CNI e Fiep lançam estudo inédito sobre gestão coordenada da tríplice fronteira de Foz do Iguaçu
Documento aponta desafios e soluções para a implementação eficiente na região que envolve Brasil, Argentina e Paraguai
Em um esforço para promover uma maior integração e eficiência na gestão da tríplice fronteira, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) divulgaram um estudo inédito sobre a gestão coordenada da região de Foz do Iguaçu (PR). O documento traz à tona os principais desafios enfrentados na área, composta por Brasil, Argentina e Paraguai, e sugere um conjunto de medidas práticas para a implementação de um modelo eficaz de gestão.
A tríplice fronteira, que já é conhecida por seu alto fluxo de mercadorias, turistas e imigrantes, enfrenta há anos uma série de problemas estruturais que afetam não apenas o comércio, mas também a segurança pública e o desenvolvimento regional. O estudo apontou que, embora a região tenha um grande potencial econômico devido à sua localização estratégica, ela sofre com a falta de uma coordenação eficiente entre os três países que compõem a área.
Entre os desafios destacados estão a disparidade nas políticas públicas, o risco de atividades ilícitas, como o contrabando e o tráfico de drogas, além da infraestrutura precária e da baixa integração entre as forças de segurança de Brasil, Argentina e Paraguai. A gestão de fronteira, segundo o estudo, tem sido fragmentada, dificultando ações conjuntas que visem ao fortalecimento econômico e à garantia de segurança na região.
Propostas para a gestão coordenada
O estudo sugere que a solução para esses problemas passa, essencialmente, pela criação de um modelo de gestão coordenada, onde os três países possam alinhar suas políticas públicas, compartilhar informações de maneira mais eficaz e cooperar de forma mais estreita na segurança e no combate ao crime transnacional. Para isso, a implementação de uma Autoridade Binacional ou Trinacional foi sugerida como uma alternativa para facilitar a troca de informações, além de permitir ações conjuntas de fiscalização e segurança.
Outro ponto central é a modernização da infraestrutura de transporte, especialmente nas pontes e acessos entre os três países. O estudo enfatiza que a integração física da região, com melhorias nas estradas e pontos de controle, poderia impulsionar o comércio e diminuir o tempo de espera nas aduanas. De acordo com a pesquisa, um sistema de gestão inteligente e coordenado contribuiria para reduzir custos logísticos, além de facilitar o comércio legal e estimular novos investimentos.
O estudo também destaca a necessidade de um maior investimento em tecnologia, com o uso de sistemas de monitoramento integrados e a criação de plataformas digitais para facilitar o comércio entre as três nações. Para isso, a colaboração entre governos, entidades privadas e organismos internacionais seria crucial para garantir uma abordagem coordenada e sustentável.
Expectativa de avanços concretos
Para a CNI e a Fiep, o relatório representa não apenas uma análise técnica, mas também um apelo à ação das autoridades federais, estaduais e municipais. A expectativa é que o estudo sirva como base para futuras negociações e políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável da região. A tríplice fronteira tem um enorme potencial para o Brasil, com a possibilidade de ampliar sua inserção econômica internacional, atraindo investimentos estrangeiros e estimulando a criação de empregos e riquezas.
O estudo foi bem recebido por lideranças locais, que veem na gestão coordenada uma oportunidade para enfrentar os desafios históricos da região e transformar a tríplice fronteira em um modelo de integração internacional. Contudo, especialistas alertam que, para que as propostas avancem, será necessário um esforço conjunto e a superação de barreiras políticas, principalmente em relação às questões de soberania e segurança.
Em um contexto regional marcado por complexas relações diplomáticas, a implantação de uma gestão coordenada exigirá não apenas vontade política, mas também a construção de uma confiança mútua entre os três países. A confiança será a chave para o sucesso de um projeto que visa não só otimizar as relações comerciais, mas também garantir que a segurança e a prosperidade da região sejam compartilhadas por todos.