Volta às aulas: como fica a saúde mental de crianças e adolescentes após as férias?

Psicólogo explica o papel dos pais e educadores nesse retorno

Com o período de férias chegando ao fim, milhares de crianças e adolescentes estão se preparando para voltar às aulas. Apesar de muitos estarem ansiosos pela retomada da rotina escolar e pelo reencontro com amigos, é muito importante tomar certos cuidados com a saúde mental neste momento de transição.

Para o psicólogo e professor do curso de Psicologia do UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau Paulista, Cleyson Monteiro, durante as férias, é comum que as crianças e os adolescentes desfrutem de um período de diversão e lazer, o qual tem uma funcionalidade no impacto cognitivo e desenvolvimento deles. Mas nesse momento também podem surgir problemas de saúde mental. “A falta de rotina, a exposição excessiva às telas, a pressão por atividades extracurriculares e a preocupação com alguns temas, como a aparência física, podem contribuir para o surgimento de sintomas de ansiedade, depressão e estresse”, ressalta.

Em virtude disso, é essencial que pais, responsáveis e educadores estejam atentos a possíveis sinais de alterações no comportamento dos jovens. Mudanças abruptas de humor, irritabilidade constante, isolamento social, perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas, alterações no sono e no apetite são alguns dos sintomas que podem indicar problemas emocionais. Eles também precisam tentar, ao máximo, reduzir o uso de telas dos mais jovens. Isso inclui celulares, televisores e tablets. É preciso buscar por mais atividades lúdicas.

“Quando a criança apresenta quadro de ansiedade, deve ser estabelecido uma rotina saudável, como ler, dançar, brincar, cantar e agregar o uso de telas. Isso não significa proibir o uso de telas, mas controlar. A modernidade exige dos pais um trabalho muito intenso e, muitas vezes, eles não têm tempo nem paciência. Portanto, é necessária uma harmonia familiar, na qual a criança esteja equilibrada, recebendo apoio e sentindo-se segura. É fundamental promover um ambiente favorável ao diálogo e à expressão de sentimentos, permitindo que os mais jovens compartilhem suas preocupações e questões internas. Além disso, é importante oferecer opções de atividades que estimulem o bem-estar emocional e físico, como exercícios físicos, momentos de lazer longe das telas, leitura e contato com a natureza”, explica Cleyson.

O ideal é procurar, por meio de indicações e apoio do próprio colégio, profissionais habilitados que possam orientar os pais sobre darem um suporte para que a criança ou o adolescente tenham uma condição de volta favorável. As escolas também têm um papel crucial na promoção da saúde mental dos estudantes. Além de oferecer um ambiente acolhedor, é importante que os profissionais estejam preparados para identificar sinais de problemas emocionais e encaminhar os alunos para acompanhamento psicológico, se necessário.

“É importante entender que a saúde mental não deve ser negligenciada, especialmente neste período de volta às aulas, em que crianças e adolescentes enfrentam uma série de mudanças e readaptações. Portanto, é fundamental que todos os envolvidos – família, escola e sociedade – estejam comprometidos em garantir o bem-estar emocional dos mais jovens. Lembrando que a busca por auxílio profissional é sempre indicada caso os sintomas persistam ou se agravem. Afinal, cuidar da saúde mental deve ser uma prioridade em todas as fases da vida”, finaliza o psicólogo.


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