Revelados os vencedores do Prêmio Impactos Positivos 2023
Na segunda edição do evento, importantes atores do ecossistema de impacto do Brasil participaram de painéis sobre temas ESG, sustentabilidade e inovação, compartilhando experiências e insights com o público; no encontro, também foram anunciados os vencedores do Prêmio Impactos Positivos 2023
O 2º Encontro Impactos Positivos reuniu nesta terça-feira, dia 17, em São Paulo, na sede do Cubo Itaú, um destacado grupo de empreendedores e especialistas do ecossistema de impacto do Brasil para uma rica troca de conhecimentos e experiências sobre ESG e nova economia. O evento, também transmitido ao vivo pela internet, foi marcado ainda pelo anúncio dos vencedores do Prêmio Impactos Positivos 2023, que, anualmente, reconhece pessoas e organizações comprometidas com a transformação positiva da sociedade brasileira e global.
Em seu discurso, Filipe Guimarães, líder ESG e responsável pela área de Corporate Success do Cubo Itaú, que pela segunda vez sediou o evento, expressou seu entusiasmo pela oportunidade de acolher o Encontro Impactos Positivos. “O ecossistema de impacto tem tudo a ver com a nossa maneira de olhar para o ESG. Cubo é uma palavra que tem a ver com conexão, e não dá para falar de conexão sem olhar para impacto, para nossa ação além da tecnologia, considerando também o meio ambiente e a sociedade em geral. Vida longa a esse encontro”, declarou.
Já Phillippe Figueiredo, analista de inovação e responsável pela coordenação da carteira de projetos de Negócios de Impacto Socioambiental e Sustentabilidade do Sebrae Nacional, parceiro de longa data do Prêmio Impactos Positivos, destacou a importância de reconhecer a ampla gama de atores envolvidos na promoção desse ecossistema no país. “É uma satisfação enorme estar aqui mais uma vez, agora com uma visão mais ampliada da agenda de impacto, reconhecendo que ela é construída não apenas pelos empreendedores, mas também por uma série de outros atores, que têm papel fundamental no apoio a esse ecossistema de impacto no Brasil. Isso tem tudo a ver com o Sebrae, que é a casa do empreendedorismo brasileiro e tem dado grande ênfase para a nova economia, para os negócios que têm como visão a resolução de algum problema socioambiental, sempre com um olhar de inovação”, apontou.
Não por acaso, a inovação foi um dos temas que permeou toda a programação do 2º Encontro Impactos Positivos, composta por diversos painéis organizados segundo os pilares ESG. Nas discussões, especialistas de diferentes setores exploraram os temas mais atuais desse campo, com ênfase em inclusão, economia do futuro e sustentabilidade, além da inovação.
A jornada de compartilhamento de experiências teve início com a apresentação de Guilherme de Almeida Prado, da Central da Visão, vencedora do Prêmio Impacto Positivo 2022 na categoria Negócios de Impacto. A empresa, que nasceu para ampliar o acesso a cirurgias oftalmológicas de baixa e média complexidade de qualidade, é um exemplo de como o impacto positivo pode ser a base de um negócio de sucesso.
Em seguida, foi realizado o painel Impacto Ambiental, que, conduzido pelo jornalista Rodrigo Piscitelli, da TV Cultura, promoveu uma discussão sobre o papel crucial dos governos e das empresas no combate às mudanças climáticas com Lucas Ramalho Maciel, diretor do Departamento de Novas Economias da Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e com Marcio Astrini, diretor do Observatório do Clima.
Lucas Ramalho Maciel destacou a importância do evento por promover o ecossistema de impacto no Brasil e a transição para uma nova economia, que é também um objetivo da Secretaria de Economia Verde. “Estamos mobilizando investimentos para a transição energética no Brasil, por meio de investimentos na economia verde. Nosso país tem uma posição privilegiada para fazer isso e precisamos liderar esse movimento no mundo”, ressaltou.
A programação seguiu com o painel Inspiração – Transtorno de Déficit de Natureza, conduzido por Daniel Cady, nutricionista e impulsionador da agroecologia, que explorou a importância de reconectar as pessoas com a natureza e como pequenas ações podem gerar grandes impactos. “Nós temos que ser a mudança que queremos ver no mundo”, afirmou.
O painel seguinte foi o de Impacto Social, moderado pela jornalista Maria Clara Lopes, que abordou a questão da inclusão, um pilar essencial do desenvolvimento sustentável. A discussão contou com a participação de Tiago Reis, um dos criadores da Rybená, tecnologia assistiva de tradução de textos em português para Libras e voz, e Simone Catalan, co-gestora da Plataforma Caleidoscópio, que desenvolve o Jogo da Colaboração.
No painel de Impacto Governança, Roberta Coutinho, conselheira do Prêmio Impactos Positivos, liderou uma análise sobre finanças sustentáveis com a participação de Bianca Proença, do BNDES Garagem, e Livia Brando, da Vox Capital. As especialistas discutiram como a governança pode impulsionar a sustentabilidade financeira e exploraram as oportunidades de investimento disponíveis no mercado para negócios de impacto.
