Isis Valverde relata os desafios de uma depressão pós parto
Por Andréa Ladislau
Nem só de flores se faz uma maternidade. E isso a atriz Isis Valverde pode falar muito bem. A jovem mãe relatou ter sofrido de depressão pós parto após o nascimento de seu filho. O choro intenso e sem aparente motivo, a angústia e a sensação de impotência, foram fatores que ajudaram a desencadear a falta de conexão entre a mãe e o filho.
Ela descreve que, só após os 8 meses, após terapia, tratamentos e medicamentos, conseguiu sentir conexão com a criança. Mas como identificar e tratar a depressão pós parto?
Primeiro é preciso entender o que é essa condição psicológica. A depressão pós parto é um transtorno psíquico que pode surgir logo após o nascimento do bebê ou até os seus 6 meses de vida. É uma condição que pode afetar qualquer mulher após o parto, com ou sem motivo aparente.
Ela pode ser classificada em graus que variam de leve e transitória á graus mais severos, podendo evoluir para um quadro psicótico, que chamamos de Psicose Puerperal. Nesse caso, necessita de internação para controle da doença.
As causas são muito distintas e podem variar de mulher para mulher, de acordo com o histórico de vida e de saúde física e mental de cada uma. Podem até não ter causas aparentes, porém, emoções fortes após o parto; decepções ou luto inesperado, podem ser causas mais frequentes. Além de depressão iniciada na gravidez, que tem risco maior de gerarem depressão pós parto.
Os sintomas mais comuns associados à depressão pós-parto são tristeza, irritabilidade, fadiga, insônia, perda de apetite e ansiedade, e podem romper o vínculo positivo mãe-bebê e até afetar negativamente o crescimento do recém-nascido.
Algumas mulheres não falam sobre os seus sintomas. Sentem-se embaraçadas, envergonhadas ou culpadas por se sentirem deprimidas quando era suposto sentirem-se felizes além de terem medo de serem vistas como más mães.
O principal problema em relação a depressão pós parto é o distanciamento que a mãe cria do filho, mesmo de forma inconsciente. A falta de conexão com filho agrava a depressão e irá trazer consequências e traumas emocionais importantes, a curto e longo prazo, para essa criança. O tratamento consiste em avaliar cada caso com muita atenção, a fim de se estabelecer a melhor estratégia de tratamento para cada situação em particular, e da maneira mais precoce.
Os tratamentos podem incluir: medicação, psicoterapia, tratamentos hormonais, intervenções psicossociais e acompanhamento para auxiliar no resgate da conexão mãe-bebê.
Além disso, o pré-natal psicológico é fundamental, pois é o acompanhamento de um psicólogo especializado em saúde gestacional e maternal que, junto com o obstetra acompanha a gestante durante todo seu processo gestacional e pode seguir com ela ao longo do pós parto. É um tratamento preventivo importante para conter o avanço da doença.
Enfim, assim como a atriz Isis Valverde vivenciou esse drama, ele é comum a muitas mães. Porém, a depressão pós parto, com frequência, não é diagnosticada ou não é tratada a tempo, e por vezes, nem mesmo parentes próximos conseguem perceber ou entender o que está acontecendo, até que, em alguns casos, seja tarde demais.
Por isso, é muito importante, ao menor sinal de que algo está errado, como: necessidade de isolamento, negação da maternidade, rejeição ao filho, entre outros aspectos, busque-se ajuda de um profissional especializado em saúde mental que poderá acompanhar o caso de perto e fornecer subsídios e ferramentas para conter o avanço da doença e trazer qualidade de vida e bem estar para essa mãe.
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista