20 de setembro de 2024

Bicheiras em bovinos: um desafio para a saúde animal e as finanças da fazenda

A pecuária bovina, pilar fundamental da economia brasileira, enfrenta um inimigo silencioso e devastador: as bicheiras. Essa infestação parasitária, também conhecida como miíase cutânea, causa impactos drásticos na saúde dos animais e, consequentemente, na rentabilidade das fazendas. Os prejuízos, estimados em R$ 500 milhões por ano, segundo dados da Embrapa, evidenciam a gravidade do problema e a necessidade urgente de ações eficazes de controle.

As bicheiras são causadas pela mosca Cochliomyia hominivorax, uma praga que deposita seus ovos em feridas abertas, tecidos necrosados ou mesmo em regiões com pelos e pele fina. As larvas eclodem e penetram na pele do animal, alimentando-se de tecido vivo, provocando lesões profundas e dolorosas. A presença de bicheiras é facilmente identificada por meio de lesões ulceradas, secreção purulenta, inflamação intensa, odor fétido e, em casos mais graves, sinais de febre, anorexia, perda de peso e anemia.

Os impactos da doença transcendem o sofrimento animal, atingindo diretamente a lucratividade da atividade pecuária. A presença de bicheiras compromete o bem-estar dos bovinos, reduzindo o ganho de peso, a produção de leite e a qualidade da carne. O tratamento, muitas vezes longo e custoso, envolve a aplicação de antibióticos, anti-inflamatórios e outros medicamentos, além da necessidade de mão de obra especializada para a limpeza e curativo das feridas.

A perda de animais por complicações decorrentes das bicheiras, como septicemia e choque séptico, agrava ainda mais os prejuízos. A desvalorização dos animais com bicheiras no mercado, devido às lesões e à carne contaminada, impacta negativamente a receita dos produtores.

A prevenção, portanto, se torna fundamental para a proteção do rebanho e da rentabilidade da atividade. O controle das bicheiras exige ações integradas que envolvem o manejo adequado do rebanho, a utilização de medidas profiláticas e o tratamento precoce dos animais infestados.

O manejo adequado do rebanho, incluindo a vacinação contra doenças que facilitam a infestação, como o carbúnculo sintomático, e a manutenção de instalações limpas e higienizadas, contribui significativamente para a prevenção das bicheiras. A inspeção regular do gado, a identificação precoce de feridas e a aplicação de antissépticos são medidas essenciais para evitar a oviposição da mosca.

A utilização de produtos químicos, como inseticidas e larvicidas, sob orientação de profissionais capacitados, pode ser uma ferramenta importante para o controle da Cochliomyia hominivorax. No entanto, o uso inadequado desses produtos pode gerar riscos à saúde humana e ao meio ambiente.

O tratamento das bicheiras deve ser realizado por veterinários, com a aplicação de antibióticos, anti-inflamatórios e antissépticos. A limpeza e o curativo das feridas, realizados de forma regular e com técnicas adequadas, são cruciais para a cicatrização e recuperação do animal.

A necessidade de combater as bicheiras exige a união de esforços entre os produtores, veterinários, órgãos governamentais e instituições de pesquisa. A criação de programas de controle e erradicação, com a implementação de medidas eficazes de prevenção e tratamento, são indispensáveis para proteger o rebanho bovino e garantir a sustentabilidade da pecuária brasileira.

É fundamental que os pecuaristas estejam atentos à presença das bicheiras em seus rebanhos, investindo em medidas de prevenção e buscando assistência veterinária especializada para o tratamento adequado dos animais infestados. A proteção dos bovinos contra as bicheiras é um investimento que garante a saúde animal, a qualidade da produção e a rentabilidade da fazenda.

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