A Internet, palco da barbárie: quando o progresso tecnológico se torna ferramenta de horror

O avanço tecnológico, em sua vertiginosa escalada, promete conectar o mundo, aproximar culturas, democratizar o acesso à informação. Mas a sombra do progresso se estende, e em sua penumbra, surgem os horrores que a própria humanidade é capaz de perpetrar. A internet, essa grande rede que tece o mundo, se torna, paradoxalmente, um palco para o desumanizar, um canal para a barbárie, como evidenciado pelo caso chocante da tortura transmitida ao vivo em Boca do Acre, no Amazonas.

O uso da rede Starlink, do bilionário Elon Musk, para comunicar em tempo real uma sessão de tortura, é um choque que nos espreita no fundo da alma. O que antes era restrito a relatos obscuros, agora se torna um espetáculo cruel e público, transmitido via satélite para o suposto mandante do crime. A tecnologia, que deveria servir à comunicação e ao progresso, se transforma em instrumento de terror, amplificando o sofrimento e a crueldade de uma forma nunca antes vista.

O horror de presenciar a tortura em tempo real, a frieza com que os algozes exercem seus atos, a dor estampada no rosto da vítima, tudo isso é transmitido sem pudor, sem filtro, invadindo a tela de um dispositivo, o mesmo que utilizamos para navegar na internet, assistir filmes, conectar-nos com amigos e familiares. É a desumanização em sua forma mais brutal, o mal absoluto exposto na tela fria de um celular, como se fosse um mero entretenimento.

Mas este é apenas um caso, um exemplo extremo de como a tecnologia pode ser utilizada para fins nefastos. O anonimato da internet, o fácil acesso à informação, a proliferação de grupos de ódio, são fatores que contribuem para a banalização da violência e a escalada da barbárie. As redes sociais, antes vistas como ferramentas de conexão e união, se tornam ambientes propícios para o discurso de ódio, a disseminação de fake news e a incitação à violência, criando um ciclo vicioso de intolerância e crueldade.

Em um mundo cada vez mais conectado, a internet se torna um reflexo da própria sociedade. Seus benefícios e malefícios se entrelaçam em um complexo tecido de relações, onde o progresso tecnológico se torna um espelho da própria humanidade. A internet não é o problema, mas um espelho da nossa fragilidade, das nossas sombras e das nossas falhas. Cabe a nós, como sociedade, questionarmos os usos da tecnologia, lutarmos contra a desumanização, defendermos a justiça e a ética, para que a internet, essa grande rede que tece o mundo, seja um lugar de conexão, de conhecimento, de respeito e de amor.

É preciso lembrar que a tecnologia é apenas uma ferramenta, e como tal, pode ser utilizada para o bem ou para o mal. Cabe a nós, como sociedade, garantir que essa ferramenta seja utilizada para o bem, para construir um mundo mais justo, mais humano e mais fraterno. A internet, essa grande rede que nos conecta, pode ser um instrumento de progresso e de esperança, mas para isso, precisamos combatê-la com o que há de mais humano em nós: a compaixão, a solidariedade e a luta contra a injustiça.

O caso da tortura transmitida ao vivo em Boca do Acre é um grito de alerta, um grito de horror, um grito de indignação. É um lembrete de que a tecnologia, em suas mãos erradas, pode se tornar um instrumento de barbárie. Que a internet, essa grande rede que tece o mundo, seja utilizada para construir um mundo melhor, um mundo livre do horror, um mundo onde a tecnologia seja um instrumento de paz, de justiça e de esperança.


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