Projeto de Bacelar propõe reparação histórica e desenvolvimento para Canudos
O deputado federal Bacelar (PV-BA) apresentou um projeto de lei polêmico que busca resgatar e ressignificar o episódio histórico do massacre de Canudos, oferecendo uma reparação financeira e social ao município baiano. O PL 3164/24, de autoria do parlamentar, propõe uma parceria entre os governos federal, estadual e municipal para investir na região, reconhecendo os danos causados pela destruição do arraial de Canudos pelo Exército brasileiro, em 1897, que resultou na morte de mais de 25 mil pessoas.
O massacre de Canudos, um dos episódios mais brutais da história do Brasil, marcou o extermínio de uma comunidade formada por sertanejos, liderada por Antônio Conselheiro, que resistia à centralização do poder republicano e à opressão social da época. Para Bacelar, a narrativa oficial sobre Canudos precisa ser revista, dando espaço para a visão dos movimentos sociais que foram duramente criminalizados.
“É preciso recontar nossa história, sob o viés dos movimentos sociais, não da perspectiva de quem dizimou e sufocou a resistência popular. Este episódio é o maior massacre brasileiro. Recontar nossa história é dar o justo protagonismo ao povo brasileiro e baiano”, afirmou o deputado.
Um ato de justiça social e reparação histórica
O projeto propõe que o reconhecimento da tragédia seja seguido por ações concretas de desenvolvimento para a região, que ainda hoje carrega as cicatrizes desse conflito. Entre as medidas previstas, está o investimento em infraestrutura, educação e turismo histórico, visando transformar Canudos em um polo de memória e valorização da resistência popular.
Bacelar aponta que o Brasil tem histórico de negligenciar episódios de resistência social e movimentos populares que desafiaram o status quo. Ele menciona que, em vários países, há processos de reinterpretação de eventos históricos para dar voz aos que foram marginalizados. No Brasil, a demora em reconhecer esses erros históricos, segundo o parlamentar, é um entrave para a promoção de justiça social.
“Não se trata apenas de lembrar o passado, mas de promover a justiça social para as futuras gerações”, defende Bacelar, que vê na reparação financeira e histórica uma maneira de dar um novo fôlego ao desenvolvimento da região de Canudos, que ainda enfrenta altos índices de pobreza e marginalização.
Impacto econômico e social
Caso seja aprovado, o projeto de lei pode trazer significativos investimentos para a região, com a criação de empregos, melhoria das condições de vida da população local e o fomento ao turismo, com a construção de centros de memória e a promoção de estudos sobre o massacre de Canudos.
A proposta reacende o debate sobre a importância de revisar a forma como o Brasil trata episódios de violência contra movimentos sociais e povos marginalizados. A questão, que vai além de uma simples reinterpretação histórica, pode enfrentar resistência de setores mais conservadores, que veem a revisão de eventos como Canudos como uma ameaça à narrativa oficial.
Se por um lado o projeto é visto como um ato de justiça, por outro, a proposta pode gerar debates intensos no Congresso Nacional, onde projetos que lidam com questões históricas e sociais frequentemente encontram obstáculos.
Ainda assim, Bacelar acredita que o Brasil precisa, mais do que nunca, encarar seu passado e corrigir as injustiças que ainda reverberam no presente. A aprovação do PL 3164/24 seria um marco nesse processo de reconciliação histórica.