Casal de idosos acha máscara africana em casa, vende por R$ 790 e acha em leilão por R$ 22 milhões
Uma máscara africana, comprada por um casal de aposentados por 160 dólares (cerca de R$ 790) e, posteriormente, leiloada por 4,45 milhões de dólares (cerca de R$ 22 milhões), é o centro do debate no tribunal de Alès (sul de França).
Na abertura do julgamento, também estiveram presentes advogados que representam o Gabão, país de origem da máscara e que pretende recuperá-la, como terceiros.
O casal, um aposentado de 88 anos e sua esposa, uma dona de casa de 81, recorreram a um lojista para se livrar das antiguidades acumuladas em sua casa de verão no sul.
Entre estes objetos aparentemente sem valor estava esta máscara de madeira esculpida que pertenceu a um avô, um ex-governador colonial em África. Eles finalmente o venderam por cerca de US$ 160, em setembro de 2021.
O antiquário fixou o preço “com base em sites especializados” e na opinião de avaliadores “que não queriam o objeto”, disse Patrícia Pijot, sua advogada, destacando que o seu cliente “não é um profissional de estimativa ou de arte africana”.
Como prova da sua honestidade, recorda o seu advogado, propôs pagar ao casal 318 mil dólares, preço estimado pelos avaliadores do leilão por esta “máscara raríssima do século XIX, exclusiva de uma sociedade secreta do povo Fang no Gabão”.
O catálogo da sala de leilões de Montpellier afirmava que este objeto raro havia sido “coletado por volta de 1917, em circunstâncias desconhecidas, pelo governador colonial francês René-Victor Edward Maurice Fournier (1873-1931), provavelmente durante uma viagem ao Gabão”.
Na abertura do julgamento, os advogados que representam o governo do Gabão solicitaram que a sua intervenção fosse considerada admissível, a fim de “conseguir a anulação sucessiva das vendas desta máscara, a sua repatriação e a remessa dos fundos”.
A máscara está na posse de um colecionador anónimo desde 26 de março e o seu paradeiro é desconhecido.
Crédito da foto: Pascal Guyot/AFP