22 de setembro de 2024

Quase 1.000 professores e professoras de todo o Brasil se inscreveram no Prêmio Liga STEAM 2023

Começa agora a avaliação dos projetos apresentados, como o da professora Josefa S. dos Santos, que está mudando a realidade dos catadores de resíduos sólidos em Comodoro (MT)

O projeto desenvolvido no ano passado por alunos do 9º ano do Ensino Fundamental da Cooperativa Educacional (COEDUC) de Comodoro, a 642 quilômetros de Cuiabá, no Mato Grosso, está mudando para melhor a realidade dos catadores de resíduos sólidos da cidade. Chamado “Lavoisier: na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, o projeto já desenvolveu treinamentos de práticas sanitárias, produção de adubo orgânico e, agora, contribui para a criação de uma associação dos catadores, por meio da qual eles poderão se organizar para melhorar suas condições de trabalho. As ideias dos alunos já foram apresentadas ao prefeito da cidade e avaliadas pela Câmara Municipal, em sessão na qual os estudantes ocuparam a tribuna de honra da casa, e ao Fórum da Comarca de Comodoro.

O projeto “Lavoisier” ficou em terceiro lugar no Prêmio Liga STEAM de 2022 que, na edição deste ano, envolverá 954 professoras e professores de escolas públicas brasileiras da Educação Básica, da Educação Infantil, a partir da faixa etária de 4 anos, e do Ensino Fundamental e Médio. O número foi fechado no último dia 28/06, com o encerramento das inscrições. Promovido pela Fundação ArcelorMittal, Fundação Banco do Brasil, AVSI Brasil e a Tríade Educacional, o Prêmio Liga STEAM 2023 entra agora na fase de avaliação dos projetos apresentados pelos inscritos. A expectativa dos organizadores é de receber centenas de projetos como o de Comodoro.

A competição visa disseminar dentro das escolas brasileiras a abordagem STEAM, que é muito difundida em países como Estados Unidos, China, Austrália e Reino Unido. Ela promove o conhecimento por meio de metodologias ativas (como a aprendizagem baseada em projetos) e valoriza a contribuição coletiva dos alunos. Partindo de questões reais da comunidade, utiliza, para respondê-las, conhecimentos das áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática, daí o acrônimo STEAM. Por suas características, a abordagem contribui para a implantação da Base Nacional Comum Curricular.

“O envolvimento dos alunos no projeto foi total”, relata a professora Josefa S. dos Santos, que coordenou o projeto “Lavoisier” com seus alunos em Comodoro. “Começamos falando de sustentabilidade, chegamos à questão dos resíduos sólidos e, discutindo a situação dos catadores, os alunos trabalharam no projeto temas ligados à geografia, biologia, ciências econômicas, matemática, tecnologia e muito mais”, conta a professora. “Hoje eles conversam sobre o assunto com contexto e propriedade.”

O Prêmio Liga STEAM estimula a participação de professores e alunos com premiações. As escolas vencedoras do Ensino Fundamental, a partir do 3º ano, e as do Ensino Médio serão premiadas com um laboratório de robótica em cada categoria. A escola vencedora de Educação Infantil, a partir de 4 anos e turmas até o 2º ano do Ensino Fundamental, constituem a categoria que receberá uma brinquedoteca. Para os segundos e terceiros lugares de cada categoria, os prêmios são em dinheiro, que deve ser revertido em equipamentos e benfeitorias para as escolas.

Transformação para melhor

“Com a premiação em dinheiro que recebemos nós compramos uma impressora 3D para montar peças que nos auxiliarão em várias matérias em sala de aula”, informa a professora Josefa S. dos Santos. Ela diz que pretende fazer modelos de células biológicas, cadeias montanhosas e outros tipos de peças de uso multidisciplinar. E embora o prêmio seja interessante, o melhor do Liga STEAM, para a professora, é a participação ativa dos alunos.

O maior desafio do projeto “Lavoisier”, segundo ela, foi estimular os catadores a se organizarem em uma associação. “Precisávamos de informações, recursos para o registro e envolvimento de parceiros”, conta ela. A classe foi dividida em grupos. Um teve a missão de cadastrar os catadores da cidade e mapeou 27 pessoas ligadas à atividade. Outro ficou responsável pelo levantamento de recursos para o registro da associação (reunidos em um “grupo de empreendedorismo”, os alunos usaram expedientes como a venda de docinhos e, no total, arrecadaram R$ 1.200). Outro grupo, que tratou da necessidade de formação dos catadores, conseguiu envolver a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural (SEMDER) e, por meio da assistência técnica, vários cursos já aconteceram. Dois alunos da 3ª série do Ensino Médio da escola criaram um aplicativo de coleta seletiva que ajudou a divulgar o projeto. E o “Lavoisier” cresceu: hoje inclui a ideia de aproveitar o lixo orgânico na fabricação de adubos, com a ajuda de um professor especialista no tema.

Josefa S. dos Santos se emociona ao contar a história. “A atenção às aulas, a capacidade de interpretação e compreensão dos alunos sofreu uma transformação para melhor”, diz ela. “Hoje, com um click, o aluno já sabe de tudo. Se o professor focar somente em conteúdo, a aula fica maçante”, garante Josefa. “É diferente com a abordagem STEAM: se eu trabalhar Geografia junto com Biologia, a aula rende mais”, diz ela.

