Seis em cada dez alunos do 8º ano do Fundamental não compreendem o básico das equações, destaca especialista sobre a pesquisa internacional TIMSS

A pesquisa internacional TIMSS (Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências) trouxe à tona dados alarmantes sobre a educação no Brasil. De acordo com o estudo, seis em cada dez alunos do 8º ano do Ensino Fundamental não conseguem compreender o básico das equações, uma habilidade essencial para o aprendizado de matemática.

Fernanda Seidel, gerente de Pesquisa e Prospecção do Itaú Social, formada pela FEA-USP e com parte de sua graduação realizada na Sciences Po de Paris, com ênfase em Ciência Política, analisa os resultados dessa pesquisa, que coloca o Brasil em última posição no ranking global de desempenho em matemática.

Segundo Seidel, os números são um reflexo das falhas no sistema educacional brasileiro, que ainda carece de estratégias eficazes para melhorar o entendimento dos estudantes em conceitos fundamentais de matemática. “O fato de que tantos alunos não dominam o básico das equações é um indicativo claro de que, além de problemas estruturais nas escolas, há uma necessidade urgente de repensar as metodologias de ensino e de capacitar os professores para que eles possam abordar os conteúdos de maneira mais eficaz e envolvente”, afirma.

O Brasil e a educação matemática

A TIMSS avalia o desempenho de alunos em diversas partes do mundo e, no Brasil, os resultados são preocupantes. A última edição do estudo mostrou que, além das dificuldades com as equações, os estudantes brasileiros também enfrentam desafios na compreensão de outros conceitos matemáticos, como álgebra, geometria e estatística.

A pesquisa revelou ainda que, embora o Brasil tenha investido recursos significativos no setor educacional, a qualidade do ensino não acompanha esse crescimento. Muitos alunos saem do Ensino Fundamental sem a formação necessária para seguir no aprendizado de matemática mais avançada, o que reflete negativamente nas etapas seguintes de sua educação.

Histórias de professores inovadores

Apesar do cenário desafiador, há histórias inspiradoras de educadores que estão desenvolvendo projetos pedagógicos criativos para ensinar matemática de uma maneira mais acessível e interessante para os alunos. Em diversas escolas, professores têm trabalhado com métodos lúdicos, jogos, e até tecnologias para engajar os estudantes e tornar os conceitos mais fáceis de entender.

Em uma escola pública de São Paulo, por exemplo, um grupo de professores criou um projeto de matemática baseada em jogos de tabuleiro, nos quais os alunos resolvem problemas de equações e álgebra para avançar nas partidas. “Quando o conteúdo é apresentado de uma forma divertida e desafiadora, os alunos se sentem mais motivados a aprender”, explica um dos professores responsáveis pela iniciativa.

Outro exemplo vem de Minas Gerais, onde um projeto que utiliza vídeos interativos e plataformas digitais tem sido um sucesso no Ensino Fundamental. Os alunos, ao assistirem às aulas e resolverem desafios matemáticos online, conseguem ver uma aplicação prática do que aprenderam, o que torna o estudo mais relevante para eles.

A importância da ação urgente

Para que o Brasil melhore seu desempenho em matemática e alcance melhores resultados em pesquisas internacionais como a TIMSS, é necessário que haja um esforço coletivo entre governos, educadores e sociedade para investir em estratégias mais eficazes de ensino. Além disso, é fundamental que as metodologias sejam atualizadas, com um foco em ensinar o básico de forma sólida, criando uma base forte para o aprendizado de conceitos mais complexos.

Os resultados da pesquisa TIMSS devem servir como um alerta para a necessidade urgente de reforma na educação brasileira, não apenas em termos de infraestrutura, mas principalmente no que diz respeito à qualidade do ensino e à capacitação dos educadores. É preciso investir em soluções inovadoras e garantir que todos os alunos tenham acesso a uma educação matemática de qualidade, que seja capaz de prepará-los para os desafios do futuro.