Doenças infecciosas comprometem a produtividade dos bovinos de leite
A produção de leite é uma das atividades agropecuárias mais importantes no Brasil, e em 2023, o país alcançou um impressionante volume de 34,6 bilhões de litros de leite. Apesar desse crescimento na oferta, a produtividade dos rebanhos de leite enfrenta desafios significativos que comprometem o resultado econômico para os produtores. Entre os problemas mais impactantes estão as doenças infecciosas, especialmente a mastite, que se destaca como a principal causa de perdas econômicas nesse setor.
Mastite: O Principal Vilão da Produtividade Láctea
A mastite é uma inflamação da glândula mamária que pode ser classificada em dois tipos: clínica e subclínica. A mastite clínica apresenta sinais visíveis, como inchaço, vermelhidão e secreção anormal do leite, já a mastite subclínica, embora não apresente sintomas óbvios, é igualmente prejudicial, pois leva à redução da produção de leite e à deterioração da qualidade do produto.
Impactos Econômicos
Estudos indicam que a mastite pode causar perdas que variam de 10% a 30% na produção de leite. Além disso, a doença aumenta os custos com medicamentos e tratamentos, bem como as despesas relacionadas ao manejo e à mão de obra. Assim, o impacto econômico da mastite é significativo, não apenas pelas perdas diretas na produção, mas também pelos custos adicionais envolvidos em sua gestão.
De acordo com Evandro de Oliveira, gerente de produtos da Vetoquinol Saúde Animal, o controle da mastite implica em uma abordagem multifacetada, que inclui cuidados rigorosos com a higiene, manejo adequado do rebanho e a implementação de soluções terapêuticas eficazes. “O treinamento da equipe que lida com as vacas é essencial para garantir práticas adequadas de ordenha e manejo, minimizando o risco de infecções”, ressalta.
Tratamento e Recuperação Rápida
A boa notícia é que a produção de leite pode ser rapidamente recuperada com um tratamento eficaz. Quando a mastite é tratada de forma adequada e ágil, é possível restaurar a saúde da vaca e, por conseguinte, a produção de leite. O tratamento envolve o uso de antibióticos e anti-inflamatórios, mas também pode incluir medidas de apoio, como a melhoria da nutrição e a redução do estresse nas vacas.
Além disso, a introdução de técnicas preventivas, como a aplicação de pré e pós-dipping nas tetas antes e após a ordenha, pode reduzir significativamente a incidência da mastite. Este tipo de cuidado, aliado ao monitoramento constante da saúde das vacas e à realização de testes regulares do leite, é fundamental para manter o rebanho saudável e produtivo.
Transmissão e Origem das Doenças Infecciosas
As doenças infecciosas nos bovinos de leite podem ser transmitidas de diversas formas, o que torna a prevenção um desafio constante para os produtores. As principais formas de transmissão incluem:
- Contato Direto: Bactérias podem ser transmitidas de uma vaca doente para uma saudável durante o manejo inadequado ou a ordenha, especialmente em ambientes não higiênicos.
- Água e Alimento Contaminados: A ingestão de água ou alimentos contaminados pode ser uma fonte de infecção, afetando a saúde geral do rebanho.
- Ectoparasitas: Carrapatos, moscas e outros parasitas podem atuar como vetores de doenças, aumentando o risco para todo o rebanho.
- Estresse: Fatores como superlotação, transporte inadequado e alterações abruptas na dieta podem desencadear estresse nas vacas, tornando-as mais suscetíveis a infecções.
Medidas Preventivas
A prevenção é a chave para combater doenças infecciosas nos bovinos de leite. Algumas medidas eficazes incluem:
- Higiene: Garantir um ambiente limpo e seco, com instalações adequadas para a ordenha e o manejo dos animais.
- Vigilância Sanitária: Realizar check-ups regulares e monitorar a saúde do rebanho, identificando rapidamente quaisquer sinais de doença.
- Vacinação: Implementar programas de vacinação que ajudem a prevenir diversas doenças infecciosas.
- Manejo Adequado: Treinar a equipe para que as melhores práticas de manejo e ordenha sejam seguidas, minimizando assim o risco de infecções.
Conclusão
Embora o Brasil se posicione como um dos maiores produtores de leite do mundo, a realidade é que os desafios impostos pelas doenças infecciosas, especialmente a mastite, ainda comprometem a produtividade econômica dos bovinos de leite. Por meio de um manejo cuidadoso, tratamento eficaz e práticas de prevenção rigorosas, é possível não apenas controlar essas doenças, mas também recuperar rapidamente a produção, garantindo a sustentabilidade e a lucratividade do setor. O investimento em saúde animal é, portanto, uma prioridade para o futuro da produção de leite no Brasil.