18 de outubro de 2024

Crise energética em 2025: o que espera o Brasil com o fim dos contratos das termelétricas?

A iminente escassez de energia elétrica no Brasil parece ser um assunto delicado e, surpreendentemente, pouco discutido nas esferas governamentais. Isso porque, em 2025, contratos equivalentes à geração de 14.300 MW, produzidos por termelétricas, estão prestes a expirar. O impacto será equivalente a desligar todas as 18 turbinas da Usina Hidrelétrica de Itaipu. A pergunta que paira no ar: por que ninguém está falando sobre isso?

De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), já em julho de 2025, o país começará a sentir os efeitos do fim desses contratos firmados ao longo das últimas duas décadas. Essa “sobra de energia”, frequentemente citada para justificar a tranquilidade do setor elétrico nacional, parece estar com os dias contados.

A história nos lembra que cenários semelhantes já ocorreram. Em 1998, o Brasil enfrentou uma crise energética quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro de Minas e Energia, Rodolpho Tourinho Neto, ignoraram os avisos de especialistas do setor. Nomes de peso como Luiz Pinguelli Rosa, Ildo Sauer e Roberto D’Araújo, do Instituto Ilumina de Estudos Estratégicos do Setor Elétrico, alertaram sobre a vulnerabilidade do sistema, mas suas advertências foram negligenciadas. O resultado foi um apagão que marcou o país e o setor elétrico, levando a uma série de racionamentos de energia no início dos anos 2000.

Dessa vez, os mineradores já estão atentos. A indústria da mineração, dependente de grandes quantidades de energia para manter suas operações lucrativas, corre o risco de voltar a depender intensamente do óleo diesel, uma alternativa cara e insustentável a longo prazo. A possível escassez de energia elétrica pode forçá-los a adotar medidas emergenciais, encarecendo suas operações e impactando negativamente o meio ambiente.

A falta de planejamento a longo prazo no setor energético, um velho fantasma no Brasil, parece ressurgir. Apesar de o país estar investindo cada vez mais em energias renováveis, como solar e eólica, a questão do fornecimento estável de energia elétrica ainda não foi totalmente resolvida. As termelétricas, que serviram como uma espécie de “barriga de aluguel” energética nos últimos anos, deixarão de cumprir esse papel. A pergunta que ecoa entre especialistas e investidores é se o governo está preparado para lidar com a falta de mais de 14.000 MW em plena retomada econômica pós-pandemia.

O impacto no setor produtivo pode ser devastador. Indústrias que dependem de grandes quantidades de energia, como a mineração e a siderurgia, podem ser severamente afetadas, resultando em um aumento dos custos de produção e, potencialmente, em um repasse ao consumidor final. Além disso, o uso de fontes alternativas, como o óleo diesel, eleva não apenas os custos, mas também a pegada de carbono dessas operações, comprometendo metas de sustentabilidade.

O silêncio do governo sobre a questão é preocupante. Estaria o Brasil caminhando para um novo colapso energético, como o vivido no final dos anos 1990? O fato é que, sem medidas preventivas claras e sem uma política energética eficiente para suprir essa demanda futura, o país pode se ver novamente refém de uma crise elétrica.

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