Cerca de 30 juízes, procuradores e policiais presos por narcotráfico no Equador
Aproximadamente 30 pessoas, entre elas juízes, procuradores e policiais, foram presas nesta quinta-feira (14) no Equador, no âmbito de uma investigação por crimes relacionados ao narcotráfico, informou a procuradora-geral Diana Salazar.
O caso Metástase é “um claro raio X de como o narcotráfico se apoderou das instituições do Estado para operar por meio de dinheiro ilícito de órgãos judiciais e políticos e alcançar a impunidade em alguns casos”, disse Salazar em um vídeo publicado na rede social X (ex-Twitter).
Wilman Terán, presidente do Conselho Judicial, órgão encarregado de administrar a função judicial no país e que trata do aumento do tráfico de drogas e da violência criminal, foi preso nas operações.
Para Terán, que também foi juiz do Tribunal Nacional de Justiça, sua detenção foi “ilegal e arbitrária”.
“Até agora não sei o motivo”, comentou em declarações ao canal Ecuavisa.
Promotores, juízes, agentes penitenciários e policiais, incluindo um ex-general que trabalhou no órgão que administra as prisões, também estão envolvidos nas investigações.
A operação surgiu após a morte do traficante Leandro Norero, assassinado em 2022 em uma cadeia.
Em outubro do ano passado, sua morte levou a um massacre na prisão que durou três dias e deixou cerca de 30 mortos e mais de 60 feridos. Norero, de 36 anos, era conhecido como “El Patrón” e também era procurado pelas autoridades peruanas.
A quadrilha de Norero se dedicava a “vários crimes que estão relacionados com corrupção, narcotráfico, mortes violentas, lavagem de dinheiro e mais”, afirmou a polícia na mesma rede social.
Nas 75 buscas simultâneas, os policiais encontraram mais de US$ 40 mil (R$ 198 mil), três armas, 100 cartuchos e explosivos.
A sede do Conselho Judicial de Quito está entre as instituições que foram alvo da intervenção. Em um comunicado, a organização indicou que a prisão de Terán faz parte de uma “campanha de descrédito e ataque” contra a função judicial.
Salazar indicou que a operação desta manhã é a “maior da história contra a corrupção e o narcotráfico” no país, onde a polícia apreendeu 189 toneladas de droga entre janeiro e novembro.
O Equador atingiu um recorde de apreensões em 2021, quando 210 toneladas foram confiscadas.
A violência cresceu junto com o tráfico de drogas. Entre 2018 e 2022, os homicídios quadruplicaram no país.
“Hoje, o termo narcopolítica no Equador está em evidência, não está mais distante, porque podemos ver como as estruturas criminosas permeiam as instituições”, pontuou a procuradora-geral.
Ela alertou que a resposta à operação “será uma escalada de violência” no país.
Localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores de cocaína do mundo, o Equador se tornou nos últimos anos um centro logístico para a exportação de drogas.
Grupos criminosos ligados ao narcotráfico disputam nas ruas, com sangue e fogo, as rotas do tráfico de drogas.
As penitenciárias não escapam da violência e, desde fevereiro de 2021, pelo menos 460 presos morreram em sangrentos massacres.