Ademar Traiano manda abrir inquérito contra professores e alunos que estavam na manifestação contrários aos ‘Parceiros da Escola’

Deputado Estadual Ademar Traiano, presidente da Alep

Nos últimos meses, o Brasil tem sido palco de intensos debates sobre a liberdade de expressão, o direito à manifestação e a atuação das autoridades diante de movimentos sociais. Um tema que vem ganhando destaque é a atuação do presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano, que tenta reeditar seu próprio inquérito do “8 de janeiro” para investigar as manifestações protagonizadas por professores e estudantes contra o polêmico projeto “Parceiro da Escola”. Este projeto, que visa a privatização e a gestão compartilhada das escolas públicas, tem levantado diversas críticas por parte da comunidade educacional e da sociedade civil.

Recentemente, o Cope (Centro de Operações Policiais Especiais) da Polícia Civil do Paraná intimou professores e estudantes para prestar depoimento acerca da ocupação da Assembleia Legislativa do Estado (Alep) nos dias 3 e 4 de junho. Este ato de protesto, realizado por educadores e alunos, simboliza a crescente insatisfação com as políticas educacionais promovidas pelo governo. O que se observa, no entanto, é que a ação de Traiano e do Cope revela uma face vingativa e retaliatória, não apenas em relação aos manifestantes, mas também no tocante ao controle da narrativa em torno das políticas educacionais.

O projeto “Parceiro da Escola” foi apresentado como uma iniciativa para melhorar a qualidade do ensino na rede pública através de parcerias com organizações privadas. No entanto, muitos educadores e especialistas alertam que essa proposta pode levar à desvalorização da educação pública e ao favorecimento de interesses privados, comprometendo a autonomia das instituições educacionais e a qualidade do ensino.

A resistência ao projeto não se limita a meras oposições retóricas. Ela se traduz em mobilizações concretas, como a ocupação da Alep, que não apenas busca contestar a implementação do “Parceiro da Escola”, mas também chama a atenção para a permanência de um modelo educacional que priorize o bem comum, em detrimento de interesses corporativos.

A Ação de Ademar Traiano e o Inquérito do “8 de Janeiro”

Ademar Traiano, em sua função de liderança da Assembleia Legislativa, decidiu buscar caminhos para silenciar e reprimir as vozes dissidentes, almejando um controle maior sobre a narrativa relacionada ao projeto. A reabertura do inquérito do “8 de janeiro” emerge como uma estratégia para intimidar e silenciar adversários políticos, utilizando a máquina pública para responder a críticas e protestos.

Este inquérito tem suas raízes em eventos ocorridos no início deste ano em Brasília, onde manifestações em grande escala pediram a responsabilização de líderes políticos e a defesa da democracia. A busca por um inquérito semelhante em um contexto local parece, portanto, uma tentativa de Traiano de estabelecer precedentes para limitar o alcance e a efetividade das mobilizações sociais. Ao convocar professores e estudantes para prestar depoimento, o presidente da Alep não apenas busca investigar a ocupação, mas também incentivar um clima de medo e incerteza entre aqueles que ousam desafiar sua autoridade.

Diante desta realidade, a resistência da comunidade educacional se intensifica. A atitude de Traiano gerou uma onda de solidariedade entre professores, alunos e cidadãos engajados, que veem na intimidação um ataque à democracia e à liberdade de expressão. A ocupação da Alep, por si só, representa a disposição da sociedade civil em se manifestar contra aqueles que tentam silenciar vozes críticas.

É imperativo destacar que o esforço do governo e de figuras como Traiano para controlar a narrativa em torno da educação não é uma questão isolada. Ela se insere em um contexto mais amplo de repressão a movimentos sociais no Brasil, onde a liberdade de expressão e o direito à manifestação têm sido constantemente ameaçados. A repressão a esses movimentos não apenas representa um retrocesso democrático, mas também uma tentativa de deslegitimar as preocupações legítimas dos cidadãos acerca das políticas públicas.

A questão do inquérito que Ademar Traiano tenta reeditar serve como um importante lembrete da fragilidade das conquistas democráticas e da necessidade de vigilância constante por parte da sociedade civil. A luta dos professores e estudantes contra o projeto “Parceiro da Escola” não é apenas uma luta pela educação, mas uma defesa dos princípios fundamentais da democracia e dos direitos humanos.

O caminho a ser trilhado exige uma reflexão crítica sobre como o Estado pode agir em contextos de contestação popular. É essencial que a sociedade civil permaneça unida e firme em sua oposição a tentativas de silenciamento e repressão, garantindo que todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas no debate público. O futuro da educação e da democracia no Brasil depende da capacidade de seus cidadãos de se opor a injustiças e de lutar por um modelo de educação que priorize o bem comum, ao invés de interesses particulares.


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