Bancos recorrem ao Conar e pedem que Abrasel tire do ar propaganda que defende parcelamento sem juros no cartão
O pedido assinado por Bradesco, Itaú e Santander diz que peças trazem informação inverídica ao dizer que bancos querem aleijar o parcelamento. No entanto, o próprio documento contradiz isso
Os bancos Bradesco, Itaú e Santander protocolaram na véspera do feriado de 7 de setembro um pedido de liminar ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) para que a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) seja forçada a tirar do ar a campanha em defesa do parcelamento sem juros no cartão. Nas peças, a entidade chama a atenção de maneira clara para a intenção dos bancos de acabar com a competitividade do parcelado sem juros, no âmbito da discussão sobre o financiamento rotativo no cartão de crédito. Na visão da Abrasel, as alterações no parcelamento sem juros traria perdas para os cidadãos, para o setor de comércio e serviços e para o país, em benefício exclusivo das instituições financeiras.
“No próprio pedido ao Conar os bancos reconhecem que entregaram estudo ao governo apontando necessidade de mexer no parcelado sem juros. Para isso usam eufemismos, como redesenho ou remodelagem. Ora, basta ver na imprensa centenas de reportagens sobre a verdadeira intenção dos bancos: aleijar, acabar com a competitividade desse tipo de parcelamento. O que a Abrasel fez foi trazer este alerta para a sociedade de maneira clara e transparente, chamando para o debate”, afirma o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.
No pedido ao Conar, a Febraban e os três grandes bancos reconhecem também o sucesso do parcelamento sem juros no Brasil: a modalidade representa 75% do total gasto com cartão de crédito no país.
“Querem nos calar, ignorando o apoio que recebemos de parlamentares, de autoridades e da sociedade neste alerta que, é importante dizer, continuaremos a fazer. Tem de haver um debate público sobre este tema. O Brasil não aceita mais conchavos e acordos secretos feitos em gabinetes, ainda mais em um assunto que mexe com a vida de milhões”, completa Solmucci.