A greve dos professores paranaense e a falta de respostas da APP

A profissão docente, em sua essência, exige mais do que o simples ato de ensinar. É preciso paixão, dedicação, resiliência e, acima de tudo, uma voz forte para defender os direitos da categoria. No entanto, a recente greve no Paraná, como tantas outras, deixou um amargo sabor de frustração e impotência, especialmente para aqueles que, na linha de frente, esperavam uma resposta à altura da situação.

A frase de uma professora, compartilhada em uma rede social, reflete a angústia de muitos educadores paranaenses: “Fico chateada porque fomos descontados em folha, levamos falta, estamos tendo que aguentar comentários sobre o fracasso da greve e esperam nossa reação. Mas a APP não nos dá uma resposta à altura”. A palavra “chatear” denota a desilusão, o sentimento de injustiça que toma conta do professor. A desvantagem material da descontagem salarial se soma ao peso da falta e às críticas que, muitas vezes, vêm de fora, sem levar em conta as razões da mobilização.

A greve, por si só, representa um ato de coragem e de luta por condições dignas de trabalho. É o exercício da democracia, o grito silencioso que clama por justiça social. No entanto, quando o movimento se depara com a falta de respostas adequadas por parte da entidade que deveria representá-lo, a sensação de abandono toma conta do cenário. A professora questiona: “Mas a APP não nos dá uma resposta à altura”. A expectativa é por uma comunicação eficaz, transparente e que traga, de fato, respostas para as demandas da categoria.

A APP, como principal entidade representativa dos professores, carrega consigo a responsabilidade de defender os interesses da classe. A omissão em momentos como esse, gera um vazio de comunicação, alimentando o sentimento de descrença e desmotivação entre os educadores. A falta de explicações sobre as estratégias adotadas, os resultados obtidos e os próximos passos a serem tomados deixa a categoria à deriva, sem saber a quem recorrer.

A greve é um instrumento legítimo de luta, mas não pode ser vista como um fim em si mesmo. É essencial que as entidades representativas atuem de forma proativa, buscando o diálogo e a negociação com o poder público, apresentando soluções viáveis para as demandas da categoria. A falta de comunicação transparente e de ações concretas pode levar à desmobilização da categoria e à fragilização da luta por melhores condições de trabalho e de ensino.

É fundamental que a APP reavalie sua postura e busque formas de fortalecer o diálogo com os professores, construindo um espaço de participação e de transparência nas decisões que dizem respeito à categoria. Somente com uma atuação efetiva e representativa, a APP poderá cumprir seu papel de defender os direitos dos professores e garantir um ensino de qualidade para todos. A greve é um momento de luta, mas também é um momento de reflexão sobre a importância da união e da representação efetiva da categoria docente.


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