A convergência digital da Americanas e a defesa do “anacronismo” dos cartórios

O senador Plínio Valério (PSDB-AM), relator da PEC da autonomia financeira do BC. Foto: Pedro França/Agência Senado © Fornecido por Estadão

O cenário empresarial brasileiro tem sido palco de mudanças significativas, impulsionadas pela crescente digitalização da economia. A Americanas, em meio ao processo de recuperação judicial, anunciou recentemente a integração de seus sites e aplicativos do Shoptime e Submarino à marca principal da companhia, buscando consolidar sua presença no mercado virtual. Paralelamente, a discussão sobre a implementação do Real Digital, o Drex, trouxe à tona um debate sobre a preservação de atividades tradicionais, como a dos cartórios, e suas implicações para a modernização do sistema financeiro. Analisar a estratégia da Americanas e o embate em torno da moeda digital exige uma compreensão profunda dos impactos dessas medidas sobre o mercado e a sociedade.

A decisão da Americanas de unificar suas marcas digitais sob o nome “Americanas” representa um passo estratégico em direção à consolidação de um shopping virtual de grandes marcas. A empresa busca aproveitar o maior tráfego, volume de clientes e lojas da marca principal para impulsionar as vendas e aumentar sua competitividade em um mercado cada vez mais digital. A estratégia, que se baseia na sinergia entre as marcas e na otimização de recursos, pretende alcançar maior agilidade, rentabilidade e eficiência operacional.

A promessa de maior agilidade, entretanto, esbarra em um cenário de resistência a mudanças, personificado na inserção de um “jabuti” na PEC que garante a autonomia do Banco Central. Essa emenda, que busca preservar a atividade dos cartórios, representa um entrave à implementação do Drex, a moeda digital brasileira. A justificativa para a manutenção do papel dos cartórios reside na necessidade de garantir a segurança jurídica e a formalização de transações imobiliárias e de veículos.

Entretanto, a resistência à inovação tecnológica, sob o pretexto da segurança jurídica, pode ter consequências negativas para o desenvolvimento do sistema financeiro brasileiro. A digitalização do real, por meio do Drex, tem o potencial de revolucionar o mercado financeiro, simplificando operações, reduzindo custos e democratizando o acesso a serviços financeiros. A burocracia e os entraves existentes, frequentemente associados aos cartórios, podem ser superados pela adoção de tecnologias digitais, que garantem segurança e transparência nas transações.

A estratégia da Americanas, embora inovadora, enfrenta desafios em um ambiente marcado por resistências à mudança. A integração das marcas e a busca por um shopping virtual de grandes marcas demonstram a capacidade da empresa de se adaptar ao novo cenário digital, enquanto a resistência à digitalização do real, representada pela preservação dos cartórios, reflete um impasse entre tradição e modernização.

A implementação do Drex, com a superação dos obstáculos burocráticos, tem o potencial de impulsionar a economia e democratizar o acesso a serviços financeiros, criando um ambiente mais competitivo e dinâmico. A Americanas, por sua vez, precisa superar os desafios da recuperação judicial e consolidar sua estratégia digital, buscando atrair as grandes marcas e oferecer aos consumidores uma experiência de compra eficiente e inovadora. O futuro do mercado digital brasileiro dependerá da capacidade de superar os desafios da inovação e de encontrar um equilíbrio entre a preservação de valores tradicionais e a necessidade de se adaptar às mudanças tecnológicas.


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