22 de setembro de 2024

 Betão estreia a coluna semanal Futebol 360 prometendo humanizar a análise do esporte

Divulgação

Após encerrar a carreira, Betão estreia como colunista esportivo e não poupa opiniões sobre Ucrânia, racismo, seleção… e até sobre seu ex-time

Após mais de vinte anos de carreira, e passagens por Corinthians, Santos, Ponte Preta, Avaí, Dínamo de Kiev (UCR) e Evian (FRA), Ebert Willian Amâncio, mais conhecido como Betão, acaba de inaugurar a coluna semanal Futebol 360 no portal de notícias do Flashscore. Em uma breve conversa, ele falou sobre diversos assuntos ligados ao futebol, e contou como pretende levar sua nova atividade.

P: Depois de uma carreira de mais de 20 anos você encerrou a vida de futebolista no ano passado. Agora, começa um novo desafio como colunista do Flashscore Notícias. Como foi a preparação para essa mudança? Ser colunista era um plano que você tinha, ou foi uma oportunidade que resolveu aproveitar?

Betão: Ainda como atleta, em 2014, eu comecei a me preparar. Voltei a estudar, fiz curso de empreendedorismo, PNL, tenho dois cursos de executivo de futebol. Mas a área de comunicação sempre me atraiu, pela chance de interagir com as pessoas. Confesso que trabalhar nesse lado do jornalismo esportivo já era uma das minhas opções.

P: Que estilo terá sua coluna no Flashscore Notícias? Você é do tipo que prefere analisar friamente, ou é do tipo que põe o “dedo na ferida”?

Betão: O perfil da minha coluna vai ser da maneira que eu sempre vi o futebol, e que hoje é uma utopia minha nos bastidores: tentar humanizar as relações no futebol. A gente às vezes fica muito preso em críticas, em apontar erros e falhas, mas não faz com que as pessoas pensem e reflitam. Então a ideia da coluna Futebol 360 é fazer as pessoas refletirem e chegar a outro ponto de vista sobre tudo aquilo que envolve o futebol. Não vou ser aquele polêmico, que age de forma sanguínea. Meu texto vai ser pautado pela razão. 

P: Você foi zagueiro de ofício. Então, quais zagueiros brasileiros você acha que são os melhores, atualmente?

Betão: Na minha opinião Thiago Silva e Marquinhos são dois zagueiros acima da média. São zagueiros com muita personalidade, não só no jogo, mas também na postura, no comportamento. Thiago jogando em alto nível em uma das ligas mais importantes do mundo (Premier League), o Marquinhos cada vez mais sólido… Nós brasileiros costumamos desvalorizar o que temos de bom. Mas na minha opinião, Thiago Silva e Marquinhos são os melhores zagueiros do mundo.

P: Você se formou no Corinthians, e começou sua carreira profissional lá. Como você vê a fase atual do clube, que está lutando na parte de baixo da tabela? Qual seu diagnóstico para a situação estar tão complicada? E como o clube pode superar essa fase?

Betão: Para se fazer um diagnóstico, é preciso estar dentro do processo. De fora, fica tudo muito no achismo – todo mundo tem “soluções” para resolver o problema. E em se tratando de Corinthians, o peso é maior em uma situação como essa. Todos os clubes passaram, ou passam por isso, mas a camisa do Corinthians é muito pesada. Então eu acredito que as pessoas que estão dentro do clube hoje tem que entender a cultura do Corinthians, e entender aquilo que é necessário fazer para tirar o time dessa situação.

P: Você jogou no Dínamo de Kiev, da Ucrânia, que agora está em guerra. Você ainda tem contato com o país? Algum amigo por lá?

Betão: Eu sinto muito por toda essa situação da Ucrânia, um país que eu vivi por cinco anos. A primeira infância do meu filho foi lá. Tenho boas lembranças. Foi onde vivi os melhores anos da minha carreira, joguei os melhores campeonatos do mundo… Tenho amigos lá, pessoas que trabalharam comigo. Falei com eles quando a guerra começou, agora já faz algum tempo que não falamos. Mas, novamente, eu sinto muito por essa situação.

P: Como você vê a luta contra o racismo no futebol?

Betão: Eu costumo dizer que as pessoas não lutam contra o racismo, elas apenas se comovem. A gente vê muita campanha, muita hashtag, e aí passa. E os atos raciais continuam acontecendo. Lutar mesmo, são poucos. Nós vemos algumas ligas que de fato estão fazendo algo, mas na maioria é só comoção. Nós precisamos trabalhar para melhorar a educação das pessoas e realmente batalhar contra o racismo.

P: Futebol é um negócio milionário, e jovens de origem humilde podem, de repente, ganhar muito dinheiro rapidamente. Muitos se deslumbram. Qual o conselho que você daria para um jovem futebolista que está começando a fazer sucesso?

Betão: Deslumbramento com dinheiro não acontece só com jovens humildes, não! Tem muita gente que nunca passou necessidade que também se deslumbra. O conselho que eu dou para esses jovens é saber que um dia esse dinheiro acaba. E eles vão ter que sair dessa bolha em que vivem, chamada futebol. Os atletas jogam até uns 35 anos e, depois que param, ainda vão ter mais uns quarenta anos de vida. Então eles devem ter cuidado. Se você usar bem o dinheiro, não tem problema algum. O problema é quando o dinheiro te comanda.

P:  Quem você gostaria de ver como técnico da seleção brasileira?

Betão: Eu gostei da chegada do Fernando Diniz, pelo trabalho consistente que ele faz. É uma pessoa que não foge daquilo que ele tem como conceito, que já vem com ele há alguns anos, em todos os clubes que passou. Em alguns teve mais sucesso, em outros nem tanto, como qualquer treinador. Mas é uma pessoa que mantém aquilo que ele pensa e acredito que, com jogadores qualificados que a seleção tem, é uma ideia de jogo que daria certo. Mesmo correndo os riscos que ele corre, com jogadores melhores os riscos diminuem. E é um jogo propositivo, e isso me agrada bastante.

P: E se fosse escolher um técnico estrangeiro? Quem seria?

Betão: O Guardiola! Encaixaria muito bem com a seleção brasileira.

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