A educação paranaense em crise: greve de professores e a terceirização do ensino público
A semana se inicia no Paraná sob o peso de uma grave crise na educação pública. A greve dos professores da rede estadual, iniciada na segunda-feira (3) sem data para término, e a iminente aprovação de um projeto de lei que permite a terceirização da administração de 200 colégios públicos, colocam em xeque o futuro do ensino no estado. A mobilização dos educadores, materializada em uma manifestação em frente à Assembleia Legislativa, demonstra o profundo descontentamento com as políticas públicas que, em vez de fortalecer a educação, parecem relegá-la a um segundo plano.
A greve dos professores, um ato legítimo de reivindicação por melhores condições de trabalho e valorização profissional, surge em resposta a anos de desinvestimentos e desvalorização da carreira docente. O discurso de austeridade, frequentemente utilizado para justificar cortes nos investimentos em educação, não encontra eco na realidade da sala de aula, onde professores e alunos enfrentam diariamente a falta de recursos básicos, como materiais didáticos, laboratórios e bibliotecas. O desgaste profissional, a sobrecarga de trabalho e a desmotivação são consequências diretas dessa conjuntura, que impacta negativamente a qualidade do ensino oferecido aos alunos.
A aprovação do projeto de lei que permite a terceirização da administração de 200 colégios públicos, contudo, aprofunda ainda mais a crise. A medida, defendida pelo governo do estado, sob a justificativa de “modernização e otimização” da gestão escolar, levanta sérias preocupações. A terceirização, em geral, é marcada por uma precarização das relações de trabalho, com a fragilização dos direitos trabalhistas, a diminuição dos salários e a perda de controle sobre as condições de trabalho. No caso da educação, a terceirização representa um risco iminente de desvirtuar o foco do ensino público, que deveria ser a qualidade e a formação integral do aluno, para a lógica empresarial, voltada para a maximização do lucro e a redução de custos.
A terceirização do ensino público, além de fragilizar a carreira docente e precarizar as relações de trabalho, coloca em risco o próprio projeto pedagógico das escolas. A experiência histórica demonstra que a terceirização, em geral, é acompanhada pela desqualificação do ensino, pela fragilização da gestão democrática das escolas e pela perda de autonomia para a comunidade escolar. A imposição de um modelo gerencial externo, focado na lógica de mercado, ameaça a identidade da escola pública e seu papel fundamental na formação cidadã e crítica dos alunos.
A mobilização dos professores, que se manifestam contra a terceirização e reivindicam melhores condições de trabalho, é um grito de alerta para a sociedade paranaense. O futuro da educação pública no estado está em jogo, e a luta dos educadores é uma luta por um futuro melhor para todos. A terceirização do ensino representa um retrocesso, que afetará diretamente a qualidade do ensino e, por consequência, o futuro de milhares de jovens paranaenses.
A sociedade precisa se engajar nesse debate e pressionar os parlamentares para que a educação pública seja priorizada. A luta por uma educação de qualidade, gratuita e democrática deve ser uma bandeira de todos, pois é a garantia de um futuro mais justo e promissor para todos. A greve dos professores e a iminente aprovação do projeto de lei que permite a terceirização do ensino são apenas a ponta do iceberg de um problema estrutural que exige ações urgentes e eficazes para garantir o futuro da educação pública no Paraná.