23 de setembro de 2024

Cerca de 1.900 pessoas aguardam por um rim no Paraná

Paulo Jaworski

Transplante de rim é o segundo mais realizado no estado, mas tem a maior fila de espera, de acordo com o Sistema Estadual de Transplantes; entenda os motivos para a alta demanda

O mês de setembro é dedicado à conscientização sobre a doação e transplante de órgãos e, somente no Paraná aproximadamente 3.500 aguardam por um órgão. Segundo o relatório estatístico de julho do Sistema Estadual de Transplantes, a maior fila de espera no estado é por um rim, com 1.898 pacientes na lista. Por outro lado, o transplante de rim é o segundo mais realizado no estado, com 278 procedimentos em 2023 (atrás apenas do de córneas).

Essa disparidade entre o número de cirurgias e de pacientes é resultado de uma combinação de fatores, segundo o médico urologista Paulo Jaworski, membro da equipe de transplante renal do Hospital Evangélico Mackenzie e do Hospital do Rocio. “Entre as principais causas para a demanda elevada por um transplante de rim estão as grandes incidências de doenças crônicas, como o diabetes e a hipertensão, por exemplo, que são as principais causas de insuficiência renal, e o envelhecimento da população que eleva as taxas de comorbidades e doenças renais”, afirma.

A limitação de diálise também contribui para o aumento da fila por transplantes de rim, uma vez que o tratamento é oneroso e impacta diretamente a qualidade de vida do paciente, que precisa se submeter a sessões periodicamente. Por isso, em muitos casos o transplante de rim é a melhor opção de tratamento a longo prazo. “Com o avanço da medicina e das técnicas cirúrgicas e cuidados pós-operatórios, a taxa de sucesso dos transplantes estão maiores. Em comparação com a diálise, os pacientes que passam por este procedimento geralmente apresentam uma expectativa de vida maior e com mais qualidade de vida”, destaca Paulo Jaworski.

O transplante de rim é indicado para pacientes com insuficiência renal crônica e em casos em que os rins não desempenham mais as funções de forma adequada. Entre as doenças que podem levar à insuficiência renal além do diabetes e da hipertensão estão: doença renal policística, glomerulonefrite crônica, nefropatia por refluxo, nefrite lúpica, amiloidose renal, obstrução do trato urinário como pedras nos rins ou problemas na próstata, nefropatias medicamentosas, doenças congênitas e má formação dos rins.

“A doação de rim pode ser feita tanto por doadores falecidos quanto por doadores vivos e, neste caso, o procedimento só é possível porque o doador pode viver de forma saudável com apenas um dos rins. Esse tipo de doação, geralmente, acontece entre pacientes da mesma família e requer uma criteriosa avaliação médica, principalmente em relação à compatibilidade entre doador e receptor”, explica Paulo Jaworski. Entre os 278 transplantes de rins realizados no Paraná em 2023, somente 28 foram de doadores vivos, de acordo com informações do Sistema Estadual de Transplantes.

O Paraná é líder nacional na captação de órgãos, com 42,5 doadores por milhão de população (pmp), segundo relatório da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). A média nacional, no entanto, é de 19 pmp. “Isso demonstra a importância das campanhas de conscientização para elevarmos o volume de doações em todo o país. A doação de órgãos salva vidas e muitos pacientes aguardam há anos na fila de espera. Se uma pessoa tem a intenção de ser um doador deve comunicar aos seus familiares em vida”, destaca Paulo Jaworski.

Sobre Paulo Jaworski

Paulo Jaworski é formado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Mestre em Clínica Cirúrgica pela UFPR. Pesquisador em Urologia Minimamente Invasiva no Denver Health Medical Center, nos Estados Unidos, onde também se aperfeiçoou em Cirurgia Robótica no AdventHealth – Celebration. É professor titular da disciplina de urologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná, coordenador da residência médica em urologia do Hospital Evangélico Mackenzie, membro da equipe de transplante renal do Hospital Evangélico Mackenzie e Hospital do Rocio. Diretor científico do Uroville – Urologia Avançada e membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia, com atuação principalmente em Cirurgia Robótica e Laparoscópica, Câncer Urológico (Próstata, Rim, Bexiga, Testículo), Endourologia, Transplante Renal.

Optimized by Optimole