Com presença de Margareth Menezes, os mestres de capoeira mais antigos do Brasil foram homenageados como “heróis populares”

Foto: Ricardo Prado

O 5º Rede Capoeira começou na quarta-feira (24) reunindo artistas, ativistas e autoridades para discutir o futuro da capoeira no Brasil e no mundo

Detentores dos saberes únicos e responsáveis pela propagação da capoeira como elemento da cultura afro-brasileira pelo mundo, 14 mestres octogenários brasileiros foram homenageados e reconhecidos como heróis populares, devido ao seus legados e serviços prestados à cultura. A solenidade aconteceu no primeiro dia do 5º Rede Capoeira, evento que teve início nesta quarta-feira (24), no Espaço Cultural da Barroquinha em Salvador, Bahia. 

Com a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes, e de artistas e ativistas, cada um dos mestres recebeu em mãos uma escultura do pássaro Sankofa como prêmio simbólico. Foram homenageados: o Mestre João Grande (91), Mestre Acordeon (80), Mestre Boca Rica (87), Mestre Brandão (94), Mestre Felipe de Santo Amaro (96), Mestre Olavo (81), Mestre Pelé da Bomba (89), Mestre Brasília (81), Mestre Virgílio (89), Mestre Cafuné (85), Mestre Carcará (81), Mestre Curió (84), o carioca Mestre Celso (84)  e Mestre Sombra (82).

Durante a cerimônia, os mestres de vozes marcantes compartilharam suas experiências singulares, envolvendo o público com cantorias, relatos pessoais de lutas e histórias de resistência. A ministra da Cultura destacou o papel dos mestres e da manifestação cultural como parte da identidade brasileira: 

“Os mestres não ensinam somente o ofício, ensinam o amor, o caráter, abrem os caminhos para todos. Essa homenagem é justa, a capoeira é´um legado do povo negro, que construiu o brasil. Vamos fortalecer a cultura popular, pois é nela que está a identidade da nossa nação e do povo, é a cultura que inspira todos nós”, disse Margareth. 

Mestre Sabiá, idealizador e coordenador do evento, ressaltou a importância dos dos mestres para a sociedade e a cultura: “É um momento simbólico para todos nós, esses mestres abriram os caminhos para a capoeira no Brasil e no mundo. Todos esses mestres aqui são heróis populares de uma cultura muitas vezes esquecida. Hoje, homenageamos em vida a contribuição de vocês como mestres e educadores. A capoeira é necessária para a sociedade e vocês são os guardiões dessa arte”. 

A educadora Emília Biancardi, folclorista e especialista em manifestações tradicionais da Bahia, recebeu a premiação em uma homenagem especial. “A professora é pioneira no processo de internacionalização da capoeira e uma grande referência para os capoeiristas e as capoeiristas em todo o mundo. Onde nós chegamos, Emília já estava lá primeiro. Ela é a mãe de nós todos”, relatou mestre Sabiá em um discurso emocionado. 

O evento é gratuito e tem realização do Projeto Mandinga, com patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O 5º Rede Capoeira vai até o dia 27 de janeiro e conta com fóruns, palestras, shows, rodas de capoeira, oficinas, além da realização da etapa final dos jogos internacionais de capoeira, o Estação Paranauê. O objetivo é fortalecer os saberes tradicionais, promover o direito à cultura e reconhecer os grandes mestres da capoeira. 


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