Igreja Católica francesa atravessa momento de revitalização com nova geração de seguidores
Neste feriado de Natal (25), em que 90% dos franceses estavam de folga e apenas 10% trabalham para garantir o atendimento de serviços essenciais, a imprensa faz um balanço da situação da Igreja Católica na França.
O jornal Le Figaro dedica sua manchete desta segunda-feira à resiliência da Igreja Católica francesa, após anos de crise provocada por denúncias de abusos sexuais de padres contra menores e protestos da corrente minoritária ultraconservadora, apegada aos dogmas, que não suporta o casamento entre pessoas do mesmo sexo, aborto ou divórcio, direitos garantidos pela legislação francesa.
A longa reportagem de capa do Le Figaro mostra que, embora os católicos representem hoje uma minoria dentro da população francesa, o ativismo de jovens laicos – a geração que tem hoje de 20 a 35 anos de idade – tem ajudado a instaurar uma dinâmica de renovação e tolerância. Eles têm demonstrado, por meio de iniciativas inovadoras, que as divisões intraeclesiais são anacrônicas diante dos desafios missionários, como o amor incondicional ao próximo, aponta o Le Figaro. Hoje, a Igreja Católica francesa tem menos poder do que já teve no passado, mas se relaciona com os fiéis de uma forma mais sólida e verdadeira, consideram especialistas ouvidos pelo jornal.
Neste Natal, quase 20 milhões de franceses irão a missas em igrejas de todo o país. Muitos deles estão preparados para acolher a recente decisão do papa Francisco, que autorizou padres a concederem bênçãos a casais do mesmo sexo ou divorciados.
O jornal católico La Croix destaca que essa decisão do papa foi motivada por uma necessidade de proximidade com os fiéis, que têm expressado e repetido que Deus e a Igreja Católica devem estar ao lado deles nos momentos mais importantes de suas vidas.
Durante a missa da véspera de Natal, celebrada no domingo (24), na Basílica de São Pedro, em Roma, o papa Francisco convidou os fiéis a adorarem um Deus que “habite nossas injustiças”, se manifestando contrário à imagem de um Deus “rígido e poderoso”, recorda o La Croix em seu site. Francisco também afirmou que o coração dos católicos estava em Belém, em uma clara alusão à guerra entre Israel e o Hamas.
Franceses se mobilizam para preservar patrimônio religioso
A França, que já sediou a residência oficial dos papas no século XIV, no período de 1309 a 1377, em Avignon (sudeste), possui 50 mil edifícios religiosos. No entanto, 1.137 construções estão em perigo, ou seja, 150 por região, de acordo com dados publicados pelo Le Figaro. Cerca de 5 mil construções, símbolos da história e das paisagens francesas, estão ameaçados de desaparecer”, revela um levantamento da Fondation de France.
Para manter esse patrimônio preservado, milhares de voluntários têm trabalhado para salvar a igreja de sua aldeia. A Fondation de France já arrecadou mais de € 1,5 milhão para a conservação desses locais sagrados, graças a cerca de 7,9 mil doadores.
Foto: AFP – JULIEN DE ROSA