Câncer de mama muda a rotina e vida profissional de tricologista com metástase

Tatiane Ribeiro, tricologista há mais de uma década, viu sua vida e carreira darem uma guinada brusca após um diagnóstico de câncer de mama com metástase na axila em agosto de 2023. Em um ano que parecia promissor, a notícia devastadora alterou completamente seus planos para 2024, afetando tanto sua rotina pessoal quanto profissional.

Especializada em cuidar do couro cabeludo e resolver problemas capilares, Tatiane descobriu o câncer após notar um pequeno nódulo durante um autoexame, quatro meses antes da confirmação médica. A partir de então, sua expertise passou a servir de base para um novo desafio: preservar seu próprio cabelo durante o tratamento quimioterápico. “Essa virou a minha grande missão: ajudar outras pessoas. Pensei em um protocolo específico para a quimioterapia com o intuito de ancorar os fios e consegui manter 50% do meu cabelo. Deus está permitindo meu cabelo cair para eu entender o sentimento de ficar totalmente careca e poder ajudar mais mulheres”, explicou Tatiane.

Mesmo conseguindo manter parte dos fios após o início da quimioterapia, a tricologista optou por raspar a cabeça, uma atitude corajosa que visava lidar melhor com o processo, além de inspirar outras mulheres a enfrentarem essa fase de maneira mais leve.

Além da luta física contra a doença, a rotina de Tatiane também foi fortemente impactada. Efeitos colaterais da quimioterapia, como náuseas, fraqueza e mal-estar, limitaram sua capacidade de atender pacientes, o que gerou uma queda financeira significativa. Muitas clientes abandonaram os tratamentos em função da agenda restrita da profissional, que agora lida com dias imprevisíveis. A atividade física, que sempre fez parte de seu dia a dia, também foi afetada, assim como sua presença em eventos sociais, que passaram a ser raridade.

A jornada de Tatiane reflete uma realidade vivida por muitos pacientes oncológicos, nos quais o tratamento afeta não apenas o corpo, mas a vida social, financeira e psicológica. O papel da rede de apoio, composta por amigos, familiares e profissionais da saúde, é fundamental para atravessar essa fase. A importância de uma equipe multidisciplinar se torna evidente, já que o paciente precisa de cuidados integrados que envolvem não apenas o controle da doença, mas também o suporte emocional e prático para lidar com os desafios que surgem.

Histórias como a de Tatiane Ribeiro destacam a urgência de debates sobre a importância do diagnóstico precoce e a necessidade de suporte contínuo, tanto do sistema de saúde quanto da sociedade, a pessoas em tratamento oncológico. Em um Brasil onde o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres, com milhares de novos casos diagnosticados anualmente, a conscientização sobre o impacto profundo da doença é crucial. A coragem e a determinação de Tatiane em transformar sua própria dor em um exemplo de apoio a outras mulheres mostram que, apesar dos desafios, há força e esperança no enfrentamento do câncer.

A luta de Tatiane continua, e sua missão de ajudar outras mulheres na mesma situação não só fortalece seu propósito profissional, mas também abre caminho para um debate necessário sobre as diferentes formas de se viver o câncer.