Fuga para Portugal: Brasileiros se jogam em fundos para o Golden Visa

A crise no Brasil, a busca por segurança e a vontade de ter um passaporte europeu estão impulsionando uma verdadeira corrida de brasileiros para Portugal. E o caminho? Investir em fundos que garantem o famoso Golden Visa, um visto de residência para quem coloca dinheiro na economia portuguesa.

Os números não mentem: entre janeiro e setembro do ano passado, o país recebeu 125 milhões de euros de investidores estrangeiros com o objetivo de conseguir o Golden Visa, um aumento de 45% em relação a 2022 e mais do que o dobro do total aplicado nos anos de 2019, 2020 e 2021 juntos. E adivinha quem está nesse bolo? Os brasileiros! Eles são os segundos que mais investem nesse tipo de fundo, perdendo apenas para os chineses.

“O brasileiro está com medo, querendo fugir da instabilidade política e econômica do país”, explica Gustavo Caiuby, diretor da Heed Capital, uma corretora portuguesa que viu o interesse de brasileiros por esses fundos triplicar no início deste ano. “Eles buscam segurança, facilidade para viajar pela Europa e, claro, diversificar os investimentos.”

Caiuby explica que existem duas opções: fundos multimercados e Fundos de Investimento em Participação, ambos com pelo menos 60% do capital aplicado em empresas portuguesas. “É uma forma de investir em moeda forte, diminuindo o risco da crise brasileira”, completa.

A Heed Capital administra cerca de R$ 126 milhões de brasileiros que investiram em busca do Golden Visa. Desde 2012, quando o programa começou, os brasileiros já investiram 86 milhões de euros para conseguir o visto, ficando em segundo lugar, atrás dos chineses, que chegaram perto de 2 bilhões de reais.

Mas o que explica esse boom? A decisão do governo português de cancelar o Golden Visa para quem compra imóveis. Com o aumento da procura por moradia no país, os preços dos imóveis e dos aluguéis explodiram em janeiro, atingindo a maior alta em três décadas.

O que antes era possível com 500 mil euros em um imóvel, agora precisa ser aplicado em fundos de investimento, com pelo menos 60% em empresas portuguesas.

Claro que o Golden Visa pode ser obtido por outras vias: criar empregos, doar para a cultura, investir diretamente em empresas portuguesas ou em pesquisa científica. Mas, na prática, a procura por essas alternativas é bem baixa.

Parece que o caminho mais rápido para a Europa, para muitos brasileiros, passa por Portugal e por uma aplicação em fundos de investimento. E com o número de interessados crescendo cada vez mais, a corrida por um pedacinho do paraíso lusitano parece não ter fim.


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