20 de setembro de 2024

A revitalização das hidrelétricas: exportação de energia e leilões exclusivos para usinas reversíveis como caminhos para o futuro

A matriz energética brasileira, historicamente pautada pela força das hidrelétricas, enfrenta novos desafios em um contexto de crescente demanda e busca por fontes renováveis. Diante desse panorama, Marisete Dadald Pereira, presidente da Abrage (Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica), defende a necessidade de revitalizar o papel das hidrelétricas, buscando alternativas para reavivar a geração hídrica e garantir a segurança energética do país.

Em entrevista recente, Marisete apresentou duas propostas inovadoras: a exportação de energia para países vizinhos e a realização de leilões exclusivos para usinas hidrelétricas reversíveis. A primeira proposta, de caráter estratégico, visa aproveitar o potencial energético brasileiro, especialmente em momentos de menor demanda interna, para atender a países da América do Sul. A viabilização dessa iniciativa, através de uma portaria específica, permitiria não apenas ampliar o mercado para a energia gerada pelas hidrelétricas, mas também promover uma otimização do uso da água, recurso precioso e estratégico.

A segunda proposta, focada na modernização da tecnologia hídrica, se concentra nas usinas reversíveis. Essas usinas, já utilizadas com sucesso em outros países, representam uma solução eficiente para o armazenamento de energia. Através do bombeamento de água do reservatório principal para um reservatório adicional, atuando como uma “caixa d’água reserva”, as usinas reversíveis permitem o armazenamento de energia em momentos de excedente, para ser utilizada em momentos de pico de demanda, garantindo assim maior flexibilidade e estabilidade no sistema energético. A realização de leilões específicos para esse tipo de geração, prevista para 2026, seria um importante passo para impulsionar o desenvolvimento dessa tecnologia no Brasil.

A proposta de Marisete, que busca o “uso mais eficiente da água”, reflete a necessidade de repensar a gestão dos recursos hídricos no país. Em um contexto onde a geração eólica e solar ganham cada vez mais espaço, a água, muitas vezes, é utilizada de forma ineficiente, sendo que a energia gerada por esses recursos, em momentos de alta produção, não é totalmente aproveitada. A implementação de um sistema de despacho inteligente, que considere a variabilidade das diferentes fontes de energia e permita a exportação do excedente hídrico, seria crucial para evitar desperdícios e otimizar a utilização da água.

A revitalização das hidrelétricas, através da exportação de energia e do desenvolvimento de usinas reversíveis, representa uma oportunidade valiosa para fortalecer a matriz energética brasileira e garantir a segurança energética do país. A implementação dessas propostas, em conjunto com a adoção de um sistema de despacho mais eficiente, contribuiria para a construção de um futuro energético mais sustentável, com o uso inteligente e estratégico dos recursos hídricos, e a consolidação do Brasil como um importante player no mercado global de energia.

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