18 de outubro de 2024

Cleide Silva: uma das reporteres pioneiras na cobertura da indústria automobilística

No Brasil, o campo do jornalismo sempre foi marcado por grandes nomes, muitos dos quais se destacaram em variados segmentos. Contudo, quando falamos da indústria automobilística, um nome se destaca com particular brilho: Cleide Silva. Reconhecida por sua competência, seriedade e presença inconfundível, Cleide não apenas abriu portas para mulheres no jornalismo automotivo, mas se tornou um referencial dentro deste ambiente predominantemente masculino. Sua jornada ao longo de 35 anos narra não apenas conquistas profissionais, mas também um legado de perseverança e inspiradora superação.

Em abril do ano passado, Cleide surpreendeu a todos ao estrear como apresentadora do seminário Megatendências 2024, promovido pela AutoData. Ao dividir a direção do evento com Marcio Stéfani, principal diretor da editora, ela demonstrou uma habilidade singular em articular e compartilhar conhecimento em um dos encontros mais relevantes do setor. A mudança de função, no entanto, não se deu por acaso. Cleide sempre esteve à frente de seu tempo, e essa nova etapa parece ter sido uma extensão natural de uma carreira repleta de desafios e inovações.

A trajetória de Cleide no jornalismo automobilístico começou de maneira inusitada. Seu primeiro emprego foi no jornal Diário do Grande ABC, em 1989, onde inicialmente se dedicou à cobertura de atividades sindicais. Porém, a crescente efervescência dos movimentos reivindicatórios a levaram a se especializar na cobertura da indústria automobilística. Assim, o que parecia ser um mero acaso tornou-se a semente de uma carreira consolidada e respeitada.

Após sua passagem pelo Diário do Grande ABC, Cleide assumiu a editoria de economia do Diário do Povo, em Campinas. Essa experiência ampliou sua bagagem profissional, preparando-a para um papel de destaque que, em 1997, a levou a se juntar à equipe de O Estado de S. Paulo, um dos jornais mais tradicionais do país. Foi neste estabelecimento que ela realmente solidificou seu seriedade como jornalista automobilística, tornando-se uma referência para colegas e fontes.

Um dos desafios enfrentados por Cleide foi o seu receio em eventos de lançamento de novos veículos, onde a prática do test-drive é muitas vezes uma exigência. Inicialmente, a falta da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) a fazia optar por desculpas. Essa vulnerabilidade, no entanto, ao invés de desviar seu caminho, a fortaleceu. Cleide não deixou que suas limitações pessoais a impedissem de brilhar em um setor que clamava por novas vozes e perspectivas, solidificando sua presença em eventos importantes do setor.

Importante ressaltar que Cleide não se isolou em sua jornada. Ela reconhece e divide o pioneirismo com outras profissionais destacadas, como Alzira Rodrigues, Marli Olmos e Helena Coelho, evidenciando a importância da colaboração e do reconhecimento entre colegas. Juntas, essas mulheres quebraram estigmas e preconceitos, contribuindo para a inclusão feminina no jornalismo automobilístico.

O reconhecimento ao talento de Cleide é inegável. Ela foi a jornalista do setor automobilístico mais premiada do Brasil, recebendo várias honrarias que a colocaram em destaque num cenário onde a competição é acirrada. Os prêmios Top 50 e Top 100 nas áreas de economia, negócios e finanças são apenas algumas das distinções que atestam sua trajetória. Mais do que prêmios, sua história é marcada por experiências, algumas das quais ficaram gravadas em sua memória: da emocionante cobertura da greve dos metalúrgicos da Ford, que culminou na readmissão de trabalhadores demitidos às vésperas do Natal, até a visita histórica de Lula à fábrica da Volkswagen.

As lembranças que Cleide guarda de sua carreira retratam não apenas os desafios enfrentados, mas também os momentos emblemáticos que definiram sua trajetória. Entre os relatos que emocionam, destaca-se a inesquecível visita à ilha de Afuá, no Pará, onde a população, em um ato de criatividade e resiliência, improvisou um “carro” unindo duas bicicletas, numa demonstração clara da paixão e da necessidade que a indústria automobilística desperta nas comunidades.

A presença constante de Cleide em eventos automobilísticos a consagrou entre os Top 50 – em 2014 – e os Top 100 – em 2015 – dos +Admirados Jornalistas Brasileiros, assim como entre os Top 10 da Imprensa Automotiva. Sua inclusão no seleto grupo dos +Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças em 2016 reflete a grandiosidade de seu trabalho e o respeito que conquistou entre colegas e leitores.

A história de Cleide Silva é uma narrativa de determinação, coragem e talento. Ela não é apenas uma pioneira na cobertura da indústria automobilística, mas um verdadeiro símbolo de resistência e inspiração para futuras gerações de jornalistas. Cleide demonstra que, independentemente dos desafios enfrentados, a paixão pelo que se faz e a dedicação à profissão podem abrir caminhos inesperados e gratificantes. Ao olharmos para sua carreira, podemos afirmar que Cleide não é apenas uma repórter; ela é uma referência inquestionável no jornalismo brasileiro. Ao continuarmos a trajetória da indústria automobilística e a evolução do jornalismo, sua influência e legado permanecerão indeléveis.

Optimized by Optimole