Aluno da Escolinha do CPB estreia no atletismo durante Conexão Paralímpica após transplante de medula e quatro AVCs

Fabrício Klein Ribeiro, aluno da Escola Paralímpica de Esportes, participou de provas de pista e campo no CT Paralímpico; evento reuniu estreantes e atletas com experiência internacional em disputas universitárias, militares e entre Centros de Referência em São Paulo, nos dias 26 e 27 de maio

O aluno da Escola Paralímpica de Esportes Fabrício Klein Ribeiro, 13, participou de suas primeiras competições esportivas de atletismo durante o Conexão Paralímpica, evento realizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), nestas quinta-feira, 25, e sexta-feira, 26, após se recuperar de um transplante de medula e quatro cirurgias.

O Conexão Paralímpica é um evento realizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) desde 2022 e que agrega três competições: as Paralimpíadas Universitárias, torneio com estudantes universitários; o Intercentros, competição entre alunos dos Centros de Referência do CPB; e as Paralimpíadas Militares, que têm o objetivo de estimular a prática esportiva entre militares e agentes de segurança com deficiência, a fim de identificar e desenvolver talentos. O evento contou Paralimpíadas Militares, com a participação de 301 atletas de 11 estados e DF. 

Foram realizadas disputas em cinco modalidades: atletismo, natação, bocha, tiro com arco e tiro esportivo. As quatro primeiras aconteceram no Centro de Treinamento Paralímpico e a última na Escola de Educação Física da Polícia Militar.

Fabrício passou a fazer parte do projeto de iniciação esportiva do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) em 2023. O jovem nasceu com anemia falciforme, doença genética que afeta a forma da hemoglobina, e só pôde começar a praticar esportes após receber um transplante de medula óssea em 2017 e passar por tratamento contra a doença. O doador do órgão foi o seu irmão, Gabriel, 15, que tem miopia degenerativa e também é aluno da Escolinha do CPB, como é carinhosamente chamado o projeto.

O atleta paulistano ainda tem sequelas de quatro acidentes vasculares cerebrais, dois em 2015, um em 2016 e outro em 2020.

“Estava um pouco ansioso, com receio de participar da competição. Mas, no final, achei que deu tudo certo. Meu sonho agora já é ser um atleta paralímpico de alto rendimento”, disse Fabrício, que ganhou três medalhas de ouro pelas classes F37 e T37 (paralisia cerebral), no lançamento de disco e nos 75m e 250m na disputa sub-16 do Intercentros.

A principal característica do Conexão Paralímpica é justamente a convivência entre novatos e atletas da elite. Nos Paralimpíadas Militares, o paranaense Romualdo Ferreira Silva Marques, 35, afirmou ser motivo de orgulho poder representar a Polícia Militar do Paraná nas disputas do tiro esportivo em vez do seu clube Reagir, como acontece em outras competições. Nesta sexta-feira, ganhou uma medalha de prata na prova P1 (pistola de ar 10m masculino) pela classe SH1.

Ele teve uma amputação na perna esquerda acima do joelho após ser atingido por um tiro em 2021. “Adquiri minha deficiência em combate, no exercício da atividade, protegendo a sociedade. Por causa disso, não posso fazer o mesmo trabalho de antes. Mas agora posso defender a bandeira do estado e a instituição em uma competição. Isso dá vida para o ser humano”, completou.

Romualdo também participou da primeira edição do Conexão Paralímpica, em 2022, e das duas etapas do Circuito Loterias Caixa de tiro esportivo, em 2023.

Entre os que já têm experiência internacional e participaram do Conexão está o catarinense Gabriel Rigol Prezzi, 21, que ficou com a medalha de prata na classe BC2 da bocha nas Paralimpíadas Universitárias. O jovem, que tem paralisia cerebral, já é tetracampeão brasileiro e catarinense, com participação nos Jogos Parapan-Americanos de Jovens em 2017, em São Paulo.

“O nível da competição foi muito bom, semelhante às demais que já participei. Desde o início, foi preciso estar sempre atento aos detalhes nas quatro parciais”, disse o catarinense, que concilia treinos diários com os estudos de nível superior em administração na Estácio .

A nadadora Beatriz Santos Oliveira, 20, da classe S8 (comprometimentos físico-motores), venceu os 200m medley representando a Universidade São Francisco (USF), onde estuda processos gerenciais na cidade de Taubaté, no interior paulista. Ela nadou a prova em 3min59s17.

“Eu já participo das etapas do Circuito Loterias Caixa e gostei muito de estar nas disputas universitárias. Estou conseguindo diminuir meus tempos. Agora meu maior objetivo é bater um recorde brasileiro ainda este ano e vou fazer o possível para isso”, afirmou a atleta, que nasceu com artrogripose, má-formação nas articulações, e começou a nadar aos dez anos, após receber convite de um técnico durante uma festa de Carnaval.

Além da capital paulista, que recebeu o evento em maio, Goiânia (GO), em junho, e João Pessoa (PB), em julho, receberão o evento. Em outubro, a temporada será encerrada com uma fase nacional, novamente em São Paulo.


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