Abrasel critica Governo Federal por manter suspensão do horário de verão: “Decisão negligencia ganhos econômicos”

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A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) manifestou publicamente sua insatisfação com a decisão do Governo Federal de não retomar o horário de verão em 2024. A entidade, que representa milhares de estabelecimentos em todo o país, apontou que a medida ignora os benefícios econômicos, sociais e ambientais que o ajuste no horário traria para o setor de bares e restaurantes.

O Ministério de Minas e Energia anunciou, na última semana, que manterá a suspensão do horário de verão, decisão que tem sido observada desde 2019. Segundo a pasta, estudos recentes indicam que o impacto na economia de energia é irrelevante nos dias atuais, principalmente devido ao avanço de novas tecnologias e ao aumento no uso de energia elétrica em horários não tradicionais.

Para a Abrasel, no entanto, o cálculo feito pelo governo não contempla os ganhos indiretos que o horário de verão poderia oferecer, especialmente para setores como o de entretenimento e alimentação fora de casa. “Ao alongar o período de luz natural, há um aumento considerável na circulação de pessoas em bares e restaurantes, o que favorece o consumo e estimula a economia em diversas regiões do país”, destacou o presidente da entidade, Paulo Solmucci.

A associação também argumenta que a medida teria impactos ambientais positivos, já que o horário de verão é conhecido por contribuir para a redução do consumo energético em horários de pico. Para além do setor de energia, a Abrasel defende que a volta do horário diferenciado resultaria em benefícios na saúde e bem-estar da população, uma vez que a exposição ao sol por mais tempo é associada à melhora na qualidade de vida e no aproveitamento de momentos de lazer.

O governo, contudo, parece ir na contramão dessas argumentações, sustentando que a atual matriz energética e a demanda nacional não justificam a alteração do relógio. Ainda assim, a postura do Ministério de Minas e Energia tem gerado críticas não apenas no setor de bares e restaurantes, mas também entre empresários de turismo e até na área da saúde, que vê no horário de verão uma oportunidade para incentivar atividades ao ar livre e uma vida menos sedentária.

Além dos impactos econômicos, o debate também ganha contornos políticos, já que a decisão de manter a suspensão do horário de verão é vista por alguns como um reflexo da política governamental de priorizar questões imediatas e técnicas em detrimento de uma visão mais abrangente sobre o desenvolvimento sustentável e a dinâmica social. Alguns analistas argumentam que o governo atual tem evitado medidas mais populares, temendo reações polarizadas em tempos de crise política e econômica.

Apesar da manutenção da suspensão em 2024, o tema não deve desaparecer do radar. Com as pressões de setores empresariais e a crescente preocupação com a eficiência energética no Brasil, é provável que o horário de verão volte a ser discutido em futuras gestões. Para a Abrasel e demais críticos, a esperança é que as próximas decisões considerem não apenas os dados técnicos, mas também os impactos sociais e econômicos de um Brasil que, especialmente no verão, vive intensamente as ruas, os bares e a cultura do convívio ao ar livre.


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