Por fim, o painel Inovação Sustentável abordou como a Inteligência Artificial (IA) e a governança podem colaborar para solucionar desafios críticos relacionados a ESG, Segurança, Compliance e Risco. Alexandre Uehara, também conselheiro do Prêmio, conduziu a conversa com Andrea Paiva, da FIAP, e Barbara Olivier, da Tensegrity, que falaram sobre os riscos e a ética por trás dessa tecnologia e descreveram alguns casos práticos de IA aplicados a projetos de impacto e à área da educação.
Premiação
Depois dessa intensa troca de conhecimento, foram anunciados os vencedores da 4ª edição do Prêmio Impactos Positivos 2023, com a participação de Victor Verardo, da Muri, um dos parceiros da iniciativa. Foram reconhecidas empresas e organizações que desenvolvem projetos e negócios inovadores que impactam positivamente a sociedade, contribuindo para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Vencedores por categoria
Negócios de Impacto
Ideação (negócios em fase de formação):
Reflora (Horizonte, Ceará) – Plataforma para o planejamento de produção e renda de sistemas agroflorestais, voltada para restauração ecológica com ganhos econômicos em diferentes biomas. Seu foco é otimizar tempo e recursos e favorecer a diversificação produtiva nos agroecossistemas.
Operação (empresas já formalizadas):
See U App (Arapiraca, Alagoas) – Aplicativo que dá autonomia para pessoas cegas e com deficiência visual severa através da inteligência artificial, realidade virtual e ecolocalização.
Tração (empresas no mercado há mais de um ano e em crescimento):
Bazar Social Carisma (Osasco, São Paulo) – Capacitação em corte e costura ágil que contempla, além da parte técnica, módulos de empreendedorismo feminino e sustentabilidade. Em três meses, as alunas passam por aulas teóricas e práticas e são capazes de produzir peças com autonomia.
Ecossistema de Impacto
Dinamizadores (instituições que fomentam o ecossistema de impacto):
Cinema Nosso (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro) – Instituição sociocultural que democratiza a formação e produção audiovisual com inovação e novas tecnologias, gerando impacto social em jovens periféricos de todo o país. Com 20 anos de existência, é reconhecida como uma das maiores escolas populares de audiovisual na América Latina.
Comunidades:
Aventura em Construir (São Paulo, São Paulo) – Instituição criada pela italiana Fondazione Umano Progresso (FUP) que promove o desenvolvimento territorial inclusivo, capacitando e acompanhando pequenos e microempreendedores periféricos e possibilitando acesso ao crédito para incentivar transformações socioambientais.
Médias e grandes empresas (companhias que fomentam o ecossistema de impacto):
CAMP SBC (São Bernardo do Campo, São Paulo) – Empresa fundada por rotarianos que, há mais de 40 anos, encaminha jovens em vulnerabilidade social para o mercado de trabalho.
Além de receber um troféu, todos os vencedores terão direito a consultorias, mentorias e outras ferramentas de conhecimento oferecidas pelos parceiros do prêmio para desenvolver suas atividades e ampliar ainda mais sua capacidade de trazer impacto positivo ao Brasil. Mércia Britto, sócia-fundadora e diretora executiva do Cinema Nosso, iniciativa vencedora na categoria Ecossistema de Impacto, enfatizou a importância do Prêmio. “Esse reconhecimento nos inspira a continuar trabalhando para capacitar jovens e fomentar a criatividade, contar histórias que fazem a diferença. É um lembrete de que juntos podemos fazer mudanças significativas na sociedade para as novas gerações. Um prêmio de impactos positivos é muito importante para essas organizações que pensam o nosso país sob a ótica da inovação”, afirmou.
Para Gisele Abrahão, idealizadora do prêmio, a iniciativa ressaltou a força do ecossistema de impacto nacional. “Recebemos 214 inscrições de norte a sul do Brasil, de pessoas e empresas que estão impactando positivamente a sociedade e o nosso planeta, que estão transformando, regenerando, evoluindo nosso senso de bem comum”, disse.
Philippe Figueiredo, do Sebrae, também destacou a importância de desenvolver modelos de negócios responsáveis que geram impactos positivos. “Acreditamos muito no prêmio como uma plataforma de oportunidade para os negócios e os parceiros. Sabemos como é importante essa visibilidade, como é difícil dar luz a todos esses negócios e alcançar certos mercados. Então, queremos que os empreendedores brasileiros vejam nessa ação uma oportunidade de criar vínculos importantes para o desenvolvimento dos seus negócios e para a atuação de todos”, afirmou.
Figueiredo aproveitou a oportunidade ainda para apresentar o programa Inova Amazônia, do Sebrae, que visa fomentar projetos e empreendedores com soluções focadas na bioeconomia da Amazônia, um bioma com grande potencial de inovação e sustentabilidade.
Imagens Luiza Sternecker e Mariana Sampaio