Com 35 mil pessoas, Bett Brasil 2023 bate recorde de público

Saúde mental de crianças e adolescentes, ChatGPT, Inteligência Artificial e ferramentas de aceleração de aprendizagem foram as grandes pautas do evento, que apresentou ainda diversas ideias e soluções para a educação

28ª edição Bett Brasil, maior encontro de Educação e Tecnologia da América Latina, recebeu um público recorde de 35 mil pessoas em quatro dias de evento. Quem visitou esta edição pôde se conectar às últimas novidades de inovações e soluções para o ensino, com destaque para os recursos de Inteligência Artificial e práticas para o cuidado da saúde mental de alunos e professores.

Segundo a diretora da Bett Brasil, Cláudia Valério, a edição 2023 do evento traduz o potencial do setor da educação e o seu contínuo crescimento. “Este ano, a Bett Brasil está maior em termos de metragem, mais rica e diversa na oferta de conteúdo e mais movimentada do que a última edição. Percebemos que o mercado educacional veio em peso, com soluções para as questões que estão sendo debatidas hoje em dia, como ChatGPT e Inteligência Artificial, e isto está refletido no evento, com inúmeras soluções propostas pelos expositores e nas novidades que eles estão trazendo para todo o ecossistema educacional”, afirmou Cláudia.

Ela antecipa que em 2024 o evento deve ser ainda maior em função desta demanda por soluções que vêm sendo apresentadas. “Para o próximo ano, temos uma novidade: o evento muda de casa, até porque chegamos à capacidade máxima do atual local, o que confirma o potencial do setor da educação. Em função disso, a Bett Brasil passará a ser realizada no Expo Center Norte, de 23 a 26 de abril de 2024”, revela a diretora do evento.

A feira de negócios da Bett Brasil contou com a participação de mais de 270 marcas expositoras, entre elas, 21 startups voltadas para a educação (EdTechs). Nos estandes aconteceram demonstrações ao vivo e diversas atividades imersivas para que o público pudesse conhecer as inovações em soluções, produtos e serviços para o setor.

No que diz respeito a capilaridade de visitantes, embora o público da Bett Brasil seja genuinamente brasileiro, o evento reuniu também visitantes de 21 países, como Argentina, Chile, Reino Unido, Alemanha, Holanda, Coreia do Sul, entre outros. 

“Participar da Bett Brasil é muito importante para nós, este é o maior evento de educação da América Latina, que mostra as principais tendências em gestão, tecnologia e técnicas de aprendizagem para o setor. Este ano, escolhemos a Bett para apresentar nossas principais soluções com inteligências artificiais para professores e gestores de educação, com recursos para apoiar novas formas de ensinar, aprender e administrar instituições educacionais em um mundo em constante transformação, como o Progresso de Leitura, o Coach de Pesquisa na Web e o Speaker Coach”, ressaltou a diretora de skilling e educação da Microsoft Brasil, Vera Cabral.

Programação promoveu diálogos e reflexões sobre o futuro da Educação

O evento promoveu o diálogo entre os diversos atores da Educação sobre os caminhos para o futuro do setor em relação à formação de docentes, o uso de tecnologias digitais, a diversidade e inclusão nas escolas, metodologias de ensino e avaliações, os cuidados com a saúde mental de crianças e adolescentes, entre outros assuntos. A agenda de conteúdo foi dividida em 9 auditórios com a realização do Congresso Bett Brasil, Fórum de Gestores, Workshops e o Ahead By Bett.

“Toda a curadoria de conteúdo foi pautada sobre o momento atual do pós-pandemia e do contexto das escolas e realidade educacional brasileira. Com isso, assuntos como diversidade, saúde mental, empregabilidade e tecnologias foram todos abordados nesta edição. Aliado a isso, uma das características mais importantes enfatizadas foi a possibilidade de interação, nas sessões com o Roda de Conversa, onde jornalistas moderaram os painéis, com a participação de especialistas para aprofundar os temas. Da mesma forma, o auditório Aquário, onde as cadeiras ficaram dispostas de forma circular para que o público participasse ativamente, inclusive com congressistas subindo ao palco para debater o tema específico proposto de cada sessão”, destacou a diretora de Conteúdo da Bett Brasil, Adriana Martinelli.

