França pede a cidadãos para não viajarem para Cabo Delgado

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A Embaixada de França em Moçambique está a apelar aos cidadãos franceses para não viajarem para as cidades de Mocímboa da Praia, Pemba e Palma, em Cabo Delgado, no norte, devido à “ameaça terrorista”

“Devido à presença de uma ameaça terrorista e de rapto nas cidades de Mocímboa da Praia, Pemba e Palma, é fortemente recomendado não viajar para estas cidades, bem como viajar nas estradas que ligam estas localidades”, lê-se numa mensagem aos viajantes publicada na quarta-feira pela Embaixada de França em Maputo.

Já no dia 12 de janeiro a mesma Embaixada referia, numa outra mensagem, que “num contexto de intensificação da ameaça terrorista em Cabo Delgado”, eram “de temer ataques” em Mocímboa da Praia e Palma.

“Também existe um alto risco de emboscadas nas principais estradas da região”, advertia na altura, quando já então era “formalmente não recomendada” a deslocação para aquelas cidades, incluindo Pemba, a capital da província.

A multinacional francesa TotalEnergies tem em curso o desenvolvimento de construção de uma central, nas proximidades de Palma, para produção e exportação de gás natural, avaliada em 20 mil milhões de dólares (cerca de 18,6 mil milhões de euros), mas suspenso desde 2021 devido aos ataques terroristas.

Nas últimas semanas têm sido relatados casos de ataques de grupos insurgentes em várias aldeias e estradas de Cabo Delgado, inclusive com abordagens a viaturas, rapto de motoristas e exigência de dinheiro para a população circular em algumas vias.

Ataques reivindicados pelo Estado Islâmico

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou na quarta-feira a autoria de um ataque terrorista em Macomia, em Cabo Delgado, e a morte de pelo menos 20 pessoas, um dos mais violentos em vários meses.

Através de canais de propaganda, o grupo terrorista documentou o ataque com imagens, a uma posição das forças armadas moçambicanas, levando vário material bélico, e reivindicou ainda outro ataque em Chiúre.

A Lusa não conseguiu atestar no terreno a autenticidade desta reivindicação e as autoridades moçambicanas não comentam as operações militares em curso em Cabo Delgado.

Contudo, o administrador distrital de Macomia, Tomás Badae, confirmou na segunda-feira que os grupos de insurgentes que atuam em Cabo Delgado atacaram uma posição das Forças de Defesa e Segurança (FDS) no distrito.

O ataque aconteceu entre a noite de sexta-feira e a madrugada de sábado, entre 23:00 e 03:00, no posto administrativo de Mucojo, a 45 quilómetros da sede distrital de Macomia: “Tomaram, sim, a posição e assaltaram-na, mas não temos mais informação se ainda estão lá ou já abandonaram”.

Ataque em Chiúre

Na terça-feira foi confirmado o ataque, também agora reivindicado pelo EI, no distrito de Chiúre, com a destruição de várias infraestruturas e igrejas.

O ataque começou por volta das 17:00 (15:00 de Lisboa) de segunda-feira e prolongou-se até quase meia-noite. O alvo foi a sede do posto administrativo de Mazeze, no interior do distrito de Chiúre, onde os rebeldes atearam fogo ao hospital, secretaria do posto administrativo e a residência da chefe do posto administrativo, avançou o administrador distrital de Chiúre.

“As infraestruturas estão basicamente destruídas”, disse Oliveira Amimo, acrescentando que os rebeldes destruíram a capela pertencente à Igreja Católica. “A parte de infraestruturas privadas, a capela dos padres, também foi destruída e neste momento o inimigo continua nas matas”, acrescentou.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos alguns ataques reivindicados pelo EI, o que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos do gás.

Depois de um período da relativa estabilidade, novos ataques e movimentações foram registados em Cabo Delgado, nas últimas semanas, embora localmente as autoridades suspeitem que a movimentação esteja ligada a perseguição imposta pelas Forças de Defesa e Segurança nos distritos de Macomia, Quissanga e Muidumbe, entre os mais afetados.


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