Fim do “Para Sempre”? Divórcios explodem no Brasil e chegam a nível recorde
A cada 2,3 casamentos, um casal se separa no país, segundo dados do IBGE. Especialistas alertam para a necessidade de conhecimento da lei para garantir justiça e bem-estar das crianças.
O sonho do “felizes para sempre” parece estar cada vez mais distante para os brasileiros. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam um cenário alarmante: o número de divórcios no país atingiu um recorde histórico em 2022, com 420 mil separações judiciais. A estatística, que coloca o Brasil em uma posição de destaque no ranking mundial de divórcios, representa um aumento significativo em relação aos últimos anos, com um divórcio a cada 2,3 casamentos. Em 2010, essa relação era de um divórcio a cada quatro casamentos.
A escalada dos divórcios no Brasil levanta um alerta crucial: a necessidade de conhecimento da lei para garantir uma separação justa para ambos os lados, principalmente quando envolve crianças. Mais da metade das separações judiciais, segundo o IBGE, acontece entre casais com filhos menores, o que torna a questão da guarda dos filhos um dos pontos mais delicados e complexos do processo.
A guarda compartilhada, instituída como regra geral no Código Civil há 10 anos, tem sido um dos principais instrumentos para garantir o bem-estar dos filhos em casos de separação. No entanto, a aplicação da lei ainda enfrenta desafios, com muitos casais desconhecendo os seus direitos e deveres, o que pode gerar conflitos e prejudicar o desenvolvimento das crianças.
Aumento da Individualidade e Mudanças Sociais
Especialistas apontam diversos fatores para a crescente taxa de divórcios no Brasil, como a mudança nos valores sociais, o aumento da individualidade, a busca por realização pessoal e a maior independência financeira das mulheres. A pressão por um casamento perfeito, muitas vezes idealizado e distante da realidade, também contribui para o aumento das separações.
“As pessoas estão buscando mais autonomia e liberdade nas suas relações, e o casamento tradicional, com seus papéis pré-definidos, não se encaixa mais na realidade de muitos casais”, explica a psicóloga e terapeuta familiar, Maria Eduarda Santos. “A falta de comunicação, a dificuldade em lidar com conflitos e a ausência de investimento na relação também são fatores que contribuem para o aumento das separações.”
O Impacto nos Filhos
O impacto do divórcio nos filhos é um dos aspectos mais preocupantes. As crianças, muitas vezes, se sentem culpadas pela separação dos pais e sofrem com a instabilidade emocional e a perda da rotina familiar. É fundamental que os pais procurem apoio profissional para lidar com as emoções dos filhos e garantir que a separação seja o menos traumática possível.
“A separação dos pais é um momento difícil para as crianças, e o apoio psicológico é fundamental para que elas consigam lidar com as emoções e as mudanças que estão acontecendo”, destaca a psicóloga infantil, Ana Carolina Silva. “A comunicação aberta e honesta entre os pais, o respeito à individualidade dos filhos e a manutenção de um ambiente familiar estável são essenciais para minimizar o impacto da separação.”
A Busca por Soluções
Diante do aumento dos divórcios, a sociedade precisa se mobilizar para oferecer suporte e orientação aos casais que estão passando por esse processo. A criação de programas de apoio psicológico para casais em crise, a oferta de cursos de mediação familiar e a divulgação de informações sobre os direitos e deveres dos pais em caso de separação são medidas importantes para minimizar os impactos negativos da separação e garantir o bem-estar de todos os envolvidos.
A realidade dos divórcios no Brasil exige uma reflexão profunda sobre os valores que norteiam as relações familiares e a necessidade de construir um sistema de apoio que garanta a justiça, o bem-estar e a proteção das crianças em um momento tão delicado. A busca por soluções eficazes para lidar com essa nova realidade social é um desafio urgente para a sociedade brasileira.