Estudos mostram os efeitos do amor incondicional de mãe

Filhos que recebem amor incondicional têm menos probabilidade de desenvolver transtornos mentais e comportamentais

Quem nunca ouviu falar que amor de mãe é único e insubstituível? Conhecido como amor incondicional, o sentimento não impõe condições ou expectativas, é dado livremente e sem reservas.

Para Claudia Petry, pedagoga, especialista em Educação para a Sexualidade pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC/SC) e professora no Instituto de Parapsicologia e Ciências Mentais de Joinville (SC); trata-se de um amor genuíno e autêntico, sem a exigência de que o outro corresponda ou atenda às nossas necessidades.

“O amor incondicional prioriza o bem-estar do filho, é altruísta, generoso, capaz de perdoar, compreender e apoiar, independentemente das circunstâncias externas. Esse é o tipo mais puro de amor que, em um cenário ideal, se torna uma fonte imensurável de transformações e efeitos positivos, tanto para a mãe como para o filho”, ressalta Claudia Petry.

O que o amor incondicional é capaz de proporcionar

Essa conexão pode ter impactos positivos a curto e longo prazo no desenvolvimento emocional, cognitivo e social de ambos. Alguns dos principais benefícios incluem:

Estímulos cognitivos, sociais e emocionais: A Universidade da Califórnia (UCLA), em Los Angeles, Estados Unidos, realizou diversas pesquisas sobre as emoções positivas e suas influências no comportamento humano. Uma delas mostrou que ser amado incondicionalmente pode aumentar a autoestima, segurança e autoconfiança, uma vez que o filho se sente valorizado e apoiado, independentemente de suas falhas e imperfeições.

Já uma pesquisa do Child Study Center, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, revelou que o contato afetivo e o apoio materno desempenham um papel fundamental no desenvolvimento cognitivo, emocional e social da criança, uma vez que esta conexão ativa regiões importantes do cérebro, especialmente o hipocampo, área responsável por funções como a memória, o aprendizado e o controle das emoções.

Na pesquisa, imagens do cérebro mostraram que demonstrações de afeto são especialmente importantes para crianças com menos de seis anos. Isso se deve à maior plasticidade cerebral que ocorre nesta fase, permitindo que o cérebro se adapte e se desenvolva de acordo com os estímulos recebidos.

Segundo a especialista, a plasticidade cerebral se refere à capacidade do cérebro de se reorganizar em resposta a novas experiências e informações. Durante os primeiros anos de vida, o cérebro passa por um período de rápido crescimento e desenvolvimento, com a formação de novas conexões neurais e a eliminação de conexões menos utilizadas, um processo conhecido como poda sináptica.

“Estes estímulos irão contribuir para o desenvolvimento da inteligência emocional, ajudando a criança a identificar, expressar e regular suas emoções; e também o desempenho cognitivo, criando maior facilidade para desenvolver comunicação, habilidades interpessoais, tomada de decisão, empatia, compaixão e resiliência, aprendendo a lidar melhor com os desafios da vida e aceitar as diferenças com respeito e tolerância”, enfatiza Claudia Petry.

Promoção da saúde mental: A Universidade de Toronto, no Canadá, realizou várias pesquisas sobre a relação entre amor incondicional e bem-estar psicológico. Em uma delas, foi constatado que indivíduos que dão e recebem amor incondicional apresentam níveis mais elevados de felicidade e menos sintomas de estresse e ansiedade.

Ou seja, crianças que recebem amor incondicional e apoio têm menos probabilidade de desenvolver transtornos mentais e comportamentais. Isso ocorre porque o amor incondicional de mãe pode criar uma base emocional segura e estável para a criança, fazendo-a lidar com as adversidades da vida de forma mais leve e racional.

Outra pesquisa do Child Study Center apontou que o amor materno ativa o sistema nervoso parassimpático, responsável por regular funções do corpo, como a diminuição da frequência cardíaca, promovendo uma sensação de relaxamento.

Além disso, durante a interação mãe-filho, há maior liberação de neurotransmissores como a dopamina e serotonina, que ajudam a diminuir os níveis de estresse e elevam sentimentos de prazer e bem-estar.

Segundo Petry, isso é particularmente importante para o desenvolvimento da criança, pois a regulação emocional adequada está associada a melhores habilidades sociais, menos chances de distúrbios comportamentais e maior bem-estar geral.

“Vale lembrar que o amor incondicional não deve ser confundido com permissividade ou negligência. É essencial definir e manter limites saudáveis, até porque isso faz parte do processo de aprendizado e amadurecimento. Afinal, amar também é dizer não”, finaliza Claudia Petry.


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