,3% das crianças e adolescentes entrevistados haviam consumido, pelo menos, um alimento ultraprocessado no dia anterior.
Por outro lado, menos de 30% das crianças e adolescentes entrevistados haviam consumido frutas frescas, legumes e verduras em toda a semana anterior à pesquisa, realizada em 2021.
“São dados e cenários como esses que comprovam a urgência em adotarmos medidas para promover ambientes escolares mais saudáveis, tanto na rede pública como nas instituições privadas. Precisamos ampliar o debate sobre as políticas públicas para alimentação adequada e saudável no ambiente escolar e regular o que é oferecido e vendido às crianças e adolescentes nesses espaços”, afirma a nutricionista Giorgia Russo, do Idec.