Setor vive crise, diz ABEEólica – Associação vê soluções nos médio e longo prazos e prepara estudo de política industrial que será entregue ao governo
O setor de energia eólica no Brasil enfrenta uma crise que, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), exige medidas estruturais para garantir a sustentabilidade e o crescimento da indústria no país. De acordo com a associação, embora a fonte eólica tenha conquistado espaço significativo na matriz energética brasileira, desafios como a falta de uma política industrial clara, dificuldades de financiamento e atrasos em projetos têm impactado o setor negativamente.
A ABEEólica aponta que, apesar dos esforços feitos nos últimos anos, o setor ainda sofre com a volatilidade das políticas públicas e a ausência de um planejamento de longo prazo que contemple a complexidade da cadeia produtiva. Como resposta a essa conjuntura, a associação está desenvolvendo um estudo de política industrial com propostas que devem ser apresentadas ao governo federal nos próximos meses.
Entre as soluções sugeridas pela ABEEólica estão medidas para melhorar o acesso ao crédito, incentivos fiscais específicos e uma regulamentação mais estável, capaz de atrair novos investimentos. A expectativa é que o estudo ajude a criar um ambiente mais favorável para o desenvolvimento de projetos, tanto em termos de infraestrutura quanto de integração de novas tecnologias, como o armazenamento de energia eólica e híbrida.
Segundo Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica, “a energia eólica tem potencial não apenas para atender à demanda crescente de energia no Brasil, mas também para gerar emprego e desenvolvimento econômico. Contudo, para que esse potencial seja plenamente aproveitado, é necessário um esforço conjunto entre o governo e o setor privado”. Ela ressalta ainda que, sem uma política industrial eficaz, a competitividade do setor pode ser prejudicada, comprometendo a participação do Brasil no mercado global de energias renováveis.
O estudo que está sendo elaborado pela ABEEólica será um documento estratégico, contendo um diagnóstico detalhado da atual situação do setor e sugestões de políticas públicas que possam ser implementadas a médio e longo prazos. A iniciativa conta com a colaboração de especialistas do setor, economistas e acadêmicos, na tentativa de apresentar propostas viáveis e alinhadas com as metas de transição energética e descarbonização que o Brasil assumiu internacionalmente.
O setor eólico brasileiro, que já responde por cerca de 13% da geração elétrica nacional, enfrenta também desafios relacionados à cadeia de fornecimento de equipamentos e à capacitação de mão de obra especializada. A crise global de fornecimento de insumos e a necessidade de modernização da infraestrutura de transmissão também são fatores apontados como críticos para o desenvolvimento sustentável do setor no país.
A apresentação formal do estudo ao governo deve acontecer até o primeiro semestre de 2025, em um evento que reunirá representantes da indústria, autoridades governamentais e investidores. A expectativa é que o documento contribua para um diálogo mais construtivo entre o setor e o governo, visando a implementação de políticas que garantam a viabilidade econômica e a expansão do uso de energia limpa no Brasil.
Em meio aos desafios, a ABEEólica mantém um tom otimista. “A crise atual não deve ser vista apenas como um entrave, mas como uma oportunidade de repensar o modelo atual e criar uma base mais sólida para o futuro do setor eólico no Brasil”, finaliza Gannoum.