“Vamos defender o MST na CPI e mostrar o valor que tem para o país”, diz presidente do PT

"Quem produz arroz, feijão, mandioca, o leite, são os pequenos agricultores. Então a gente tem que mostrar isso, a importância do movimento, como ele nasceu e pelo que ele luta”

Em entrevista ao programa Jornal PT Brasil da TvPT que foi ao ar na terça-feira (30), a presidenta do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), falou sobre a CPI do MST que foi instalada na Câmara Federal. Gleisi foi designada como membro suplente dessa CPI pela bancada do PT na Câmara.

Para a presidenta do PT, esta CPI do MST não deveria nem mesmo existir, pois além de já terem sido instaladas outras CPI´s, inclusive durante os mandatos anteriores do presidente Lula, numa tentativa de criminalizar o movimento,  nada foi comprovado. Também não há nenhum objeto determinado para o funcionamento de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, conforme determina a legislação.

Gleisi vê no fato uma resposta da oposição à CPMI do Golpe de 8 de janeiro. “A CPI do MST é muito em resposta à CPMI do Golpe do dia 8 de janeiro. Como este pessoal ficou muito no canto, porque, de fato, eles articularam o golpe no dia 8 de janeiro, fizeram uma ofensiva em cima de um movimento social, que é o maior movimento social organizado no Brasil e reconhecido internacionalmente. E que tem contribuído muito para o desenvolvimento do nosso país, inclusive com os assentamentos rurais”, afirmou.

Ela lembrou que, na CPI do MST, os defensores do movimento são minoria, com apenas 14 parlamentares, enquanto uma ampla maioria de 40 deputados e deputadas são contra. “Então é uma correlação de forças ruim, eles com certeza vão fazer o relatório que eles quiserem. O que precisamos fazer é mostrar para a sociedade quem é o MST, o valor que ele tem para o país, o que são os assentamentos feitos pela reforma agrária, as cooperativas, a produção de alimentos que vai para a mesa do povo trabalhador. Esse é o nosso papel lá e acho que a gente tem conseguido fazer e avançar”, reforça ela.

Durante a sua entrevista ao Jornal PT Brasil, Gleisi Hoffmann fez um resgate da história das vítimas da grilagem de terra ocorrida no país por centenas de anos e da origem do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, que surgiu em 1984, ainda durante o regime militar, quando pequenos agricultores foram privados de suas terras alagadas para a construção da usina de Itaipu. Uma grande parte deles inclusive não recebeu nenhuma indenização.

Ela relembrou ainda que nos governos do presidente Lula foram realizados a regularização e assentamentos em mais de 50 milhões de hectares de terras. “Foi uma das maiores ações de reforma agrária no país e isso não trouxe nenhum prejuízo para o agronegócio, para o grande agricultor, ao contrário, possibilitou uma maior produção de alimentos e, portanto, melhores condições de negócios para a nossa economia. A demanda por alimentos é crescente e a grande maioria dos grandes produtores não produz o alimento que vai para a mesa do trabalhador, produzem grãos que vão para a exportação, como milho e soja. Quem produz arroz, feijão, mandioca, o leite, são os pequenos agricultores. Então a gente tem que mostrar isso, a importância do movimento, como ele nasceu e pelo que ele luta”, enfatizou.

CPMI DO GOLPE

Gleisi também abordou o trabalho da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre os atos terroristas executados no dia 8 de janeiro por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília.

“Nós temos que deixar claro, limpinho, quem foram os responsáveis pela barbaridade que aconteceu no dia 8 de janeiro. Os Três Poderes não podem ser atacados, vilipendiados e destruídos e [não dá para] achar que isso não tem relevância, tem muita relevância. Essa gente veio para Brasília no dia 8 porque pretendia dar um golpe, é isso”, reafirmou a presidente do PT.

Gleisi fez um relato sobre os fatos ocorridos antes dos atos terroristas de 8 de janeiro, ainda em outubro do ano passado, quando foi iniciado um movimento para questionar o resultado de eleição e para que Bolsonaro pudesse voltar ao poder. “Isso começou com o próprio Bolsonaro, desacreditando as urnas eletrônicas, colocando isso em xeque, depois ele fugiu do Brasil e foi para os Estados Unidos, deixando o país acéfalo. Quem cuidou do país nos últimos dois meses de 2022 foi a equipe do governo de transição do presidente Lula”, lembrou ela.

Gleisi Hoffmann lembrou também que Bolsonaro mandava recados para o seu pessoal para que não aceitasse a derrota e vários expoentes do bolsonarismo, blogueiros e deputados também fizeram o mesmo. “E, logo depois, nós tivemos a ocupação em frente aos quartéis, aquele foi um movimento organizado pela turma do Bolsonaro, que era para fazer uma resistência. Depois nós tivemos atos de violência aqui em Brasília, no dia anterior à posse do presidente Lula queimaram ônibus e praticaram vandalismo, depois a bomba colocada no aeroporto em Brasília e tudo isso trouxe até o dia 8. Então tem uma sequência de ações que foram desencadeadas que eram preparatórias para o dia 8”.

Para ela, tudo isso aconteceu como algo planejado. “Nós queremos saber de todos que planejaram, quem financiou, esses têm que ser responsabilizados, inclusive o ex-presidente da República, e também os parlamentares, quem assinou o pedido da CPI foi um parlamentar deles, não foi o governo quem pediu. E agora eles estão arrependidos porque vai se voltar contra eles, pois os fatos e atos levam a eles. Esse parlamentar, autor do pedido, está na CPI e não poderia estar nela porque é um dos investigados, porque deu apoio e defendeu os atos do dia 8. Isso é muito grave, não podemos concordar com isso”, protestou.

“A democracia para nós é muito importante, essa vai ser a CPMI da democracia. Eles podem espernear, podem gritar e podem chorar, mas essa é uma CPMI onde temos uma maioria constituída para mostrar para a sociedade o que realmente ocorreu no dia 8 de janeiro, finalizou a presidenta do PT.

Veja a entrevista: 


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