Atleta Paralímpica, bate recorde mundial pela segunda vez
Competição já registrou duas novas marcas mundiais e cinco recordes continentais; evento é realizado no Centro de Treinamento Paralímpico em São Paulo e conta com provas de pista e campc com atletas medalhistas paralímpicos
A santista Beth Gomes, 58, realizou um lançamento de disco de 16,8m e estabeleceu o novo recorde Mundial para a prova da classe F53 (cadeirantes), nesta sexta-feira, 16, no segundo dia do Campeonato Brasileiro Loterias Caixa de atletismo. A competição reúne provas de pista e campo e acontece até este sábado, 17, no Centro de Treinamento Paralímpico. Participam cerca de 600 atletas de 21 estados e do Distrito Federal. No domingo, 18, ainda haverá a realização do Desafio CPB / CBAt da modalidade no mesmo local.
Os Campeonatos Brasileiros começaram a ser organizados e realizados pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) em 2018. Desde então, apenas em 2020 não houve competições, devido à pandemia de Covid-19.
O recorde anterior na prova do disco, segundo o site do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, em inglês), era da ucraniana Iana Lebiedieva, que em novembro de 2019 lançou 16,26m em Dubai. Porém a própria Beth, durante o Open Loterias Caixa, disputado no Centro de Treinamento Paralímpico no final de março, já havia lançado 16,59m. A marca, porém, ainda não foi atualizada no portal do IPC.
É a segunda marca mundial conquistada pela atleta na competição. Na quinta-feira, 15, Beth quebrou o recorde mundial do peso, ao arremessar 7,16m. Os recordes vêm a três semanas da disputa do Mundial de atletismo, que acontece de 8 a 17 de julho, em Paris.
“É gratificante saber que o trabalho meu, da minha equipe técnica e da minha treinadora Roseane Farias está proporcionando evolução. Isso é maravilhoso”, disse a santista. “Para mim, é uma alegria e uma surpresa chegar a mais uma competição como o Mundial, considerando minha patologia e tendo passado por um processo de reclassificação recente”, completou Beth, que foi diagnosticada com esclerose múltipla nos anos 1990.
Os resultados no Campeonato Brasileiro acontecem três meses após ela passar por uma reclassificação funcional, a qual Beth passou a competir na classe F53, em vez da F52, em que competia desde 2018. Os classificadores consideraram que Beth teria tônus muscular no tronco e deveria estar em uma classe acima. Ela compete pelo clube ASPA.
Outra atleta que acumulou recordes, dessa vez continentais, foi a amapaense Wanna Brito, 26. Nesta sexta-feira, ela estabeleceu novas marcas das Américas para o lançamento de club e de disco, totalizando três quebras em dois dias de competição.
No club, Wanna atingiu os 24,34m nesta sexta. A marca anterior, de acordo com ranking do Comitê Paralímpico Internacional (IPC), era da mexicana Shantal Cobos, que lançou a 21,05m em julho de 2022, no México. Durante a Segunda Fase Nacional do Circuito Loterias Caixa, a amapaense lançou 22,01m, porém a marca não foi incluída nas estatísticas oficiais.
No disco, Wanna marcou 11,99m, superando o recorde continental anterior da mexicana Michelle Portilla (7,17m em março de 2017, em São Paulo). O terceiro recorde de Wanna foi batido na quinta-feira, 15, quando ela fez a melhor marca continental do arremesso de peso ao lançar a 7,35m, superando sua marca de maio de 6,98m.
“Fiquei muito feliz [com a participação no campeonato], porque nunca tinha feito essa marca do arremesso de peso, foi a minha melhor da minha vida. Eu estou extremamente feliz. Eu lutei muito e ainda quero mais, mas só de ter conseguido bater a minha própria marca já foi gratificante. E hoje eu estou feliz também, por ter conquistado novos recordes das Américas, disse a atleta, que iniciou no Movimento Paralímpico através da natação e migrou para o atletismo em 2019.
A atleta também representará o Brasil no Mundial que será realizado no Estádio Charlety, na capitl francesa. “Estou extremamente feliz. Meu primeiro Mundial, o primeiro a gente nunca esquece, e eu espero muito ganhar a medalha de ouro lá em Paris, sair com a medalha”, disse Wanna, que representa o clube FPA-AP neste Campeonato Brasileiro.
O Campeonato Brasileiro Loterias Caixa já registrou até o início da tarde de sexta-feira dois recordes mundiais e cinco recordes das Américas, contando também um alcançado pelo paulista Matheus de Lima, da classe T44 (deficiências em membros inferiores) na prova dos 100m, e outro do pernambucano Romildo Pereira, no salto em distância, também pela T44.
Participam do Campeonato Brasileiro de atletismo medalhistas paralímpicos e jovens promessas do paradesporto brasileiro, incluindo os medalhistas Alessandro Silva, ouro e recordista paralímpico no lançamento de disco na classe F11 (para atletas cegos); Petrúcio Ferreira, ouro e recordista paralímpico nos 100 m na classe T47; Claudiney Santos, ouro no lançamento de disco, e Raissa Machado, prata e recordista mundial no lançamento de dardo, ambos pela F56, entre outros.
Logo após a competição, 54 atletas e 11 atletas-guias brasileiros, incluindo Wanna, Beth e Matheus, estarão no Mundial de Paris, primeiro após os Jogos de Tóquio 2020. A disputa deverá ser o maior evento paralímpico a ocorrer na capital francesa antes dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. O Mundial de Kobe (JAP), que aconteceria em 2021, foi adiado duas vezes devido à pandemia e confirmado para o ano que vem, de 17 a 25 de maio.
A delegação brasileira será a maior do país na história dos Mundiais da modalidade. Antes, a maior equipe brasileira de atletismo em Mundiais havia sido em Dubai (EAU) 2019, quando o país convocou 43 atletas. Naquela ocasião, os brasileiros fizeram a melhor campanha da história do Brasil na competição, na segunda colocação do quadro geral, com 39 medalhas no total: 14 de ouro, nove de prata e 16 de bronze.
O Campeonato Brasileiro atende a todos os critérios estabelecidos pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC), mas todos os recordes registrados na competição ainda necessitam ser homologados pela World Para Athletics (WPA), braço do IPC que rege o atletismo paralímpico mundial.