Ex-deputado e quatro opositores deixam a prisão na Venezuela após assinatura de acordo

O ex-deputado venezuelano Juan Requesens e o jornalista Roland Carreño, colaborador do líder político Juan Guaidó, foram libertados na quarta-feira (18) à noite ao lado de outros três “presos políticos”, após a assinatura de um acordo na mesa de negociações entre o governo e a oposição.

Gerardo Blyde, líder da delegação opositora na mesa de diálogo, publicou na rede social X uma foto ao lado de Carreño, detido em 2020 e acusado de terrorismo. 

Pouco depois, ele publicou uma mensagem com a lista dos cinco “presos libertados durante a noite”, incluindo Requesens, condenado pela acusação de tentativa de magnicídio contra o presidente Nicolás Maduro.

“O mais importante agora é avançar, agradecer a todos os que tornaram isto possível… não tenho palavras”, declarou Requesens diante de sua residência, onde cumpria pena de oito anos de detenção em prisão domiciliar.

“Agora a única coisa que quero fazer, além de ver vocês, é visitar meus pais”, acrescentou o ex-deputado, que foi aplaudido por várias pessoas.

“Estou um pouco atordoado porque, depois de três anos de tanta espera, de tanta angústia, que a liberdade chegue neste momento em particular me enche de muita esperança de que a liberdade da Venezuela também chegará”, disse Carreño ao sair da prisão de ‘El Helicoide’, sede do serviço de inteligência, em Caracas.

 Pressão dos Estados Unidos

Os outros liberados na quarta-feira são: Marco Garcés Carapaica, estudante universitário detido em 2020 por estar no mesmo veículo de um ex-marine americano; Mariana Barreto, presa por protestar em 2019 contra irregularidades no fornecimento de gasolina no estado andino de Trujillo (oeste); e Eurinel Rincón, que era secretária no ministério da Defesa e foi acusada de traição à pátria e vazamento de informações depois de aparecer em uma foto ao lado de um político da oposição.

O governo e a oposição assinaram na terça-feira em Barbados acordos políticos como parte da mesa de negociação, iniciada em agosto de 2021 e que foi reativada depois quase um ano de paralisação.

Um dos destaques do acordo é a celebração de eleições presidenciais no segundo semestre de 2024, com a presença de observadores estrangeiros.

O governo dos Estados Unidos, em resposta, suspendeu por seis meses as sanções ao petróleo, gás e ouro da Venezuela, impostas em 2019, mas insistiu na necessidade de revogação das inabilitações políticas, um ponto que ainda está em debate na mesa.

O secretário de Estado americano, Antony Blinke, afirmou em um comunicado que espera o começo da libertação de “todos os cidadãos americanos e presos políticos venezuelanos presos injustamente” no país.

Até 10 de outubro, a Venezuela tinha 273 presos políticos, segundo a ONG Foro Penal.

Conspiração e terrorismo

Requesens, que integrou o Parlamento eleito em 2015 e que tinha maioria opositora, foi condenado por “conspiração” após as explosões de dois drones nas proximidades de um palanque onde Maduro presidia um evento com militares, em 4 de agosto de 2018, em Caracas.

As autoridades acusaram o então presidente colombiano, Juan Manuel Santos, de planejar o ataque em colaboração com Estados Unidos e Peru.

Requesens foi detido três dias depois ao lado de mais 30 pessoas, incluindo um vereador que morreu sob custódia do serviço de inteligência (Sebin) depois de cair do 10º andar de uma das sedes do organismo. Dois policiais foram condenados pelo crime.

“Finalmente a liberdade plena para meu amigo e companheiro”, celebrou o líder opositor Henrique Capriles. “Finalmente a justiça foi feita”.

Carreño era coordenador do partido Vontade Popular – o mesmo de Guaidó, hoje exilado nos Estados Unidos, que o reconheceu como presidente até janeiro – e foi detido em outubro de 2020, quando foi acusado de atuar como “operador financeiro de planos de conspiração e terroristas” contra o governo de Maduro.


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