Médicos de Hiroshima visitam Associação Paulista de Medicina em busca de cooperação e troca de experiências sobre desastres nucleares
Uma comitiva de médicos de Hiroshima, cidade japonesa mundialmente conhecida por ser o alvo do primeiro ataque nuclear da história, visitou nesta quarta-feira (9) a sede da Associação Paulista de Medicina (APM), em São Paulo. A visita tem como principal objetivo a troca de conhecimentos sobre os impactos de desastres nucleares na saúde e a criação de uma cooperação internacional voltada para questões relacionadas ao atendimento médico em situações de tragédias em larga escala.
A delegação japonesa, composta por renomados profissionais da saúde e pesquisadores, traz a experiência única de décadas de tratamento de sobreviventes do bombardeio atômico de 1945, evento que até hoje gera consequências na população local. Entre os principais temas discutidos na reunião, estiveram os efeitos a longo prazo da radiação no corpo humano, as abordagens médicas adotadas para tratamento de doenças como cânceres provocados pela exposição à radiação, e a importância da saúde mental das vítimas desses eventos traumáticos.
A troca de experiências entre os profissionais brasileiros e japoneses também se estendeu a outros temas contemporâneos, como a preparação para catástrofes ambientais e tecnológicas, e as estratégias de resposta a situações de emergências globais, algo que ficou evidente com a pandemia da Covid-19.
O legado de Hiroshima e os desafios atuais
Hiroshima, mesmo após quase oito décadas desde o ataque nuclear, continua a lidar com as consequências do evento. A cidade se tornou um símbolo de resistência e resiliência, além de se destacar como um centro global de pesquisas sobre radiação e saúde pública. “Os médicos de Hiroshima carregam um fardo histórico de lidar com as consequências de um evento único na história da humanidade”, comentou um dos representantes da APM, destacando o valor inestimável da troca de informações.
A visita, além de reforçar os laços entre Brasil e Japão no campo da medicina, serve como um alerta sobre os riscos das armas nucleares e os danos irreversíveis que causam à saúde humana e ao meio ambiente. Ao longo dos anos, os sobreviventes, conhecidos como hibakusha, têm relatado problemas como leucemia, diversos tipos de câncer, além de distúrbios psicológicos, que seguem afetando as gerações seguintes.
Cooperação Brasil-Japão na área da saúde
O intercâmbio entre médicos de Hiroshima e São Paulo abre caminho para parcerias científicas, sobretudo no que tange à pesquisa e inovação no campo da medicina nuclear e dos cuidados pós-catástrofe. A comitiva japonesa mostrou interesse em compartilhar suas experiências sobre o tratamento de doenças decorrentes da radiação e conhecer mais sobre os avanços brasileiros na área da oncologia e hematologia.
Há ainda uma possibilidade de futuras colaborações em programas de treinamento de médicos brasileiros no Japão e vice-versa, visando capacitar equipes de saúde em situações de desastres, sejam naturais ou provocados pela ação humana.
A visita dos médicos japoneses a São Paulo marca uma nova etapa de cooperação internacional, trazendo à tona a importância de se aprender com os erros do passado e se preparar para desafios globais emergentes. Ao final da reunião, as instituições reforçaram o compromisso de manterem o diálogo aberto, visando a criação de iniciativas conjuntas que fortaleçam a saúde pública mundial.