Brasil passa a China a um dia do final do Mundial de atletismo de Paris
País conquista duas pratas e quatro bronzes no dia e chega a 40 pódios no total, dois a mais do que os chineses; competição chega ao final nesta segunda-feira, 17, com 13 brasileiros em busca de medalhas
O Brasil ultrapassou a China em número de medalhas no Mundial de atletismo neste domingo, 16, ao conquistar seis pódios na competição que acontece em Paris, na França, e se encerra nesta segunda-feira, 17. Foram quatro bronzes e duas pratas em um dia em que o país também obteve seu sétimo pódio duplo.
Com essas conquistas, o Brasil chegou a 40 pódios, dois a mais do que os chineses. No entanto, os brasileiros continuam na vice-liderança do quadro geral de medalhas por uma diferença de dois ouros para os asiáticos – são 12 ante 14. O país soma também 11 pratas e 17 bronzes, enquanto os chineses têm 13 pratas e 11 bronzes.
De quebra, o Brasil está muito próximo de superar a sua melhor campanha na história da competição, registrado em Dubai 2019, quando os brasileiros fizeram a melhor campanha da história do país na competição, na segunda colocação do quadro geral, com 39 medalhas no total: 14 de ouro, nove de prata e 16 de bronze. O desempenho superou o resultado da edição de Lyon 2013, que até então era a melhor performance nacional, com 16 ouros, 10 pratas e 14 bronzes, na terceira posição geral.
O Brasil está representado por 54 atletas de 19 Estados e 11 atletas-guia na competição. O Mundial de atletismo de Paris é o primeiro da modalidade após os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 e acontece no Estádio Charlety. O local tem capacidade para 20 mil pessoas e pertence ao clube de futebol Paris FC, da segunda divisão francesa.
A dobradinha do Brasil no dia aconteceu no salto em distância da classe T20 (deficiência intelectual), com duas estreantes em Mundiais: a paulista Zileide Cassiano, que ganhou a prata, e a potiguar Jardênia Felix, que ficou com o bronze.
A atleta nascida em Ribeirão Preto chegou a liderar a competição quando saltou 5,97m na sua terceira tentativa. Com essa marca, igualou seu antigo recorde das Américas, registrado em março deste ano, no Circuito Loterias Caixa de atletismo, realizado no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. No entanto, a polonesa Karolina Kucharczyk assumiu o primeiro lugar quando atingiu 6,08m, indíce que lhe rendeu a medalha de ouro.
“Eu senti um pouco a prova. O meu técnico, Everaldo [Braz], até me deu uma bronca, disse para eu me soltar mais. É grandioso tudo isso, não esperava ganhar essa medalha”, afirmou Zileide.
Jardênia, por sua vez, começou queimando seus dois primeiros saltos, mas depois de recuperou e atingiu 5,49m na sua quinta tentativa. Assim, assegurou o bronze.
“Foi difícil, não estava conseguindo controlar a minha mente. Não queria desapontar as pessoas que estão ao meu lado. Falei com o Mateus Evangelista [atleta do Brasil no salto em distância] e ele me disse ‘Vai lá e pega essa medalha para mim’. Sem palavras”, completou a atleta, que, neste Mundial, já havia ficado em quinto lugar nos 400m.
A segunda prata do país foi conquistada no arremesso de peso da classe F57 (que competem sentados). O paulista Thiago Paulino fez 15,09m em um dos seus arremessos e garantiu o segundo lugar da prova. Foi a sua melhor marca na temporada.
Foi a quarta medalha de Thiago em Mundiais. Já havia sido ouro no arremesso de peso em Dubai 2019, ouro no arremesso peso e no lançamento de disco em Londres 2017. O brasileiro só foi superado pelo iraniano Yasin Khosravi, que anotou 16,01m, novo recorde mundial da disputa.
“Estou feliz. Desta vez, eu conquistei a prata, não perdi o ouro. Então, o sentimento é o melhor possível, fiz o meu melhor. O iraniano foi muito bem na prova. E eu não consegui chegar no meu 100% nesse Mundial, tive alguns problemas de lesão no ano passado. Mas no Parapan, já pretendemos mostrar mais evolução”, afirmou Thiago, referindo-se à medalha de ouro em Tóquio 2020 que foi protestada após a prova.
O fluminense Fábio Bordignon conquistou a sua segunda medalha de bronze no Mundial ao chegar em terceiro colocado na prova dos 100m da classe T35 (paralisados cerebrais). Antes, já havia subido ao pódio nos 200m.
