Acusação de que Israel comete genocídio é falsa, segundo cientista político

André Lajst explica por que ações israelenses não atendem à definição estipulada pela ONU de genocídio e lamenta apoio do Brasil à ação movida na Corte Internacional de Justiça contra Israel

O presidente Lula apoiou uma ação sul-africana que pede à Corte Internacional de Justiça uma declaração de que Israel violou, na guerra contra o Hamas, obrigações previstas em convenção sobre genocídio. Segundo o Itamaraty, a decisão foi externalizada durante a visita do embaixador palestino Ibrahim Alzeben ao Palácio do Planalto, que pediu o apoio brasileiro na corte internacional. Israel refuta as alegações.

Consta na nota divulgada pelo Ministério que, “à luz das flagrantes violações ao direito internacional humanitário, o presidente manifestou seu apoio à iniciativa da África do Sul de acionar a Corte Internacional de Justiça para que determine que Israel cesse imediatamente todos os atos e medidas que possam constituir genocídio ou crimes relacionados nos termos da Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio”.

Desde que foi protocolada, em dezembro, a ação movida pela África do Sul recebeu apoio de países da Liga Árabe e da Organização para a Cooperação Islâmica (bloco de 57 países, incluindo Arábia Saudita e Irã) e também da Bolívia, Colômbia, Turquia, Malásia, Namíbia, Jordânia, Paquistão e Maldivas.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) divulgou uma nota repudiando o apoio do governo brasileiro, ressaltando que a ação sul-africana é uma “inversão da realidade”, já que o início do conflito se deu após “o ataque mais mortal contra o povo judeu desde o Holocausto”, em 7 de outubro, no qual foram mortos mais de 1200 israelenses. Hoje, os terroristas continuam mantendo quase 130 reféns em cativeiro, incluindo um bebê de menos de um ano de idade.

“Israel está apenas se defendendo de um inimigo, ele sim, genocida, que manifesta abertamente seu desejo genocida de exterminar Israel e os judeus”, afirmou a Conib. “O Hamas se esconde covarde e deliberadamente atrás dos civis de Gaza porque suas mortes são usadas como arma contra Israel na opinião pública mundial. É frustrante ver o governo brasileiro apoiar uma ação cínica e perversa como essa, que visa impedir Israel de se defender de seus inimigos genocidas”.

Segundo André Lajst, presidente-executivo da StandWithUs Brasil, organização que promove a educação sobre Israel e o Oriente Médio como o caminho para a paz, essa é mais uma acusação falsa de que Israel comete genocídio contra os palestinos – dessa vez, na Corte Internacional de Justiça e com o “lamentável” apoio do Brasil.

“De acordo com a definição de genocídio adotada pela ONU – formulada por um judeu para descrever os horrores do Holocausto – o que constitui tal crime é o intento de destruir no todo ou em parte um grupo nacional, étnico ou religioso”, explica o cientista político. “O que Israel tem feito, contudo, é bastante diferente disso. Uma evidência são as muitas medidas para evitar as baixas civis na Faixa de Gaza durante a guerra contra o Hamas, como a distribuição de ajuda humanitária e a emissão de alertas e orientações para que civis saiam das zonas de conflito antes da atuação militar israelense”.

“O Brasil e os outros países que apoiaram essa ação cujos conceitos estão distorcidos deveriam analisar as circunstâncias de forma menos enviesada e entender que Israel está lutando para se defender de um grupo terrorista que mantém seus civis reféns, assim como qualquer outro país que tivesse sofrido uma tragédia dessa magnitude faria, e não está eliminando deliberadamente a população civil palestina”, conclui Lajst.


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