Comunidade de Educadores STEAM – Coorte

Josefa S. dos Santos já havia feito um mestrado sobre a abordagem STEAM antes de conhecer o Liga STEAM, por isso logo abraçou a proposta do ensino por projetos. Além do conhecimento ampliado pela utilização de conhecimentos de várias áreas, ela diz que trabalhar com um objetivo a ser alcançado injetou nova dinâmica nas aulas. “O conteúdo se conecta com a vida dos alunos e faz muito mais sentido”, diz ela. “Conseguimos reacender o interesse dos alunos, coisa que parece que eles vão perdendo à medida em que progridem do ensino fundamental para o médio”, relata.

Josefa S. dos Santos apoia a abordagem STEAM (“Não consigo mais pensar em educar sem usar projetos”, diz ela), mas pensa ser necessário disseminar o conceito entre mais professores. “Essa é uma mudança que exige o repensar das aulas e os professores devem trabalhar em conjunto”, reflete ela.

Essa é uma realidade contemplada no Liga STEAM que, em 2023 e 2024, tem o objetivo de disseminar conhecimento sobre a abordagem educacional entre 5.000 professores brasileiros. Além disso, o projeto da Fundação ArcelorMittal e Fundação Banco do Brasil pretende criar uma Comunidade de Educadores STEAM, selecionando 50 professoras e professores de todo o país por ano. Esses especialistas, por meio de estudos e pesquisas, se dedicarão à disseminação dessa abordagem pedagógica em suas redes de influência. Em 2022 o primeiro grupo foi formado por meio de seleção pública em vários estados brasileiros. O processo será repetido este ano.

“O objetivo da aliança entre a Fundação ArcelorMittal e a Fundação Banco do Brasil é deixar um legado benéfico e duradouro para a educação brasileira”, explica Tatiana Nolasco, presidente da Fundação ArcelorMittal. “Nossa expectativa é ampliar a escala da formação em STEAM e esperamos que milhares de professores continuem a utilizar a abordagem em sala de aula”, diz ela. “Com esse projeto pretendemos preparar melhor os estudantes para a vida e para o mercado de trabalho”, completa.

SERVIÇO

O que é a Liga STEAM

A Liga STEAM é uma estratégia criada pela Fundação ArcelorMittal para conectar parceiros relevantes e somar forças para investir na educação do Brasil. Hoje, em conjunto com a Fundação Banco do Brasil, a AVSI Brasil e a Tríade Educacional, é um dos maiores programas de formação gratuita de educadores em STEAM do país. “O futuro do país passa, necessariamente, pela educação, e começando a investir nela hoje, certamente estamos trabalhando por um amanhã melhor”, diz Tatiana Nolasco, presidente da Fundação ArcelorMittal.

O que é STEAM – STEAM é uma abordagem educacional que integra as áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática, muito difundida em países como Estados Unidos, China, Austrália e Reino Unido. A abordagem STEAM desenvolve conhecimento por meio de metodologias ativas, como a aprendizagem baseada em projetos, a partir da resolução de problemas reais do dia a dia. Os projetos valorizam a contribuição coletiva dos alunos e a aplicação de conhecimentos e habilidades de diferentes áreas.

Sobre a Fundação ArcelorMittal – Criada em 1988, a Fundação ArcelorMittal é responsável por direcionar os investimentos sociais e conectar o Grupo ArcelorMittal a causas relevantes para a cidadania das crianças e jovens brasileiros. As iniciativas promovidas pela Fundação se articulam em três eixos prioritários: Educação, Cultura e Esporte. Só em 2022, mais de R$73 milhões foram investidos em recursos próprios e incentivados.

Sobre a Fundação Banco do Brasil – Em 1985, o Banco do Brasil instituiu a Fundação BB para contribuir para a transformação social dos brasileiros e o desenvolvimento sustentável do país. É a principal instituição gestora dos projetos socioambientais apoiados por meio do Investimento Social Privado – ISP do BB e de parceiros, declarada o coração social do Banco do Brasil. Nos últimos 10 anos, foram investidos R$ 2,6 bilhões em 10 mil iniciativas que impactaram positivamente a vida de 6,6 milhões de pessoas. Os eixos de atuação são: Tecnologia Social (eixo transversal), Educação para o Futuro, Meio Ambiente e Renda, Saúde e Bem-estar, Ajuda Humanitária e Voluntariado.

Sobre a Associação Voluntários para o Serviço Internacional – AVSI Brasil – É uma organização brasileira, sem fins lucrativos, constituída em 2007, cuja missão é tornar as pessoas protagonistas de seu desenvolvimento, de sua família e de sua comunidade, por meio de projetos sociais em contextos de vulnerabilidade ou emergência humanitária. É uma organização local vinculada ao contexto internacional por meio da Fundação AVSI, ONG de origem italiana que atua em 39 países, presente no Brasil desde a década de 1980 e que estimulou a criação da AVSI Brasil.

Sobre a Tríade Educacional – É referência na formação docente e na produção de materiais relacionados à educação inovadora, envolvendo temáticas como Metodologias Ativas, Ensino Híbrido e STEAM. Seus diretores, Lilian Bacich e Leandro Holanda, são autores de materiais que são bases de propostas de formação nessas temáticas pelo país e têm impactado milhares de educadores e centenas de instituições de ensino nos últimos 10 anos.

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