Crise de pânico de professora em Cascavel expõe abandono do Estado aos servidores da educação
Uma situação alarmante em Cascavel, no Paraná, levantou questionamentos sobre o suporte dado aos servidores da educação. Uma professora da rede pública, diagnosticada com Transtorno Bipolar Tipo I, tem enfrentado uma dura batalha para preservar sua saúde mental enquanto trabalha em um ambiente que, em vez de acolher, parece agravar sua condição.
A crise começou em novembro de 2024, quando médicos recomendaram um afastamento de 180 dias devido ao agravamento de seu quadro clínico. Contudo, o Estado do Paraná concedeu apenas licenças curtas, que variaram de quatro a nove dias. Essa medida, além de ignorar orientações médicas, resultou em episódios recorrentes de crises de pânico em sala de aula, colocando tanto a professora quanto seus alunos em situações de risco.
Um dos momentos mais marcantes da decisão judicial que trata do caso revela o impacto devastador dessas crises no ambiente escolar. Em um trecho do atestado, datado de 10 de dezembro de 2024, destaca-se:
“Constata-se que a autora teve uma gestação interrompida e episódios de crises de pânico em sala de aula, o que o médico assistente afirma que pode ser perigoso para a autora e aos alunos.”
Apesar dos laudos médicos enfatizarem a gravidade da situação, recomendando o afastamento prolongado ou a transferência para funções administrativas, a resposta do governo estadual tem sido insuficiente. A demora em atender às necessidades da servidora não apenas coloca em xeque a segurança no ambiente escolar, mas também evidencia falhas sistêmicas no amparo aos profissionais da educação que enfrentam problemas de saúde mental.
Impactos na segurança e no aprendizado
Os episódios de pânico em sala de aula refletem a falta de uma política pública eficiente para lidar com casos de saúde mental entre os servidores. Além de afetar diretamente a professora, a ausência de suporte adequado gera instabilidade para os alunos, que são expostos a situações de tensão e imprevisibilidade, prejudicando o ambiente de aprendizado.
Especialistas apontam que a sobrecarga emocional e a falta de acolhimento por parte do Estado podem agravar quadros clínicos, especialmente em profissionais que já enfrentam condições desafiadoras como o Transtorno Bipolar Tipo I. “A negligência não é apenas com o servidor, mas com toda a comunidade escolar que convive com as consequências desse descaso”, alerta um psiquiatra consultado para comentar o caso.
Omissão do Estado
A situação vivida pela professora é um exemplo gritante da precariedade enfrentada por muitos servidores da educação no Brasil. Embora haja leis que garantam suporte em casos de afastamento por questões de saúde, a prática revela um cenário de abandono. Em vez de adotar medidas preventivas e garantir um acompanhamento adequado, o sistema público insiste em soluções paliativas que não resolvem o problema e podem agravá-lo.
A professora, atualmente em busca de apoio judicial para garantir seu afastamento prolongado ou realocação em funções administrativas, é símbolo de uma luta maior: a dos profissionais que dedicam suas vidas à educação, mas são deixados à própria sorte quando precisam de auxílio.
Reflexões e soluções urgentes
O caso acende o alerta sobre a importância de políticas públicas voltadas à saúde mental no ambiente escolar. Investir no bem-estar dos educadores não é apenas uma questão de justiça, mas uma necessidade para garantir a qualidade do ensino.
Enquanto a decisão judicial sobre o caso não é finalizada, a história dessa professora reflete a dura realidade de um sistema que ainda falha em proteger quem deveria estar cuidando de nossas futuras gerações.