A crueldade disfarçada de “combate ao tráfico”: a tentativa de Rubinho Nunes de criminalizar a doação de marmitas para moradores em situação de rua em São Paulo

Vereador Rubinho Nunes (União Brasil), aliado do MBL, pretende criminalizar a ação solidária de doação de marmitas na Cracolândia, um dos locais mais vulneráveis da capital

A cidade de São Paulo, palco de contrastes sociais gritantes, vive mais uma vez sob a sombra de um projeto cruel e desumano. O vereador Rubinho Nunes (União Brasil), aliado do MBL, pretende criminalizar a ação solidária de doação de marmitas na Cracolândia, um dos locais mais vulneráveis da capital paulista. A proposta, que prevê multas de R$ 17 mil para quem alimentar os famintos, causa espanto e indignação na população, que testemunha a tentativa de silenciar o grito de socorro de quem mais precisa.

O projeto, apresentado na última sessão da Câmara Municipal de São Paulo, se revela como mais um ataque da extrema direita àqueles que lutam por justiça social. A retórica de Rubinho Nunes, ao tratar a doação de marmitas como se fosse um “tráfico de drogas”, é um exemplo claro da desumanização e da criminalização da pobreza que permeiam seu discurso. Ao comparar o ato de alimentar pessoas em situação de vulnerabilidade com o tráfico de entorpecentes, ele estigmatiza as ONGs e os voluntários que se dedicam a combater a fome, transformando-os em “criminosos” e as refeições em “drogas”.

A tentativa de criminalizar a solidariedade não é novidade no discurso de Rubinho Nunes. O vereador já demonstrou sua postura hostil em relação ao Padre Júlio Lancellotti, um dos maiores defensores dos direitos humanos na cidade, acusando-o de “tráfico de pessoas” e utilizando seu cargo para persegui-lo. Acusar a Polícia Militar de impedir a doação de marmitas na Cracolândia, como ele mesmo fez, demonstra sua completa falta de sensibilidade e de compromisso com o bem-estar da população mais vulnerável.

A proposta de Rubinho Nunes, além de desumana, é ineficaz e representa um retrocesso social. Criminalizar a doação de alimentos não resolve o problema da fome, nem combate o tráfico de drogas. A Cracolândia é um retrato da falha do Estado em oferecer políticas públicas eficazes de assistência social e combate à dependência química, e a criminalização da solidariedade apenas agrava a situação, jogando na miséria e na vulnerabilidade aqueles que mais precisam de apoio.

É importante lembrar que a fome é um problema social complexo que exige ações coordenadas e eficazes do poder público, e não a criminalização daqueles que se dedicam a aliviar o sofrimento de quem passa fome. A sociedade civil, através das ONGs e dos voluntários, desempenha um papel crucial na luta contra a fome, e a perseguição a essas iniciativas representa um ataque direto à dignidade humana e à solidariedade.

Diante desse cenário de crueldade e desumanização, é fundamental que a sociedade civil se mobilize para impedir a aprovação do projeto de Rubinho Nunes. É preciso pressionar os vereadores de São Paulo para que rejeitem essa proposta absurda e se posicionem em defesa daqueles que mais precisam de ajuda. O combate à fome exige empatia, solidariedade e políticas públicas eficazes, não criminalização e perseguição. A história nos mostra que a desumanização, a criminalização da pobreza e a perseguição aos mais vulneráveis nunca foram a solução para os problemas sociais.

Em tempos de crise e desigualdade social, é preciso defender os direitos humanos e a solidariedade, não criminalizá-los. A luta contra a fome exige união, compaixão e ações efetivas, não a crueldade disfarçada de “combate ao tráfico”.


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