Dia da Amizade, socializar: ‘bom para a saúde mental’

O dia 14 de fevereiro é conhecido no Brasil por ser uma adaptação do “Valentine’s Day”, que é comemorado no mesmo dia no exterior. Porém, por aqui o dia tem o significado voltado para a amizade. 

Os especialistas Higor Caldato (@drhigorcaldato), médico psiquiatra e sócio da Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), especialista em psicoterapias e transtornos alimentares, e Philippe Diniz, médico psiquiatra da Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), mestre em saúde coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor de pós-graduação (Universidade Celso Lisboa) comentam o papel da socialização no cotidiano das pessoas.

Para a grande maioria das pessoas, a construção das relações sociais proporcionam uma sensação de bem-estar e é vista como uma oportunidade de melhorar a qualidade de vida e a saúde emocional, diz Higor.

“O nosso cérebro apresenta áreas que são especializadas em regular o nosso comportamento social, isso torna possível vivermos em sociedade, sermos mais empáticos, assertivos e resolver conflitos interpessoais”, completa.

Os seres humanos são seres sociais, está no DNA a necessidade de conectar, viver juntos, relacionar uns com os outros, mesmo que de forma mínima. Viver em sociedade, suportar as diferenças, estabelecer regras de convívios e limites tem sido um trabalho árduo para nossa espécie desde que surgimos há milhares de anos. Segundo Y. N. Harari, em sua obra Sapiens (2018), onde tenta elaborar uma breve história do homem como espécie, nossa maior arma evolutiva foi a capacidade de cooperação em larga escala, mais até do que nossa suposta inteligência superior. 

De acordo com Philippe, partindo deste princípio, a socialização pode ser considerada um dos pilares que sustentam uma boa saúde mental, juntamente com a nutrição, a movimentação, o descanso/lazer e o sono. Ao longo de milênios de evolução, nosso cérebro vem se programando e se reinventando para permitir que esta aquisição tão fundamental para nossa existência se mantenha e se renove em diferentes épocas e diferentes locais. Pensando nisso, o estabelecimento de boas conexões entre as pessoas se mostra fundamental. 

Porém, o que fazer quando a “bateria social” esgota? 

Os psiquiatras apontam que ao sentir que a bateria social está acabando é de se considerar fazer uma pausa consciente. Distrair-se, descansar e fazer atividades prazerosas e saudáveis naquele momento pode reduzir os níveis de estresse e ansiedade. Aos poucos tente entender os limites sociais e respeitá-los, para isso o acompanhamento psicoterápico pode ser interessante. 

Algumas pessoas apresentam dificuldade social como uma condição, como no Transtorno do Espectro Autista, nesses casos é importante um acompanhamento profissional especializado para estimular de maneira correta o desenvolvimento das interações sociais, explica Caldato

Segundo Philippe, temos ainda outras condições que forçam o isolamento, como pânico, fobia social, agorafobia e transtorno de personalidade esquiva. Essas situações também exigem tratamento médico e psicológico.

“Outro tópico, talvez o mais importante, é quando pensamos na bateria social como uma falta de desejo de se relacionar com as pessoas. Pura e simplesmente dizendo: uma preguiça pelo contato com o outro. Neste caso, a primeira coisa a se fazer é parar e refletir sobre essa falta de desejo. Não sendo secundária a um transtorno mental (neste caso um profissional pode te ajudar nesta análise), vale a pena analisar a qualidade de suas relações”, completa.

Por fim, quais são os melhores meios de socialização?

Caldato comenta que atualmente percebe-se que os mais comuns são as redes sociais, chats, jogos online e aplicativos de mensagens. “Os mais comuns não significam ser os melhores. No mundo moderno, a globalização vem tomando conta das nossas vidas e com isso as interações se tornam cada vez mais virtuais”.

É importante que sejam também fortalecidas as relações presenciais, como encontrar fisicamente os amigos e familiares; frequentar quando possível ambientes que permitam a construção de novas relações e que te façam bem, como restaurante, igreja, feiras livres, festas de casamento, formaturas ou aniversários. Através da busca pelo autoconhecimento, cada um pode valorizar os seus potenciais e entender seus limites sociais, finaliza. 

Diniz observa que de fato a tecnologia permitiu formas impensáveis de nos socializar: de uma deliciosa conversa com a vovó a quilômetros de distância, até mesmo a marcação de um encontro para uma noite mais animada. É possível que isso seja utilizado de uma forma a nos aproximar cada vez mais.


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