Na final dos 100m, Fábio fez boa largada e se manteve entre os primeiros colocados por toda a prova. Esteve na disputa pelo segundo lugar até os últimos metros, quando cruzou a linha de chegada no terceiro lugar, com 12s59, apenas nove centésimos atrás do medalhista de prata, o ucraniano Ivan Tetiukhin. Ihor Tsvietov, também da Ucrânia, fez 11s78 e ficou com o ouro.
“Tudo na minha vida é com raça, suor, dedicação. E essa medalha reflete isso. Valorizo muito essa medalha. Em alguns momentos desacreditei de mim mesmo, mas conversei com o técnico Amaury [Verissímo) na ida até o hotel e ele me apontou alguns erros. Então, a medalha mostra que eu acertei agora. Duas medalhas nesse Mundial, o saldo é super positivo”, disse.
Outro bronze conquistado neste domingo, 16, aconteceu no lançamento de disco da classe F37 (paralisados cerebrais). O carioca João Victor Teixeira, que era o atual campeão mundial da prova, chegou a fazer a sua melhor marca na temporada, 52,33m, mas acabou no terceiro lugar. O vencedor foi o ucraniano Mykola Zhabnyak, que lançou em 53,97m. Já a prata ficou com o australiano Guy Henly, que ultrapassou o brasileiro no seu último lançamento ao alcançar 52,45m.
“Em todos os meus lançamentos, fui muito constante. Fiz todos acima dos 50 metros. Mas não consegui reagir à prova. Não gostei da minha marca, poderia ter sido melhor. E, por ser um Mundial, todos os adversários também estavam bem preparados. Agora é focar nos Jogos do ano quem vem, mas antes tem o Parapan”, analisou João Victor.
O último pódio brasileiro do dia veio somente após o término da prova. No revezamento 4x100m, o Brasil chegou na quarta colocação, com o tempo de 48s25. Porém, com a desclassificação do até então terceiro colocado Canadá por uma infração durante a disputa, o país foi considerado oficialmente terceiro colocado e ganhou o bronze. A equipe nacional, que foi representada pelo fluminense Ricardo Mendonça, pelas paraenses Jhulia Karol e Fernanda Yara, além do paraibano Ariosvaldo Fernandes, o Parré, ficou atrás da Grã-Bretanha, prata com 48s07, e do Japão, que cruzou a linha de chegada em 47s96.
A mineira Izabela Campos, 42, também participou de uma final no dia e encerrou a sua participação na nona colocação no arremesso de peso F12 (deficiência visual), com a marca de 8,95m. A medalhista de ouro foi a italiana Assunta Legnante, que fez 15,55m.
As campeãs mundiais em Paris nos 100m e nos 400m da classe T11 (cegas), respectivamente, a acreana Jerusa Geber e a potiguar Thalita Simplício avançaram agora para a final dos 200m. Ambas venceram as suas baterias e classificaram-se direto.
A primeira fez o percurso em 25s04, enquanto a segunda em 25s61. A disputa por medalha nessa prova acontece nesta segunda-feira, 17, às 12h48 (de Brasília).
Confira a programação dos brasileiros no Mundial de atletismo Paris 2023 nesta segunda-feira, 17, com os horários de Brasília:
4h / 9h – Lançamento de dardo F53/F54 (final)
Beth Gomes
4h12 / 9h12 – Salto em distância T20 (final)
Paulo Cézar Neto
4h27 / 9h27 – Salto em distância T13 (final)
Paulo Henrique Reis
5h20 / 10h20 – 200m T47 (round 1)
Fernanda Yara
5h50 / 10h50 – 100m T47 (round 1)
José Alexandre
6h00 / 11h00 – 100m T47 (round 1)
Petrúcio Ferreira
6h10 / 11h10 – 100m T47 (round 1)
Washington Nascimento
12h48 / 17h48 – 200m T11 (final)
Jerusa Geber
Thalita Simplício
13h00 / 18h00 – Arremesso de peso F42 / F63 (final)
Edenílson Floriani
13h09 / 18h09 – 200m T47 (final)
Fernanda Yara – se avançar
13h16 / 18h16 – 200m T44 / T64 (final)
Matheus de Lima
14h27 / 19h27 – 400m T13 (final)
Rayane Soares
15h22 / 20h22 – 100m T47 (final)
Petrúcio Ferreira – se avançar
José Alexandre – se avançar
Washington Nascimento – se avançar
16h00 / 21h00 – 100m T63 (final)
Vinícius Rodrigues