Em Paris, ativistas ambientais se mobilizam contra fabricantes de cimento
Os manifestantes decoraram no domingo (10) uma unidade de produção de concreto da empresa Lafarge, em Paris, às margens do rio Sena, com grandes faixas, para denunciar o impacto climático e social deste setor, no final de um fim de semana de ações semelhantes organizadas pelo país.
Os membros do grupo “Les Soulevements de la Terre” (Revoltas da Terra) usavam máscaras de perus, em referência à expressão francesa “Les dindons de la farce” (“ser o alvo da piada” / “ser o peru da piada”), transformado em trocadilho com o nome da empresa-alvo: “Les dindons de Lafarge” (“os perus da Lafarge”).
Em outro ponto da cidade, sob o olhar de policiais, que acompanharam à distância, cerca de 150 pessoas de todas as idades se reuniram em clima pacífico em frente às instalações do grupo mexicano Cemex, no 13º arrondissement de Paris, a poucos passos da biblioteca nacional François-Mitterrand.
“Estamos nos reapropriando dos lugares ocupados pelos concretadores para abrir espaço para que as lutas locais se manifestem contra a grilagem de terras e a realização dos projetos faraônicos da Grande Paris ou das Olimpíadas de 2024”, explicaram os organizadores, denunciando também “as numerosas exceções” ao objetivo de “Artificialização líquida zero”, ZAN, na sigla em francês, meta estabelecida por lei para proteger o solo e evitar a instalação de estruturas artificiais em cimento, a fim de lutar contra a perda da biodiversidade e contra o aquecimento global.
Estiveram presentes opositores aos projetos de construção de uma via rápida em Yvelines, região onde está localizado o Palácio de Versalhes e da linha Grand Paris Express, que vai impactar diretamente terras agrícolas no sudoeste da capital francesa.
Na véspera, em Tarn, departamento do Sul da França, próximo a Marselha, os manifestantes marcharam contra a construção da auto-estrada A69. Alguns chegaram a entrar no canteiro de uma fábrica de revestimentos de concreto, que vai integrar o projeto.
Também ocorreram manifestações em frente a uma fábrica de concreto do grupo Lafarge em Saint-Barthélémy d’Anjou, a 260 quilômetros de Paris, e em Sainte-Cécile, no norte da França, contra um projeto de ampliação de uma pedreira cujo operador é uma filial da Vinci Construction.
A produção de cimento e concreto representa 8% das emissões globais de CO2, mais do que o transporte aéreo e o transporte marítimo juntos, admitem os profissionais.
“Na Lafarge acreditamos que os organizadores destas ações nas nossas unidades industriais estão visando o alvo errado”, respondeu a gigante do setor, garantindo que a “empresa está totalmente mobilizada na descarbonização das suas atividades e dos seus produtos”.
Crédito: AFP – DIMITAR DILKOFF