Como formar profissionais qualificados para reduzir o déficit na área de tecnologia?
Cristina Diaz, diretora da UpMat Educacional, reforça a importância do desenvolvimento das habilidades computacionais desde a educação básica
Relatório elaborado pelo Google for Startups, em parceria com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), sobre a escassez do mercado de TI, aponta que até 2025, o Brasil terá um déficit de 530 mil profissionais de tecnologia. No entanto, até 2025 a demanda por colaboradores em TI estará na casa dos 800 mil. Os dados são da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais – Brasscom.
Considerando esse contexto, surge a necessidade de discutir o que pode ser feito para reduzir o déficit na área e a solução passa, necessariamente, pela necessidade de ensinar habilidades computacionais dentro das escolas, desde a educação básica. E o grande desafio é que boa parte das instituições de ensino do Brasil ainda não possuem a estrutura tecnológica necessária para a aprendizagem dessas competências de maneira conectada.
Cristina Diaz, Diretora da UpMat Educacional, empresa que atua na educação básica a partir de conteúdos em matemática, computação, pensamento computacional, raciocínio lógico e estratégias de solução de problemas, contextualiza este cenário: “A grande maioria das escolas públicas brasileiras só tem o que chamamos de internet administrativa, ou seja, a conexão não está disponível para os estudantes. Assim como não há dispositivos eletrônicos para todos os alunos”, explica.
Tal situação é retratada por meio da pesquisa realizada da Universidade de Harvard, em parceria com o Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais, responsável por revelar um atraso de100 anos, em média, na educação tecnológica do Brasil. O levantamento mostra ainda que apenas por volta do ano de 2100, as instituições brasileiras estariam totalmente preparadas para o ensino da computação dentro do ambiente escolar, de maneira conectada.
A diretora da UpMat Educacional também reflete sobre a importância de investir em educação tecnológica desplugada desde o ensino básico como uma forma de solucionar o déficit de mão de obra tecnológica no Brasil, formando profissionais qualificados na área.
“Sem ter intimidade com a computação, não é possível falar sobre o desenvolvimento de carreiras de tecnologia de maneira adequada. Nosso sistema educacional não prepara o terreno para uma cidadania digitalmente letrada e isso tem várias consequências à medida em que as crianças crescem e procuram se inserir no mercado de trabalho”, afirma Cristina.
Por isso, a implementação da computação nas escolas é necessária e obrigatória. Com ela, são plantadas as sementes nas crianças e nos jovens, no sentido de despertar interesse por carreiras ligadas ao mundo de tecnologia.
Por conta dessa necessidade, o Ministério da Educação (MEC) definiu a implementação do ensino da computação na educação básica com a Base Nacional Curricular Comum da Computação a partir de três dimensões, sendo elas: Cidadania Digital, Cultura Digital e Pensamento Computacional.
Tratando do Pensamento Computacional, a diretora ressalta a importância de explorar essa competência como base para o aprendizado do século XXI. “O Pensamento Computacional trabalha com habilidades-chave para a construção de excelentes profissionais em todas as áreas, mas nas áreas de tecnologia, ele é essencial e ajuda a trazer para as escolas conhecimentos sobre novas formas de atuar, de transformar e de compreender o mundo em que vivemos”, explica a diretora.
No entanto, quando se trata de formação de mão de obra na área, é estabelecida uma relação direta com a utilização de aparatos tecnológicos, o que nem sempre é necessário. Inclusive essa associação vem sendo amplamente discutida dentro do meio educacional e Cristina reflete sobre o uso de ferramentas digitais, como tablets e celulares, dentro das escolas: “Em alguns momentos planejados e estruturados, o uso de tecnologia permite conexões com aquilo que não é possível conectar fisicamente. Estimula, abre os horizontes e coloca os estudantes em contato com algo que vai além da sua realidade diária”.
A especialista acrescenta que o ideal é integrar o digital ao processo de ensino e aprendizagem, auxiliando consequentemente na formação de profissionais especializados na área. “Se a tecnologia vier dentro de um contexto estruturado, será muito bem-vinda, mas é importante mencionar também que ela não é necessária para que conceitos computacionais super importantes sejam trabalhados na escola”, finaliza a especialista.
Sobre a UpMat Educacional: A UpMat Educacional é uma empresa que atua na Educação Básica a partir de conteúdos em Matemática, Computação, Pensamento Computacional, raciocínio lógico e estratégias de solução de problemas. Com acesso ao que há de mais moderno na Educação Matemática e Computacional do mundo, a companhia ajuda a melhorar a performance de crianças e de jovens de um jeito divertido, diferente e desafiador. Os conteúdos que chegam a centenas de milhares de alunos e de escolas são estruturados em duas iniciativas, sendo elas: Canguru de Matemática Brasil e Desafio Bebras. Além disso, a UpMat faz parte de associações internacionais – Associação Kangourou sans Frontière (França) e Associação Bebras (Lituânia).