Blues & Abolição: novo álbum de Rodrigo Souza pretende resgatar a história do “Crime de Penha”

Rodrigo Souza (voz e guitarras), Alexandre Siqueira (baixo) e Wagner Mello (teclado) na Festa do 13 de Maio, em Itapira-SP, na noite de 05 de maio de 2023. Crédito Paulo Bellini

Músico e produtor musical há 20 anos, Rodrigo Souza agora tem um novo projeto de gravação de álbum que traz a temática principal o “Crime de Penha”, ocorrido em fevereiro de 1888. O delegado Joaquim Firmino de Araújo Cunha, na antiga Vila da Penha, hoje Itapira, cidade localizada na região da Baixa Mogiana, foi encurralado por cerca de 200 pessoas na madrugada de 11 de fevereiro de 1888 e morto violentamente dentro casa, onde estavam também a mulher, Valeriana, e os filhos. O motivo foi que o delegado se recusava a colocar a força policial para capturar escravos fugitivos das fazendas locais.  

As músicas estão sendo criadas a partir de uma roda de composição com alunos e convidados do Instituto de Música Rodrigo Souza, localizado em Itapira. O objetivo é incentivar o trabalho de música autoral entre músicos da cidade, e também entre os alunos da escola. 

“Decidimos fazer um álbum sobre essa história pois aborda temas extremamente importantes. Primeiro por falarmos da luta por igualdade, da busca por direitos iguais das pessoas, sendo algo que deve partir de todos, e não apenas de quem está sendo afligido. Segundo, por conta da nossa localidade. É um fato histórico que marcou tanto a cidade, que acabou alterando o nome da então Vila da Penha para Itapira, já que a notícia na época correu o Brasil, chegou à capital, inclusive à Princesa Isabel. Os criminosos, que detinham inclusive o comando da Câmara da Cidade, propuseram a troca de nome”, justifica o músico.

O álbum deve contar com pelo menos 10 faixas. Cada canção e em duas versões deve contar com versão em inglês e português (totalizando 20 fonogramas). A expectativa é de que o álbum seja lançado no final de 2023 e começo de 2024. A produção é totalmente independente.

Um história que perpassa 20 anos no rock e blues

Rodrigo foi forjado pelo rock e pelo blues de Joe Bonamassa, B.B. King e Eddie Van Halen, mas, assim como aconteceu na história do blues, Rodrigo também faz transparecer a influência cristã em sua composição. O paulista já se apresentou em diferentes casas e festivais ao redor do Brasil com um trio enérgico. 

Emoção é a palavra que melhor sintetiza o blues. Gênero que imediatamente é associado à melancolia e que encontra, em Rodrigo Souza, ou R.Souza, tons de vitalidade característicos do hard rock. Essa mistura é o desenlace das linhas do tempo, do estilo e do próprio Rodrigo, que saiu de Itapira, na região do Circuito das Águas Paulista, para experimentar a vida e os processos dos músicos americanos longe de casa. O intercâmbio lhe trouxe a perspectiva, estudo e profissionalismo da terra de onde o blues germinou e tomou o mundo, através das nuances que só a relação entre o país, a terra e as pessoas são capazes de transmitir.

Morando nos Estados Unidos, Rodrigo se graduou em Adoração e Artes Técnicas em Dallas e Produção Musical online pela Berklee College. Isso, enquanto integrava grupos e igrejas, aprofundando-se no gênero e em suas raízes para dar corpo a sua sensibilidade. Também gravou um álbum no período que estudou na CFNI, escola de ensino superior texana. O artista também é formado em Ciências Sociais (Jornalismo) pela PUC de Campinas/SP.

Em tempos de sons híbridos e de convergência entre instrumentos e aparelhos digitais na música, os fãs do blues e do rock n’ roll cultivam sua essência e fazem opção por artistas viscerais, que não abrem mão nem da tradição nem da própria originalidade, valorizando principalmente o vigor de uma boa performance ao vivo. Rodrigo sabe disso e transita entre todas as possibilidades que o gênero oferece, se valendo de arranjos que lembram os artistas clássicos do panteão de mestres blueseiros e baladas onde suas palavras são sinceras e introspectivas.

O artista ainda é proprietário de uma escola de música, o Instituto de Música Rodrigo Souza, que também faz o papel de produzir artistas locais da baixa mogiana, dando oportunidades a jovens talentos. O seu conhecimento musical prático e teórico, além da capacidade técnica de produção, gravação, mixagem e masterização musical, culminam na criação de conteúdo de alta qualidade. 


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