Atleta brasileira supera obstáculos, conquista tetra mundial e quebra novos recordes
Após se recuperar de lesões no menisco e desconfiança, Bruna Kajiya fatura o quarto título internacional de kitesurf. Esportista ainda leva potente discurso sobre empoderamento ao redor do planeta
Lesões, desconfiança e a volta por cima em busca de um sonho: levar a mensagem de empoderamento feminino aos quatro cantos do planeta por meio de uma prancha e um kite. Resiliente, Bruna Kajiya superou as adversidades e, mais uma vez, quebrou recordes ao Brasil. Aos 36 anos, a atleta se tornou tetracampeã mundial de kitesurf, erguendo a bandeira do País no lugar mais alto do pódio.
Com a carreira mais longeva do kitesurf freestyle profissional, Bruna Kajiya sempre teve de vivenciar sentimentos contrastantes. Em 2009, faturou o primeiro título mundial, mas, depois sofreu uma grave lesão no joelho. Amargurou alguns vices quando, em 2016 e 2017, fez a dobradinha para se tornar tricampeã internacional. No ano seguinte, sofreu novamente com duas lesões no menisco. E mesmo lidando com a insegurança de muita gente, a força interna a moveu ao título mundial, conquistado no Catar, neste mês de dezembro.
“Eu tenho a carreira mais longeva do esporte. Por exemplo, ano passado, a campeã mundial tinha quase a metade da minha idade. Geralmente, a carreira de um kitesurfista dura seis anos em alto nível e, dificilmente após sofrer essas lesões, a pessoa volta no mesmo patamar. E eu encontrei forças no equilíbrio dentro de mim, seja físico, mental e emocional. Eu cuidei do mental para atingir o pico de performance em todas as áreas”, afirma a kitesurfista.
“Eu quero servir de plataforma para as mulheres, de modo a mostrar que elas podem chegar onde desejarem. E não só no esporte, mas em qualquer área da vida”, completa.
Vitória em etapa dos sonhos!
A trajetória ao quarto título mundial de Bruna contou com momentos emblemáticos até chegar no Catar, neste mês. Pela primeira vez, o circuito internacional contou com uma etapa em Cauipe-CE, considerada a Meca do kitesurf. “Era um sonho poder competir neste lugar. E eu ainda venci, sendo a única pessoa brasileira no pódio, entre homens e mulheres”, diz a atleta, que também venceu uma etapa na França e outra no Catar. “Esse é o título mundial que me dá mais orgulho, pois foi vencido no emocional. Em cada passo da jornada, eu passei a mensagem que eu gostaria por meio das atitudes”, conclui.
Para chegar à conquista, Bruna mostrou seu amplo repertório. Aliás, vale ressaltar que ela é a primeira mulher do mundo a executar a manobra backside 315 (a atleta completa o giro 540° no ar, com dois passes de barra pelas costas antes de aterrissar), obtendo também esse recorde na categoria feminina.
Agora, Kajiya retorna ao Brasil para o período de descanso, pois, em janeiro, já viajará à Europa visando à preparação para o próximo circuito mundial e a chance de quebrar novas barreiras.
Crédito: Marcelo Maragni / Red Bull Content Pool