CFQ reforça importância da Química no controle de infecções hospitalares
Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares é celebrado em 15 de maio
O simples ato de lavar as mãos pode salvar vidas. Foi na pandemia de Covid-19 que muitas pessoas aprenderam sobre a eficácia do gesto para prevenir essa e outras doenças, mas a atitude é muito mais antiga do que se sabe. O médico obstetra húngaro Ignaz Semmelweis defendeu e incorporou, em 15 de maio de 1847, a prática de lavar as mãos com água e sabão como parte obrigatória para profissionais da área da saúde antes de entrarem nas enfermarias.
Segundo registros, após a iniciativa, foi observada uma considerável redução na taxa de mortalidade das pacientes. Por isso, para lembrar o gesto, 15 de maio foi incorporado ao Calendário da Saúde como Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares, instituído pela Lei nº. 11.723/2008. O objetivo é conscientizar não só profissionais e autoridades da saúde sobre a prevenção, mas também toda a população.
“A pandemia foi um marco para a saúde pública no Brasil. Observamos o rápido movimento de profissionais da saúde nesse sentido, e não foi diferente com os Profissionais da Química. A partir da experiência deles, tivemos certeza também da eficácia do álcool em gel, além da utilização de produtos que eliminam germes e bactérias em superfícies e objetos, como saneantes e sanitizantes”, afirma José de Ribamar de Oliveira Filho, presidente do Conselho Federal de Química (CFQ).
Infecções hospitalares são aquelas adquiridas após a admissão do paciente em uma unidade hospitalar e pode se manifestar durante a internação ou após a alta. De acordo com informações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a sepse, síndrome que surge como resposta do corpo a uma infecção, está entre as principais causadoras de morte dentro das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a sepse mata, em média, 11 milhões de pessoas por ano, entre elas crianças e idosos, e pode incapacitar outros milhões. Estima-se que, no Brasil, 240 mil pessoas são acometidas todos os anos por infecções em ambientes clínicos e hospitalares.
“Os produtos de limpeza, que são verificados e atestados por Profissionais da Química sérios e comprometidos, podem ser grandes aliados no controle de infecções nesses ambientes e para a saúde pública como um todo. Por isso, é tão importante adquirir produtos que tenham a chancela da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), pois são eles que vão ajudar na prevenção dessas ocorrências”, completa Oliveira Filho.
Ubiracir Lima, integrante da Câmara Técnica de Saneantes da ANVISA e doutor em Vigilância Sanitária, lembra algumas medidas que também podem ser adotadas dentro de clínicas e hospitais para evitar a contaminação de pacientes, como manter ambientes sempre limpos e higienizados com produtos adequados; uso correto do Equipamento de Proteção Individual (EPI) e de materiais descartáveis; esterilização e desinfecção de equipamentos, e higienização correta das mãos com água e sabão ou álcool em gel.
Ele destaca que “processos de infecção hospitalar são bem estudados e reconhecidos como um problema multifatorial e exigem uma série de ações que devem ser organizadas nos serviços de saúde”. Além disso, Ubiracir defende a participação de Profissionais da Química no combate a infecções em ambientes clínicos e hospitalares.
“Quando atuei pela primeira vez na ANVISA, há alguns anos, tive oportunidade de participar de treinamentos em hospitais e abordar aspectos químicos e sanitários que envolvem produtos saneantes e que, ao apresentar falhas durante manipulação ou aplicação, poderiam ser relacionados a infecções hospitalares. Também pudemos mostrar os cuidados na manipulação de produtos esterilizantes químicos, de desinfetantes e detergentes dentro de um hospital, de um ambiente de saúde. E com esse trabalho, com esse cuidado da Química nesses produtos, podemos auxiliar no combate às infecções hospitalares”, garante.
Lima, que também é conselheiro federal pelo CFQ, disse que o Sistema CFQ/CRQs, do qual fazem parte o Conselho Federal de Química e os 21 Conselhos Regionais, participa ativamente de diferentes campanhas educativas e preventivas, visando à promoção da saúde pública. Ele explica, ainda, o papel do profissional desse setor no combate a infecções em ambientes clínicos e hospitalares.
“O papel do químico neste processo é fundamental, pois o trabalho é para que o processo de desinfecção ou esterilização ocorra completamente, ou seja, que haja substância ativa em quantidade e/ou concentração suficiente para inativar todos os microrganismos presentes na superfície a qual se deseja desinfetar ou esterilizar. É um trabalho que pode salvar vidas”, conclui.
Prevenção
O Sistema CFQ/CRQs e a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (ABIPLA) promoveram, em 2022, uma ação conjunta de conscientização sobre o uso correto de saneantes e sanitizantes.
As entidades alertam para o risco de misturas caseiras de produtos de limpeza e para o manuseio correto desses itens. “É imprescindível que as recomendações de uso e manuseio do rótulo sejam sempre respeitadas. As pessoas não devem se deixar levar por receitas ditas milagrosas, cujas misturas não se conhece o real efeito potencial, em médio e longo prazos”, reforça Paulo Engler, diretor-executivo da ABIPLA.
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