Riscos das substâncias permanentes em procedimentos estéticos: deformações e complicações a longo prazo

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O Brasil segue como líder mundial em cirurgias plásticas, ocupando a segunda posição no ranking global da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (ISAPS). A constante busca por beleza e juventude tem impulsionado esse cenário, tornando os procedimentos estéticos cada vez mais acessíveis. No entanto, uma crescente preocupação tem emergido com o uso de substâncias permanentes, como o PMMA (polimetilmetacrilato), em tratamentos estéticos – substâncias que, apesar de prometerem resultados rápidos e duradouros, podem trazer sérios riscos à saúde dos pacientes.

O caso da influenciadora Maíra Cardi, que recentemente compartilhou em suas redes sociais a difícil jornada de remoção de PMMA de seu rosto, tem gerado repercussão e alertado para os perigos dessa prática. Cardi revelou que o material, injetado em 2009 sem seu consentimento, causou deformações faciais e complicações, sendo necessário um procedimento cirúrgico para a remoção da substância.

A utilização do PMMA em procedimentos estéticos – que inclui injeções de preenchimento em áreas como rosto e lábios – era considerada por muitos como uma solução definitiva, já que a substância é permanente e não absorvível pelo organismo. Porém, o que parecia ser uma vantagem tornou-se um pesadelo para muitos pacientes ao longo dos anos. O PMMA pode migrar para outras áreas do corpo, provocar infecções graves, reações inflamatórias e até deformações irreversíveis. Casos como o de Maíra Cardi são mais comuns do que se imagina, sendo frequentemente registrados em clínicas e consultórios de estética que não respeitam as normas de segurança ou oferecem produtos não regulamentados pela Anvisa.

Em entrevista a especialistas, o médico dermatologista e cirurgião plástico Dr. José Ribeiro alerta para os riscos do uso indiscriminado de substâncias não regulamentadas ou não testadas. “O PMMA, por exemplo, é uma substância que não deveria ser utilizada em áreas que requerem movimentos naturais da pele, como o rosto, por ser rígida e difícil de controlar. A longo prazo, ela pode causar deformações e reações que exigem intervenções cirúrgicas complexas”, explica.

A alta demanda por procedimentos rápidos e acessíveis, muitas vezes realizados em clínicas populares e sem o devido acompanhamento médico, tem alimentado esse mercado de substâncias permanentes. A busca pela aparência desejada, aliada à falta de informação sobre os potenciais danos, leva muitos pacientes a aceitar injeções de produtos que prometem resultados rápidos, mas que podem resultar em complicações graves no futuro.

Além disso, a preocupação com a segurança aumenta à medida que o Brasil se mantém no topo do ranking de cirurgias plásticas e procedimentos estéticos no mundo, um título que, se por um lado é motivo de orgulho, por outro exige maior fiscalização sobre as práticas adotadas nas clínicas e consultórios. Especialistas destacam a importância de escolher profissionais qualificados, com registro em conselhos de classe e que trabalhem apenas com substâncias aprovadas pela Anvisa.

“Procedimentos estéticos exigem responsabilidade e o uso de substâncias seguras. Os pacientes precisam estar cientes dos riscos e não cair nas promessas de resultados milagrosos”, adverte o Dr. Ribeiro.

O caso de Maíra Cardi é apenas um entre milhares, mas traz à tona um debate crucial sobre a ética, a regulamentação e os cuidados que devem ser tomados quando o assunto é estética e saúde. A remoção de substâncias como o PMMA não só é dolorosa e dispendiosa, mas também coloca em risco a integridade física e emocional dos pacientes, que muitas vezes não têm ideia dos danos irreversíveis que podem ser causados em busca de um ideal de beleza.

Com a popularização de procedimentos rápidos e a crescente desinformação, o alerta é claro: a escolha por substâncias permanentes deve ser feita com cautela, levando em consideração os riscos e, principalmente, a saúde a longo prazo.


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