22 de setembro de 2024

Pablo Marçal ignora favoritismo de Ricardo Nunes e busca capitalizar imagem de Bolsonaro em disputa pela Prefeitura de São Paulo

Pablo Marçal faz campanha na 25 de Março e recebe fantasia de eleitor Foto: Adriana Victorino/Estadão

No primeiro dia oficial de campanha, Pablo Marçal, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, surpreendeu ao revelar uma conversa direta com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente apoiador declarado do prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB). Marçal, em meio a uma caminhada pela Cidade Tiradentes, Zona Leste da capital, na última sexta-feira (16), afirmou que Bolsonaro já havia comprometido seu apoio a Nunes, mas que isso não seria um impedimento para sua própria candidatura.

O evento, que marcou o início da campanha de Marçal, começou com um atraso de três horas, mas o candidato não deixou o contratempo ofuscar suas declarações. Ao contrário, ele aproveitou a ocasião para reforçar sua conexão com Bolsonaro, figura central na política brasileira e ícone entre os eleitores de direita. “Conversei com o ex-presidente antes de lançar minha candidatura. Ele está apalavrado com Nunes, mas isso não muda minha determinação”, declarou Marçal, demonstrando que pretende usar a ligação com o ex-presidente como um trunfo, mesmo que o apoio formal esteja do outro lado.

A estratégia de Marçal, no entanto, levanta questões sobre a viabilidade de sua candidatura em um cenário onde o favoritismo de Ricardo Nunes é evidente. O prefeito, que busca a reeleição, tem construído uma base sólida com o apoio de Bolsonaro, além de manter relações estreitas com outros setores importantes da direita paulistana. Com a máquina pública a seu favor e uma aliança consolidada, Nunes parece estar em uma posição confortável para o pleito.

Por outro lado, a tentativa de Marçal de capitalizar sua proximidade com Bolsonaro, mesmo sem o apoio oficial, sugere um movimento ousado de cortejar o eleitorado bolsonarista, apostando na insatisfação de uma parcela da população com a atual gestão. Analistas políticos apontam que Marçal busca se firmar como uma opção alternativa para os eleitores de direita que, por qualquer motivo, possam estar descontentes com Nunes.

A Zona Leste, região escolhida para o início da campanha, é um território estratégico para qualquer candidato que almeje a Prefeitura de São Paulo, sendo uma área populosa e de forte apelo popular. A presença de Marçal ali, mesmo com um atraso considerável, demonstra seu interesse em conquistar o eleitorado local, muitas vezes negligenciado em campanhas eleitorais.

A caminhada de Marçal, que atraiu apoiadores e curiosos, foi marcada por discursos focados na necessidade de mudança e renovação na política paulistana. O candidato criticou a administração atual e prometeu uma gestão voltada para a “verdadeira vontade do povo”, sem, no entanto, detalhar propostas concretas.

Enquanto isso, Ricardo Nunes continua a usufruir da confiança de Bolsonaro, utilizando o peso do apoio presidencial como uma das principais armas de sua campanha. Resta saber se a estratégia de Marçal de manter-se próximo a Bolsonaro, mesmo sem seu endosso oficial, será suficiente para criar uma narrativa convincente para os eleitores paulistanos.

A campanha municipal em São Paulo promete ser uma disputa intensa, onde a influência bolsonarista será um fator determinante, tanto para Nunes quanto para Marçal. O cenário revela, desde já, que a política paulistana está longe de ser um jogo previsível, com candidatos buscando se equilibrar entre alianças poderosas e a necessidade de se conectar diretamente com o eleitorado.

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