Adriana explicou ainda que a inovação dos conteúdos da Bett Brasil 2023 foi pautada no favorecimento de um diálogo aberto e democrático em torno dos temas mais relevantes do nosso contexto educacional. “Para 2024, vamos manter esses formatos de diálogo e auditórios para ampliar as possibilidades dos debates e de temas, sempre envolvendo as pautas da educação para todos, seja pública, privada, de todas as etapas de ensino, assim como profissional”, disse ela.

Educação midiática: o fim das fake news

Tema do painel da sexta-feira (12), a educação midiática desempenha um papel fundamental no combate às fake news na sociedade contemporânea. À medida que a disseminação de informações se torna mais fácil e rápida com o avanço da tecnologia, é crucial que os indivíduos sejam capacitados com habilidades e conhecimentos para discernir entre informações verdadeiras e falsas e isso deve começar na escola.

Com participação do diretor da ZeitGeist – Educação, Cultura e Mídias e Co-chairman da UNESCO MIL Alliance, Alexandre Le Voci Sayad, e da CEO do Educar para Ser Grande e docente na USCS (Universidade São Caetano do Sul), Sandhra Cabral, foram apontados no painel diversos fatores que podem contribuir para o combate à desinformação no ambiente escolar. Ler, ouvir, questionar, perguntar, e, sobretudo, duvidar são os pressupostos para uma pedagogia de multiletramento informacional, aponta Sandhra Cabral, que já utiliza as mídias digitais para ensinar seus alunos.

Já Alexandre Sayad destacou a crise democrática como condição determinante na crise global da desinformação. “É imprescindível que se componha uma rede contra a desinformação”, assinala. Foi também levantada a importância da valorização do jornalismo profissional e de qualidade e os ataques constantes à profissão. Por fim, assinalaram a urgência em gerar um pensamento crítico para a Inteligência Artificial.

Como desenvolver as competências socioemocionais por metodologias ativas

A crise de saúde mental – agravada pela pandemia – jogou mais luz na importância de desenvolver as competências socioemocionais nas escolas, pensando no bem-estar dos alunos e dos educadores. Nesta sexta-feira (12), a autora e professora do Instituto Singularidades, Carolina Costa Cavalcanti, e a diretora da Tríade Educacional, Lilian Bacich, participaram do Congresso Bett Brasil e abordaram a temática.

Carolina destacou que o suicídio entre cuidadores (educadores, profissionais da saúde e pais) são 40% maiores para homens e 130% para mulheres que o público geral, segundo um estudo da Universidade de Stanford (EUA). “Isso mostra que precisamos primeiro cuidar de quem cuida (educadores) porque ninguém pode dar o que não tem”, afirmou a professora.

Ela explicou que a aprendizagem socioemocional é uma ação preventiva dos problemas de saúde e que a organização Casel (the Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning) classifica em cinco pilares as habilidades que podemos aprender para atingir esse objetivo: autoconhecimento, consciência social, habilidades de relacionamento e tomada de decisões responsáveis.

Neste sentido, as metodologias ativas oferecem um meio de desenvolvimento socioemocional. “Não é possível ensinar a ser empático, por exemplo, lendo um livro. É preciso praticar a empatia”, pontuou Carolina. 

A diretora da Tríade Educacional apresentou um case de uma escola pública que mostrou na prática como a implementação de um projeto STEAM (acrônimo em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), que é uma metodologia ativa baseada na resolução de problemas por meio de projetos, foi utilizada para o promover as competências socioemocionais de alunos.

No projeto, os alunos de uma escola localizada em Piracicaba (SP) fizeram uma maquete com a criação de uma praça de área comum para a comunidade pensando na revitalização de um terreno abandonado situado ao lado da escola. Em depoimento da orientadora do projeto em vídeo, ela falou sobre como foi importante para os alunos a convivência com os moradores da região para levantar ideias e todo o trabalho em conjunto realizado entre eles. Segundo ela, o projeto foi realizado por uma turma de recuperação, que demandava um pouco mais de atenção devido ao déficit de aprendizagem causado pela pandemia e que eles puderam ver como são capazes. 

A construção da Educação Integral

A pandemia da Covid-19, infelizmente, aprofundou as desigualdades no Brasil, inclusive na escola. Além disso, o período nos mostrou o quão importante é o desenvolvimento integral dos alunos, trabalhando o processo educacional em vários aspectos dentro e fora da escola.

No último dia da Bett Brasil aconteceu um painel voltado exclusivamente para a educação integral, que, segundo os palestrantes, não se resume apenas ao ensino em tempo integral. “O desenvolvimento integral abrange os aspectos humanos, fortalece as interações com os ambientes sociais e culturais, além de ser construído de forma coletiva. É um trabalho maior”, explica a líder da agenda de desenvolvimento integral do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (LEPES/USP), Mayra Antonelli Ponti.

Na ocasião, o pesquisador do LEPES/USP, Luiz Guilherme Scorzafave, destacou alguns dados sociais que podem potencializar a ampliação do tempo de ensino integral nos próximos anos. “O Brasil está envelhecendo e, consequentemente, algumas cidades já registram índices muito menores de crianças nas escolas. Com isso, esses espaços podem ser facilmente ampliados, com propostas de ensino integral e desenvolvimento”.

De acordo com a entidade, o ensino de tempo integral apresenta impactos positivos no desempenho dos estudantes no país, porém, é necessário cuidado para não tornar o método excludente. “É preciso avaliar os indivíduos, a aplicação e se o método está funcionando naquele local, evitando ao máximo que o aluno pratique a evasão escolar por conta disso”, afirma Scorzafave.

Palestras inspiradoras

Uma das atrações finais do último dia do evento foi o ex-jogador de futebol Cafu, que palestrou sobre o papel da educação na construção do indivíduo e o poder da persistência. “Minha profissão me ensinou muito, mas o que eu aprendi com meus pais e em uma escola humilde, feita de lata no Jardim Irene, foi a base para a construção de quem sou hoje”, disse.

Marcos Evangelista de Morais, o Cafu, é um dos maiores nomes do futebol mundial. Como capitão da seleção brasileira, foi o responsável por levantar a taça do Penta, em 2002, quando o Brasil conquistou sua última Copa do Mundo. Antes do estrelato, o atleta foi recusado nove vezes até conseguir um contrato profissional. “Meu pai me ensinou que barreiras existem para serem superadas e eu sempre tive a convicção de que ninguém pode decidir por nós o que queremos ser”, afirmou o jogador.

A palestra foi moderada pela jornalista Mariah Morais, que reforçou a importância das escolas, sejam públicas ou privadas, na construção dos sonhos de cada um. “Muitas vezes achamos que quem vem da escola pública da periferia não tem direito de sonhar, mas temos sim. Eu e o Cafu podemos afirmar isso, somos filhos da escola pública”, finalizou ela. 

A jornalista está trabalhando na produção e lançamento de um livro sobre o craque e antecipou que o prefácio será feito a partir da redação vencedora de um concurso feito em escolas públicas. O livro deve ser lançado no ano que vem.

Estiveram presentes também Amanda Costa, fundadora do Instituto Perifa Sustentável, que falou sobre justiça climática, racismo ambiental e crise ecológica; Gil Giardelli, que abordou a inteligência artificial junto ao robô Pepper; Renato Casagrande, presidente do Instituto Casagrande, que trouxe as perspectivas para o futuro da educação; e Tiago Silva, que discorreu sobre o projeto “Mochileiro pela Educação”.

Sobre a Bett Brasil

A Bett Brasil é o maior evento de educação e tecnologia da América Latina. Parte da série global Bett Show da Hyve Group, uma das líderes mundiais na realização de eventos considerados referência de mercado. A Bett visa inspirar, discutir o futuro do segmento e o papel da tecnologia e da inovação na formação de educadores e alunos.

Sobre a Hyve Group

A Hyve Group foi criada em 1991 e hoje é uma das líderes mundiais na organização de exposições, conferências e eventos internacionais. A principal visão estratégica da Hyve Group é criar o portfólio mundial de eventos alicerçados em conteúdo de qualidade, proporcionando uma excelente experiência e ROI (retorno sobre o investimento) para seus clientes. A Hyve se esforça para realizar e oferecer os melhores serviços aos clientes em todo mundo, independentemente da localização. Colocando expositores e visitantes como principal foco, e impulsionando o crescimento sustentável de seus investidores. A Hyve Group é uma empresa pública, listada na Bolsa de Valores de Londres desde 1998.


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